Representação
viva do Natal
Nem
tudo se repete
Num
orfanato preparou-se a representação viva do presépio com as suas cenas da
noite de Natal.
Os
pequenos órfãos ensaiaram tudo muito bem.
Havia
quem fazia de Maria, de José, de anjos, de pastores e outros habitantes de
Belém.
Um
miúdo, que sofria de algum atraso mental, ficou com o papel, simples e pequeno,
de porteiro da estalagem que devia fechar a porta à sagrada Família.
No
dia da apresentação da peça a sala estava cheia e as crianças nervosas, pois
queriam mostrar o seu melhor.
Quando
José bateu à porta da hospedaria à procura de alojamento viu-se mesmo que os
atores estavam habituados a essas cenas de pedir e ser recusado…
O
miúdo que fazia de porteiro abriu então a porta e disse, como previsto, que não
havia lugar, pois a hospedaria estava repleta… E ficou a olhar para Maria e
José que tristes e desolados se mantinham à sua frente.
Então
o miúdo, comoveu-se, os seus olhos encheram-se de lágrimas, não fechou a porta
como aprendera no ensaio, mas disse com toda a sinceridade:
-
Entrem, entrem. Não podem ficar aí ao frio nessa situação… Eu posso dormir no
chão… entrem, entrem…
Houve
um grande silêncio na sala… Os atores comovidos paralisaram… a assembleia
começou a aplaudir emocionada, ninguém aguentou as lágrimas e o espetáculo
ficou por ali.
A
peça foi um êxito, apesar de não ter sido fiel ao guião nem à memória do que se
passou na primeira noite de Natal.
Toda
a gente percebeu que ninguém pode ficar indiferente ao Natal.
Na
sua inocência, aquele pequeno deficiente tinha dado uma grande lição de amor:
Mesma a brincar ou a representar, não podemos recusar fazer o bem, seja a quem
for.
Se
fizermos tudo com atenção e dedicação, não desprezaremos ninguém e todos serão
bem acolhidos e servidos.
E
Deus continua a surpreender-nos através dos mais pequenos, simples e humildes.
Feliz Natal.
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