sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pai Nosso de Teilhard de Chardin

O Pai Nosso de cada dia (126)

Pai
Pai, que tiraste do nada o Universo e o encheste com o Teu sopro, fizeste com que, desde as minúsculas partículas até ao homem, tudo procurasse unir-se pela tua força de atracção e convergir para o pólo que incendeia o mundo, Cristo, o Ponto Ómega

Nosso
Nosso, porque somos irmãos do Teu Filho, Jesus Cristo, a quem confiaste toda a Criação e se tornou Homem, como nós, para connosco selar a Eterna Aliança, pensada desde todos os tempos, pela qual Tu quiseste que o Homem fosse Deus

que estais nos céus
no céu, que não é lugar nenhum, porque o lugar que ocupas é o infinito sem espaço nem tempo; mas é antes o Teu pensamento, o Teu plano de Pai, abrindo os braços para neles receberes tudo o que para Ti converge por Amor

santificado seja o vosso nome
o Teu nome é Pai, e é santificado quando nós, Teus filhos, por ele chamamos, absolutamente confiantes que Tu nos escutas

venha a nós o vosso reino
o Teu reino é tudo o que se está criando a cada instante, no Universo e em cada um de nós, pelo esforço e pelo amor; ele virá a nós se construirmos, com Cristo e para Cristo, o seu Corpo Místico, feito de todos nós e de toda a Terra

seja feita a vossa vontade
a Tua vontade que, pela Tua graça, nos ajudas a descobrir em cada instante, é a Santa Evolução; e que, pelo bem supremo que deste à humanidade, a liberdade, podemos amar ou recusar

assim na terra como no céu
aqui, na terra, o lugar de o homem realizar a Tua vontade, quando a ama e reconhece como única via de felicidade, para que o Teu plano, traçado no céu, assim se cumpra

o pão nosso de cada dia
que o homem faz com as suas mãos, usando tudo o que vê desenvolver-se sobre a terra, e que a sua inteligência reflexiva valoriza e faz progredir irreversivelmente;

nos dai hoje
mas que é também a graça, Pai, que Tu nos dás e sem a qual somos incapazes de distinguir o verdadeiro alcance do nosso labor, o sentido do pão que é para todos

perdoai-nos as nossas ofensas
sobretudo quando, ao tactearmos os caminhos, aprendemos a distinguir o mal do bem, e acabamos por fazer a escolha errada

assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
como é difícil este mandamento, como a todo o momento nós esquecemos que amar é dar, é dar sempre (que é o que quer dizer per-donare); é dar a quem não dá, percebendo as razões desse não dar

e não nos deixeis cair em tentação
sendo a maior de todas a recusa: recusa de com os outros construir, recusa de amar, recusa de perdoar, recusa de Te escutar

mas livrai-nos do mal
do mal que vem de fora, os cataclismos, as violências, as doenças, que vamos aprendendo a dominar mas que nos arrasam, nos destroem, nos podem impedir de progredir material e espiritualmente; e do mal que vem do nosso coração, a recusa do outro, o desânimo, a intolerância, a impaciência; em todos os casos, livra-nos da perturbação…

Ámen



Texto adaptado de António Paixão

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