Memória de
São João da Cruz, 1542-1591
Presbítero e Doutor da Igreja
A
– São João da Cruz estando preso era livre.
Toledo,
3 de dezembro de 1577. Noite cerrada. Um frade chamado João da Cruz foi levado
à força para o convento carmelita. Ele estava com os olhos vendados. Esperam-no
oito meses que serão morte e vida para ele. Ali, numa cela de 2,70 por 1,60
metros, sem janela, com duas mantas velhas e o imobiliário reduzido a um banco,
pão e água duas vezes ao dia, jejum obrigatório três vezes na semana, açoitado
regularmente batido até abrir a carne das costas, nasceu o maior poema de amor
de todos os tempos: o Cântico Espiritual. Na prisão esteve livre, por isso
escolheu cantar e amar.
B
– A Chama do Amor Vivo
São
João da Cruz escreveu para ensinar a percorrer o caminho de seguimento de
Cristo e ultrapassar as dificuldades desse caminho. Na Chama de Amor Vivo
descreve as etapas ou fases do amor de Deus em nós:
1-
Não basta saber que Deus te ama, é preciso sentir que Deus te ama. É preciso
experimentar esse amor.
2-
Sabes que te ama sem algum interesse, sem esperar nada em troca, não porque tu
o mereces, mas porque ele é bom e generoso.
3-
Descobres que o seu amor te une e iguala a ele, faz-te participante na sua vida
e glória.
4-
Descobres o verdadeiro nome de Deus – Javé – Eu sou para ser teu e para ti e
gosto de ser tal como sou por ser teu e para dar-me.
C – Embora
seja noite
Poema de São
João da Cruz que a Liturgia das Horas propõe para hino do Ofício de Leitura de
sábado do tempo comum.
Bem eu sei a fonte que mana e corre
Embora seja noite
Aquela eterna
fonte não a vê ninguém
E bem sei
onde é e donde vem,
Embora seja
noite.
Não sei a fonte
dela, que não há
Mas sei que
toda a fonte vem de lá,
Embora seja
noite.
Não pode haver,
eu sei, coisa tão bela
E terra e
céus beleza bebem dela,
Embora seja
noite.
Porque não pode
ali o fundo achar,
Sei que
ninguém a pode atravessar,
Embora seja
noite.
A claridade sua
não escurece
E sei que
toda a luz dela amanhece,
Embora seja
noite.
Tão caudalosas
são suas correntes
Que regam
céus, infernos e as gentes,
Embora seja
noite.
E desta fonte
nasce uma corrente
E bem sei eu
que é forte e omnipotente,
Embora seja
noite.
Das duas a
corrente, que procede
Sei que
nenhuma delas a precede,
Embora seja
noite.
E esta eterna
fonte está escondida
Em este vivo
pão a dar-nos vida,
Embora seja
noite.
Aqui está a
chamar as criaturas
Que bebem
desta água e às escuras,
Porque é de
noite.
Esta viva
fonte que desejo,
Em este pão
da vida, aí a vejo,
Embora de
noite.
D – Ver
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