Última Entrevista na Madeira
Um
dos fundadores do Colégio Missionário do Funchal
Pe.
Ângelo Colombo
“A
Madeira continua a dar importante
contributo à
obra missionária mundial”
No
passado dia 17 de outubro, o Colégio Missionário do Funchal celebrou os
quarenta e um anos da sua fundação. No ano de 1947 estavam na Madeira aqueles
que iriam ser os obreiros deste Colégio, sendo o Pe. Ângelo Colombo um dos seus
dinamizadores. Volvido todo este tempo este sacerdote italiano que durante
vários anos trabalhou na Madeira aqui regressou para estar presente nas
comemorações desta efeméride que hoje se realizam…
O
Pe. Colombo nesta hora de regresso momentâneo à Madeira recorde-nos como nasceu
o Colégio Missionário do Sagrado Coração de Jesus:
-
Quando aqui chegamos em 1947, a nossa missão específica era criar um seminário
para a formação de futuros missionários que iriam exercer a sua atividade em
Moçambique. Nessa altura fomos muito bem acolhidos pelo então bispo da diocese
D. António Ribeiro que em princípio nos indicou o Pe. Laurindo, na altura
pároco de santa Maria Maior, e que se preparava para fundar a Escola de Artes e
Ofícios do Funchal. A obra ia surgir e necessitava de orientação pelo que o
então Prelado da Diocese pensou que nós seríamos as pessoas indicadas para o
efeito. Passados seis meses compreendemos que esse não era o melhor campo para desenvolver
o nosso trabalho específico.
Após
algumas dificuldades naturais para quem começa uma obra, decidimos alugar uma
casa, para instalarmos um seminário onde os jovens se preparassem para as
missões. Encontrámos então, uma quinta, propriedade do Sr. Dr. Jacinto Gomes
Henriques, e situada no Caminho do Monte, que nos servia perfeitamente.
Assim
e após as necessárias adaptações, tivemos a grande alegria de vermos o nosso
sonho tornar-se realidade, com a solene inauguração do denominado Colégio
Missionário do Sagrado Coração de Jesus, no dia 17 de Outubro de 1947. D.
António Pereira Ribeiro presidiu à primeira missa aqui celebrada dando-nos
também incentivo para prosseguirmos a obra.
-
E o Colégio Missionário como cresceu?
-
Ao longo destes quarenta e um anos, este Colégio passou por muitas
transformações, como é natural. Todavia desde a primeira hora que tivemos o
total apoio dos madeirenses. Encontramos na Madeira, gente maravilhosa, que nos
apoiava em todos os momentos encorajando-nos a superar as dificuldades. Nós
quando chegamos ao Funchal, apenas trazíamos cinquenta escudos, mas uma enorme
vontade de trabalhar pelo Reino do Coração de Jesus.
Quero
ainda referir o trabalho desenvolvido pelo então Bispo da Diocese D. António
Ribeiro, que nos tratou tal como um pai trata os seus filhos. Depois houve a
especial ajuda dos grupos missionários dos arredores da nossa casa, que
começaram a se entusiasmar com a nossa obra, contribuindo decisivamente para o
crescimento desde seminário.
Ouras
entidades colaboraram connosco como por exemplo o “Jornal da Madeira” que nessa
época publicou diversos artigos e reportagens a nosso respeito encorajando-nos
em todos os sentidos.
- Dos primeiros alunos entrados para o Colégio Missionário, quantos concluíram
o curso?
-
Foram cinco os madeirenses que viriam a ser ordenados presbíteros e que
atualmente trabalham tanto em Portugal, como em Moçambique. Foram eles um belo
exemplo para os muitos que nestes últimos anos se formaram neste Colégio.
-
Quanto a vocações sacerdotais, na vossa congregação, elas aumentaram?
-
Quando o Colégio Missionário abriu as suas portas muitos foram os que nele
entraram. Muitos concluíram o seu Curso. Depois houve uma certa crise
vocacional nos anos sessenta, mas agora a situação parece estar a melhorar, até
porque temos visto que nestes últimos tempos surgiram vários sacerdotes
dehonianos madeirenses. Atualmente está neste colégio, um bom núcleo de jovens
que se preparam para o futuro, como missionários. Espero que eles possam
continuar a ser corajosos de modo a enfrentarem sem desânimo o futuro.
-
Neste Dia Mundial das Missões, que mensagem quer dirigir aos madeirenses, em
especial?
-
Queria endereçar uma mensagem de encorajamento. Que as famílias nunca receiem
dar os seus filhos para o serviço das missões. Que não tenham medo de serem
verdadeiros apóstolos de Cristo no mundo.
O
meu desejo é que a Madeira continue a ser um centro vocacional de primeira
qualidade como sempre foi.
(In Jornal da Madeira, Domingo 22 de outubro
de 1989, página 20)
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