Neste
Ano da fé, ao assinalarmos o dia do falecimento do Papa Paulo VI em 1978,
podemos contemplar a sua fé, a sua santidade e a sua memória.
a)
A FÉ
“Fidem
servavi” (conservei a fé): nesta expressão paulina, pronunciada poucos dias
antes da morte, está condensado todo o pontificado de Paulo VI.
A
fé, disse Paulo VI, é “a adesão do espírito, intelecto e vontade a uma verdade”
que se justifica “pela autoridade transcendente de um testemunho ao qual não
apenas é razoável aderir, mas intimamente lógico, por uma estranha e vital
força persuasiva, que torna o ato de fé extremamente pessoal e satisfatório”.
Foi
este Papa o primeiro a proclamar um ANO DA FÉ no centenário do martírio dos
Apóstolos Pedro e Paulo, em 1968. Na celebração conclusiva Paulo VI proclamou
um credo que ficou conhecido como o CREDO DO POVO DE DEUS.
b)
A SANTIDADE
Em
07/12/1975, Paulo VI recebia em Roma a delegação da Igreja Oriental, para
comemorarem juntos o décimo aniversário da retirada das excomunhões. O
Papa beijou os pés do patriarca Meliton da Calcedônia, que chefiava a
delegação. E um jornalista de Atenas, muito impressionado, disse: “Só um grande
homem pode humilhar-se assim”! Ao que acrescentou o patriarca: “Só um santo, só
um santo pode agir desta maneira”! Papa Paulo VI, “grande santo”.
c)
A MEMÓRIA
“Paulo que foste Pedro e Pedro que foste Paulo,
Tu que na terra tiveste “outro que te cingisse” e que na mesma terra
percorreste largos caminhos nunca por teus predecessores andados, descansa
agora da tua angústia, do teu sentido da urgência, do teu imenso cuidado e do
peso grande das chaves que em tuas frágeis mãos levavas.
Tu que, prevendo embora o final que se
avizinhava, foste arrebatado, quase no instante que dura o relâmpago rasgador
da treva, o dia da memória da Transfiguração do Senhor, recebe agora a infinita
luz da Sua eternidade.
Tu que viveste, não raro, no meio dos homens,
em alturas solitárias só poucos ou mesmo a nenhum deles acessíveis, habita
agora no seio da Família Divina, na comunhão de todos os santos, para sempre.
Tu que não foste nem compreendido, nem
admirado nem amado, na medida em que de tanto eras merecedor, sê agora aceite
por Aquele que, “coroando os nossos méritos, é a Sua graça que Ele coroa
também”.
Tu que amaste a Igreja como esposa, mãe e irmã
e que lutaste, incansável, pela sua unidade, a um tempo, mais estreita e mais
larga, intercede agora, junto daquele que é “tudo em todos” para que o grande
voto do seu Fundador e “Pastor eterno” se torne realidade cada dia mais viva e
mais atuante.
Tu que olhaste a Terra como autêntico cidadão
do mundo, reza a Deus, Senhor do Tempo e Senhor da História, que te levou cheio
de anos e cheio de experiência, para que essa mesma Terra se torne um espaço
habitável para todos os seus filhos…”
(Manuel Antunes, Linhas mestras de um
pontificado, na morte de Paulo VI, in Brotéria, vol 107, nº 4, outubro 1978,
página 243-261)
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