terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Vicente vencedor



Vitória post-mortem

-"Se não pude vencê-lo vivo, ao menos castigá-lo-ei morto" -- exclamou Daciano ao tomar conhecimento da morte de seu supliciado Vicente.
Ordenou então que o cadáver venerável do mártir fosse jogado em campo raso, a fim de ser devorado por feras e aves.
Deus, porém, mais uma vez velou pela honra e glória de seu fiel servo. Um corvo, pousado próximo aos despojos de Vicente, afugentou aves e até mesmo um lobo, que deles se aproximaram.
-"Penso que já nem morto poderei vencê-lo" -- lamuriou-se o despótico juiz, quando se inteirou do novo e estupendo milagre. E determinou: "Ao menos, que os mares cubram sua vitória".
Assim, encerrado o cadáver dentro de um saco, foi conduzido até alto mar e lançado às ondas.
Novamente a Providência Divina não permitiu que aquela preciosa relíquia se perdesse. O cadáver foi levado milagrosamente à praia, e as areias incumbiram-se de proporcionar um túmulo para sepultar o precioso corpo, encobrindo-o para resguardá-lo da cruel perseguição pagã.
Mais tarde quiseram transladar as suas relíquias até à cidade de Lisboa. A embarcação foi sempre acompanhada por dois corvos, como dois guardiões, não fosse alguém fazer mal a quem nunca conseguiram vencer.
De fato, Vicente quer dizer aquele que vence ou vencedor.

Alguém dizia: Há mártires porque há gente cruel.
Não, repondo eu. Há mártires porque há gente corajosa.
Não se pode dizer que há mártires porque há perseguidores, mas sim há perseguidores porque há gente heroica, fiel e corajosa.

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