quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Gonçalo de Amarante

Hoje a Igreja propõe-nos a Memória Facultativa do Beato Português, Bem-aventurado Gonçalo de Amarante.
 
Do Pe. António Vieira, Sermão de São Gonçalo de Amarante, pregado na Baía, a 10 de janeiro de 1682:
“Mas se os Sermões de S. Gonçalo todos eram encaminhados à doutrina dos ouvintes, e não é licito faltar à imitação do Santo no seu próprio dia; que doutrina posso eu tirar deste Sermão, que seja acomodada aos que me ouvem?
Hei-de exortá-los a que sejam bons Pastores, como S. Gonçalo? Isto pertence aos Eclesiásticos.
Hei-de exortá-los a que vão em peregrinação ao Brasil, a Jerusalém? Assaz peregrinos são os que tão longe se desterraram da pátria.
Hei-de exortá-los a que façam milagres? Basta que sejamos Santos sem aspirar à canonização.
Que doutrina será bem logo a que tiremos da vida, e obras de S. Gonçalo?
 
A primeira que me ocorria muito útil, e muito necessária, é que o imitássemos em fazer pontes.
São Gonçalo fez pontes (por exemplo sobre o rio Tâmega, em Amarante, ligando as duas margens junto ao convento).
E continua a manter essas pontes, mesmo depois da morte:
Alguns anos depois de morto, S. Gonçalo em ocasião de uma extraordinária tempestade vinha tão cheio, e furioso o Rio Tâmega, que não só levava envolto consigo quanto encontrava nas ribeiras, mas também nos montes. Entre outras cousas vinha atravessado na corrente um carvalho de tanta grandeza, que julgaram atónitos quantos o viam, que batendo o peso seu, e das águas a Ponte, arruinaria os arcos, e a derrubaria sem dúvida. S. Gonçalo, (gritaram todos) S. Gonçalo, acudi à vossa Ponte: eis que no meio destes clamores vêem sair da Igreja um Fradinho vestido de branco com o manto negro, e um cajadinho na mão, o qual voando pelo ar ao Rio, lançou a volta do cajadinho a um ramo do tronco, e fazendo-o encanar, e embocar direito pelo olho do arco maior, ele passou precipitado com a corrente, e a Ponte sem dano, nem perigo ficou tão firme, e inteira como fora edificada. Com iguais clamores, e triunfos deram todos graças a S. Gonçalo que pelo Hábito, e lugar donde saíra visivelmente, se lhe manifestou com era.
 
Segundo exemplo a copiar de S. Gonçalo:
E sendo a sua vida e morte uma perpétua imitação de Cristo; foi cousa maravilhosa, que assim como nascido tomou por exemplar a Cristo morto na cruz, assim morrendo imitou ao mesmo Cristo nascido no Presépio. Morreu enfim S. Gonçalo entregando a Alma nas mãos da Rainha dos Anjos, de que foi devotíssimo, e se achou presente a seu felicíssimo trânsito; e tanto que expirou, se ouviu no ar uma voz, que dizia: Ide todos ao enterro do Santo. Concorreram todos, e o leito em que acharam defunto o sagrado corpo, foi deitado no chão sobre umas palhas. Assim acabou na morte imitando a Cristo nascido no Presépio, quem assim desde seu nascimento tinha imitado a Cristo morto na Cruz. Oh ditoso nascer, e ditoso morrer! Oh ditoso começar, e ditoso acabar! Este foi o último exemplo, que S. Gonçalo deixou ao mundo, e com que deixou o mundo, que todos também havemos de deixar. E pois o não imitamos no nascimento, ao menos comecemos desde este dia seu ao imitar na morte, trazendo sempre diante dos olhos o fim da vida, para que por seus merecimentos, e intercessão, consigamos a vida sem fim. Àmen.”
 
Conclusão:
Podemos ser como São Gonçalo.
Basta lançar pontes e conservá-las, pois amar é lançar pontes de união. Já alguém disse que amar é criar laços. Hoje São Gonçalo diz-nos que amar é lançar pontes. Amar a Deus é estar unido por essa ponte. Amar os irmãos é manter pontes de comunicação e união.
Podemos também seguir São Gonçalo imitando Jesus Menino que nasceu como nós para que nós possamos viver como ele.

Sem comentários: