Hoje a Igreja propõe-nos a Memória Facultativa do Beato Português, Bem-aventurado Gonçalo de Amarante.
Do
Pe. António Vieira, Sermão de São Gonçalo de Amarante, pregado na Baía, a 10 de
janeiro de 1682:
“Mas
se os Sermões de S. Gonçalo todos eram encaminhados à doutrina dos ouvintes, e
não é licito faltar à imitação do Santo no seu próprio dia; que
doutrina posso eu tirar deste Sermão, que seja acomodada aos que me ouvem?
Hei-de
exortá-los a que sejam bons Pastores, como S. Gonçalo? Isto pertence aos
Eclesiásticos.
Hei-de
exortá-los a que vão em peregrinação ao Brasil, a Jerusalém? Assaz peregrinos
são os que tão longe se desterraram da pátria.
Hei-de
exortá-los a que façam milagres? Basta que sejamos Santos sem aspirar à
canonização.
Que
doutrina será bem logo a que tiremos da vida, e obras de S. Gonçalo?
A primeira
que me ocorria muito útil, e muito necessária, é que o imitássemos em fazer
pontes.
São
Gonçalo fez pontes (por exemplo sobre o rio Tâmega, em Amarante, ligando as
duas margens junto ao convento).
E
continua a manter essas pontes, mesmo depois da morte:
Alguns
anos depois de morto, S. Gonçalo em ocasião de uma extraordinária tempestade
vinha tão cheio, e furioso o Rio Tâmega, que não só levava envolto consigo
quanto encontrava nas ribeiras, mas também nos montes. Entre outras cousas
vinha atravessado na corrente um carvalho de tanta grandeza, que julgaram
atónitos quantos o viam, que batendo o peso seu, e das águas a Ponte,
arruinaria os arcos, e a derrubaria sem dúvida. S. Gonçalo, (gritaram todos) S.
Gonçalo, acudi à vossa Ponte: eis que no meio destes clamores vêem sair da
Igreja um Fradinho vestido de branco com o manto negro, e um cajadinho na mão,
o qual voando pelo ar ao Rio, lançou a volta do cajadinho a um ramo do tronco,
e fazendo-o encanar, e embocar direito pelo olho do arco maior, ele passou
precipitado com a corrente, e a Ponte sem dano, nem perigo ficou tão firme, e
inteira como fora edificada. Com iguais clamores, e triunfos deram todos graças
a S. Gonçalo que pelo Hábito, e lugar donde saíra visivelmente, se lhe
manifestou com era.
Segundo
exemplo a copiar de S. Gonçalo:
E
sendo a sua vida e morte uma perpétua imitação de Cristo; foi cousa
maravilhosa, que assim como nascido tomou por exemplar a Cristo morto na cruz,
assim morrendo imitou ao mesmo Cristo nascido no Presépio. Morreu enfim S.
Gonçalo entregando a Alma nas mãos da Rainha dos Anjos, de que foi devotíssimo,
e se achou presente a seu felicíssimo trânsito; e tanto que expirou, se ouviu
no ar uma voz, que dizia: Ide todos ao enterro do Santo. Concorreram todos, e o
leito em que acharam defunto o sagrado corpo, foi deitado no chão sobre umas
palhas. Assim acabou na morte imitando a Cristo nascido no Presépio, quem assim
desde seu nascimento tinha imitado a Cristo morto na Cruz. Oh ditoso nascer, e
ditoso morrer! Oh ditoso começar, e ditoso acabar! Este foi o último exemplo,
que S. Gonçalo deixou ao mundo, e com que deixou o mundo, que todos também
havemos de deixar. E pois o não imitamos no nascimento, ao menos comecemos
desde este dia seu ao imitar na morte, trazendo sempre diante dos olhos o fim
da vida, para que por seus merecimentos, e intercessão, consigamos a vida sem
fim. Àmen.”
Conclusão:
Podemos
ser como São Gonçalo.
Basta
lançar pontes e conservá-las, pois amar é lançar pontes de união. Já alguém
disse que amar é criar laços. Hoje São Gonçalo diz-nos que amar é lançar
pontes. Amar a Deus é estar unido por essa ponte. Amar os irmãos é manter
pontes de comunicação e união.
Podemos
também seguir São Gonçalo imitando Jesus Menino que nasceu como nós para que
nós possamos viver como ele.
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