II - Esta pátria amada, queridos rapazes, o nosso dever é servi-la
generosamente. Não é apenas um entusiasmo artificial e instável que se espera
de vós, é uma nobre e austera dedicação, é um labor constante e assíduo.
Deveis-lhe o serviço da oração, e quem
lho prestará a não ser vós, que sois, pelas vossas famílias e pela vossa
educação, da raça dos homens que rezam? Deveis-lhe o exemplo e a prática da fé
nas nossas igrejas, nas nossas orações solenes, nas nossas manifestações
destinadas a afirmar publicamente as crenças de um grande povo.
Vós deveis-lhe uma vida forte, uma vida
de homens de caráter e de trabalho.
As carreiras abertas à atividade humana
são diversas: um produz e outro troca; este administra, julga ou governa; este
outro defende a fronteira ameaçada; aquele outro desenvolve as ciências,
inventa instrumentos novos, cria livros, quadros, obras de arte.
A alma de toda a carreira, o princípio
que a honra e a fecunda, é a verdadeira coragem que se testemunha por um
esforço prudentemente meditado e nobremente mantido.
Os que vos precederam no ensino cristão são a
esperança e a salvação da França.
Sem dúvida, nem todos responderam às expetativas de
Deus e dos seus mestres, alguns prenderam-se às vaidades e às loucuras do
mundo, e a sua vida, levada com um resto de fé suficiente talvez para a sua
própria salvação, tornou-se no presente estéril para a pátria.
Muitos preparam-se no silêncio do trabalho e retomam
as tradições cristãs nas administrações, no exército, na magistratura e na
indústria.
Há quem se envolva na vida política e com êxito.
Outros revelam-se nos nossos congressos de economia caritativa, como salvadores
que nos trazem o segredo perdido da paz social e da união do trabalhador e do
patrão.
Vós os seguireis nestas carreiras.
Servireis a pátria na agricultura ou na indústria, nas
letras e nas artes, na guerra ou no apostolado.
Se estais à frente de um grupo de trabalhadores,
procurareis a solução cristã da grande questão social. Encontrareis
antecessores e modelos.
Há apenas quinze dias, o glorioso Pontífice Leão XIII,
num Breve que nos mostra a sua alta sabedoria e o seu zelo prático, apontava
aos patrões ávidos de desenvolvimento o nobre exemplo dos irmãos Harmel de
Val-des-Bois.
Se seguis a carreira das letras, encontrareis ainda
nas nossas universidades católicos (que DEUS as conserve!) uma orientação para
os vossos generosos esforços e uma atmosfera de paz e de luz sobrenatural
admiravelmente favorável ao trabalho.
Se não vos for dado produzir por vossas mãos
obras-primas de arte nacional, podereis com as vossas dádivas generosas apoiar
a grande arte religiosa que renasce.
Será menos patriota da cidade, o Mecenas cristão que
faz renascer, por assim dizer, a nossa esplêndida basílica, descobrir sob a
poeira que a cobria, e mostrar aos olhos admirados e encantados, um dos mais
gloriosos monumentos da arte nacional?
Se a pátria tem necessidade do vosso sangue, vós
tendes ainda modelos no ensino cristão.
Nas outras carreiras, os vossos antepassados chegaram
só ao desenvolvimento completo por mérito próprio.
É melindroso elogiar os vivos; é fácil falar dos
mortos.
DEUS quis colher algumas flores escolhidas neste campo
da educação cristã.
Os acontecimentos providenciais da última guerra foram
a oportunidade. Abramos os anais. Os alunos das instituições católicas
preenchem as suas mais belas e mais gloriosas páginas.
Primeiro é esse batalhão de elite de voluntários do oeste,
que tivemos a honra de conhecer e de apreciar durante uma longa estadia em
Roma.
Se o ideal do patriotismo religioso alguma vez se
realizou, foi por meio destes nobres filhos da França.
“Seria necessário, dizia um general, voltar até às
cruzadas para encontrar gente de armas de tal natureza. A sua bravura
brilhante, a sua abnegação silenciosa, a sua atitude ufana e respeitadora
provocaram a admiração do exército.” O inimigo temia-os e admirava-os.
A batalha de Loigny seria suficiente para imortalizar
um regimento da linha da frente. Os soldados pontifícios aí foram heroicos.
Eram apenas 350 e 207 ficaram no campo de batalha.
A 10 de Janeiro, perto de Mans, os zuavos
distinguiram-se também. O general Gougeard, passando à tarde pela sua frente de
batalha, diz-lhes com voz vibrante: “Soldados, vós sois bravos, hoje salvastes
o exército”.
Quando, no mês de Agosto de 1871, os soldados
pontifícios foram dispensados, o ministro da guerra dirige-lhes uma ordem de
serviço onde se liam estas palavras: “O exército agradece-vos pela minha voz.”
Mas deixai-me fazer desfilar diante dos vossos olhos
algumas destas heroicas figuras descritas nas notícias publicadas pelos
colégios eclesiásticos ou de congregações religiosas de Besançon, de Nîmes e de
Toulouse, e pela escola Santa Genoveva de Paris.
Surge em primeiro lugar Emanuel de Beaurepaire, aluno
da Escola Santa Genoveva, subtenente na 67ª linha, uma das primeiras vítimas da
batalha de Forbach.
Ele lia habitualmente a Vida Devota de São Francisco de Sales, rezava o terço e abeirava-se
da Sagrada Comunhão nas festas principais. Sereis tentados a pensar que estas
devoções não condizem bem com o espírito militar. O general Ducrot, depois de
uma inspeção, avaliava assim Emanuel: “Jovem culto, conhecedor do seu ofício,
de excelentes maneiras, oficial com futuro.” Uma bala atirou para o túmulo o
futuro deste brilhante oficial, mas a sua alma está no céu na legião dos
mártires do patriotismo cristão.
Da fronteira, Emanuel escrevia à sua irmã: “Como é
preciso estar sempre preparado, saberás minha querida Paulina, que na casa do
valente padre de Mourmelon lavei a minha roupa suja antes de deixar o campo.
Agora as malas estão fechadas e, se preciso for, estou pronto para tomar o
bilhete da grande viagem sem retorno” JESUS CRISTO deu-lhe esse bilhete, depois
da comunhão que fez de novo a 5 de Outubro. Um chefe de esquadra do
Estado-maior disse de Emanuel: “No nosso ofício e sobretudo em campanha, frente
à morte, estes jovens, que não se importam somente com a recompensa, mas
sobretudo com a sua consciência, são os únicos capazes de fazer completamente
bem até ao fim.”
- O capitão Henrique de Falaiseau, outro aluno da
escola Santa Genoveva, foi atingido por uma bala num dos últimos combates do
malogrado exército do Este, a 29 de Janeiro de 1871.
Antes da guerra, ele escrevia: “Tornar-se um militar
bravo como a lâmina da sua espada, cristão como estes homens velho rochedo, de
uma moral exemplar, eis o ideal que persigo e que enche todas as minhas
esperanças.”
E durante a campanha: “Como práticas religiosas, sou
assíduo nas minhas orações da manhã e da noite; leio quase todos os dias um
capítulo da Imitação. Escusado será
dizer que ao domingo participo na missa; e que me abeiro frequentemente da
sagrada Mesa.”
Morto, encontravam-se sobre ele as suas medalhas, o
seu escapulário e a Imitação. E o
chefe de Estado-maior escreveu: “A França perde um valoroso oficial; os seus
chefes acabam de fazer sobre ele um relatório que faz que o lamentemos ainda
mais, se é possível.”
- O capitão Renaud de la Frégeolière era antigo
aluno de São Francisco Xavier de Vannes. Na batalha de Bapaume, causou a
admiração dos seus marinheiros.
Os projéteis choviam à sua volta; Confessa-se no campo
de batalha e, segurando a mão do padre diz: “Obrigado, meu bom padre; a minha
mãe ficará feliz. Ela é tão piedosa, a minha mãe!” Depois disso, escutai-o a
gritar para os seus heroicos marinheiros: “Vamos, rapazes, em frente! É DEUS
quem nos guia.” A cavalaria inimiga cerca-os gritando: “Entreguem-se, marinheiros,
entreguem-se!”
- “Marinheiros, não se entreguem, responde Renaud.
Viva a França!”
Quem não quer render-se deve morrer: Renaud morreu,
deixando à sua pátria a esperança do fruto do seu sacrifício.
Eu poderia citar centenas que brilharam com um vivo
fulgor entre a elite da França.
Eis os frutos desta seiva de patriotismo dos que vos
precederam no ensino cristão.
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