É
pela centésima quinquagésima quinta vez que a Igreja Universal celebra a Festa
do Coração de Jesus.
Foi
o próprio Senhor que manifestou a Santa Margarida Maria o desejo de que o seu Coração
fosse honrado publicamente por uma festa especial. Foi isto no ano de 1675. Eis
como a religiosa de Paray-le-Monial se exprime:
“Estando
eu diante do Santíssimo Sacramento, num dia da sua oitava, recebi do meu Deus
graças excessivas de amor. Sentindo-me movida pelo desejo de lhe corresponder
dalgum modo e pagar-lhe amor por amor, disse-me: Não podes dar-me maior prova
do teu amor do que fazendo o que já tantas vezes te pedi, e, descobrindo-me o
seu coração disse – eis aqui o Coração que tanto amou os homens, que a nada se
poupou até se esgotar e consumir para lhes mostrar o seu amor, e por
reconhecimento não recebo da maior parte senão ingratidões, pelos desprezos,
irreverências, sacrilégios e friezas com que me tratam neste Sacramento de
amor. Mas o que me é ainda mais doloroso é que são os corações que me são
consagrados que assim procedem. É por isso que te peço que a primeira
sexta-feira depois da oitava do Corpo de Jesus seja dedicada a uma festa
particular para honrar o meu Coração, comungando nesse dia e oferecendo-lhe
desagravos por actos de reparação, para expiar as indignidades que recebeu
durante o tempo, que esteve exposto nos altares. Prometo-te que o meu Coração
se há-de dilatar para difundir com abundância os efeitos do seu divino amor
sobre todos aqueles que lhe prestarem esta homenagem e que fizerem com que
touros lha prestem.”
Santa
Margarida Maria bem como o seu director espiritual São Cláudio de La Colombière
começaram logo com fervor e dedicação os seus esforços para realizar o desejo
de Nosso Senhor manifestara. Encontraram grandes obstáculos tanto dos
Janseistas, como da parte do Superior Geral da Companhia de Jesus e da Ordem da
Visitação. A maior dificuldade vinha certamente da Santa Sé.
Várias
tentativas em 1686, 1697, 1707, mas nunca felizes.
Entretanto
alguns Bispos já tinham permitido a celebração da festa nas suas dioceses.
A
Sagrada Congregação dos Ritos concedeu no dia 6 de Fevereiro de 1765 a
celebração da Festa para o reino da Polónia.
O
que resulta com clareza de todas estas vicissitudes históricas é que a Santa Sé
para estabelecer a devoção ao Coração de Jesus não quis basear-se na revelação
privada de Paray-le-Monial mas nos fundamentos que lhe fornecem a Sagrada Escritura
e a Teologia.
Depois
desta primeira aprovação oficial pela Santa Sé vinham de toda a parte pedidos
para que o privilégio concedido à Polónia se tornasse extensivo a outras
nações.
D.
Maria Francisca obteve aos 7 de Julho de 1779 que a Festa se celebrasse em
Portugal com rito duplo de primeira classe. Tratava-se sempre de privilégios.
Pio
IX acolheu benignamente a súplica dos Bispos franceses e tornou a festa obrigatória
para toda a Igreja com rito duplo maior, em 23 de Agosto de 1856
Hoje,
não é de recear que de facto o coração deixe de servir como símbolo para evocar
o amor; nada impede porém que sem suprimir o símbolo ponhamos mais o acento no
amor.
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