É teu irmão
Recordo a
experiência do antigo Superior Geral dos Dehonianos, hoje bispo na Argentina, D.
Virgínio Bressanelli:
“Nasci na húmida
pampa argentina: uma planície verde, cujo único limite ou fronteira é a linha
infinita do horizonte. Ali cresci até aos seis anos, relacionando-me apenas com
a minha família e com as outras quatro famílias vizinhas. Éramos os únicos que
habitávamos, por vários quilómetros, essa imensa solidão. Éramos famílias
numerosas, por isso, tive a sorte de ver nascer vários irmãos e vizinhos.
De cada vez que,
numa dessas famílias, nascia um bebé, cumpria-se uma espécie de ritual. Mesmo
quando era muito pequeno, ia ver o recém-nascido no berço e beijá-lo; depois,
um adulto pegava nele com cuidado e colocava-o nos meus braços, ao mesmo tempo
que me animava e dizia:
- Toma-o; é teu
irmão. Não tenhas medo!
O mesmo se
cumpria com as outras crianças presentes. Um calafrio percorria o meu corpo e
eu sentia uma dupla sensação: a da fragilidade (do bebé e minha), e uma
profunda alegria.
Hoje esses
sentimentos voltam a repetir-se sempre que tomo m bebé nos braços. Mas ressoa
também o eco da voz mais velha:
- Toma-o; é teu
irmão. Não tenhas medo!”
Que cada ser
humano possa rever-se, junto do presépio, nesta fragilidade, fraternidade,
alegria e esperança.
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