terça-feira, 16 de março de 2010

Via-sacra (8)


A Via-Sacra das Cores
E as Cores da Via-Sacra

1ª Estação – Jesus é condenado à morte
COR DE PÚRPURA
Ao amanhecer daquele dia, com o céu em cor de púrpura, Jesus é manietado, açoitado e coroado de espinhos. Aos ombros põem-lhe um manto de púrpura e ridicularizam-no. É assim que condenam um inocente.
A cor púrpura representa a maldade, a ironia e o ódio dos que condenam Jesus.
É assim que começa o caminho do calvário, com vermelho de púrpura como sinal proibido.
Ao iniciarmos esta via-sacra das cores, saibamos discernir as cores de todos os sinais de trânsito desta via dolorosa para podermos, tal como o arco-íris ligar a terra ao céu.

2ª Estação – Jesus carrega a sua cruz
CINZENTO O dia começa cinzento, triste. O dia chega juntamente com uma cruz, mas para chegar à luz gloriosa da ressurreição é preciso passar pelo cinzento da cruz. Depois dos dias cinzentos e das nuvens mais sombrias, surge sempre o sol brilhante.
Jesus, ao carregar a sua cruz, lembra-nos assim que quem não abraçar a cruz nunca chegará à Páscoa da Ressurreição. Lembra-nos também que é preciso passar pela cruz para transformar os dias cinzentos em dias luminosos.

3ª Estação – Jesus cai pela primeira vez
CASTANHO
Jesus, com a cruz aos ombros, cai por terra. O corpo prostrado fica da cor da terra. Caído no chão Jesus lembra-nos duas realidades:
Primeiro lembra aos homens que são pó e ao pó hão-de voltar.
Em segundo lugar lembra-nos que Ele assim caído é pó, mas em Homem Novo ressuscitado se há de tornar.
Apesar de sermos pó, somos chamados a aspirar aos dons do alto. Apesar de às vezes cairmos e nos sujarmos na lama, Jesus dá-nos a força para nos levantarmos e prosseguirmos o caminho na sua companhia.

4ª Estação – O Encontro de Jesus com sua Mãe
AZUL
Na caminhada dolorosa surge um rasgo do céu. Jesus encontra Maria, sua mãe, e o ambiente sombrio se veste de azul. A Virgem Imaculada foi sempre conotada com a cor azul. É a cor do céu limpo, é a cor do mar infinito.
Nos caminhos da nossa vida haverá sempre ocasião para contemplar o mesmo azul celeste. A Virgem Maria protege-nos sempre, como abóbada celeste.

5ª Estação – Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz
AMARELOE no azul fica sempre bem o ouro. Depois do encontro com a Sua mãe, Jesus foi ajudado por Simão de Cirene. Isso foi ouro sobre azul.
O amarelo do ouro brilha mais quando a generosidade é genuína, quando o ouro é provado no crisol.
Quem ajuda um necessitado só pode ter um coração de ouro. Pintemos assim desta cor o nosso coração.

6ª Estação – Verónica limpa o rosto de Jesus
COR-DE-ROSAUma mulher, cheia de coragem, mas com toda a sensibilidade, aproxima-se de Jesus e limpa-lhe o rosto. Jesus reconhece esse toque sentimental, essa tonalidade feminina e no tecido fica estampado o perfil do seu rosto.
Por entre espinhos e agraços surge assim uma tonalidade rosa.
A cor-de-rosa deixou apenas de ser uma cor sentimental ou feminina, mas passa a ser sinal de coragem e de generosidade.
E Jesus faz com que este gesto fique perpetuado como memória e como estímulo para que a ninguém falte esse toque de atenção.

7ª Estação – Jesus cai pela segunda vez
BORDÔ
Jesus cai pela segunda vez. A perda de sangue, o cansaço, o peso da cruz, a fraqueza e as imprecações atiram-no por terra. E eis que o sangue, o pó e o suor formam uma mistura de cor bordô ou encarnado escuro. É sangue coagulado.
Jesus vai perdendo sangue e em cada queda deixa uma marca da sua passagem.
Lembra-nos assim que também nós podemos deixar marcas do nosso viver. Sempre que nos doamos a Deus e aos outros, pintamos o mundo de cor de sangue derramado por amor.

8ª Estação – As mulheres de Jerusalém choram por Jesus
TRANSPARENTE
Um grupo de mulheres de Jerusalém aproxima-se de Jesus e chora. São lágrimas silenciosas, lágrimas transparentes, não têm cor pois são de todos e para todos.
Jesus pede-lhes que continuem assim, que nunca se esqueçam de manifestar também esses mesmos sentimentos aos seus filhos, quando maltratado pelos caminhos da vida.
Este episódio lembra-nos que devem ser sinceros e transparentes os nossos sentimentos para com Deus e para com os nossos irmãos.

9ª Estação – Jesus cai pela terceira vez
VERDE
Renascer, brotar como novo rebento a surgir do chão.
Se o grão de trigo não cair por terra não pode florescer. É por isso que Jesus cai pela terceira vez como grão lançado à terra para florescer.
É o verde dos rebentos novos, da nova esperança.
Jesus cai, passa por tudo isto para encher de vida, para pintar de verde de esperança o nosso mundo.
Ele ensina-nos a identificar os rebentos novos da nossa vida de conversão depois das nossas quedas.

10ª Estação – Jesus é despido das suas vestes
BEGE ou CREMEÉ a cor da carne despida. Para ser crucificado Jesus é despojado das suas vestes. Lembra-nos assim que Ele veio assumir a nossa carne, a nossa natureza humana. A cor bege ou creme sugere-nos a nossa própria carne mortal. Por fora podemos ter a aparência de várias raças ou cores, mas por dentro somos todos iguais, pertencemos à mesma família, com a mesma dignidade de filhos de Deus.
Jesus ao ser despido lembra-nos que Ele nasceu com uma carne igual à nossa para nós vivermos com uma dignidade igual à d'Ele.

11ª Estação – Jesus é crucificado
NEGRO Por volta do meio-dia Jesus é crucificado. A partir daí toda a terra cobre-se de trevas.
A cor preta é entre nós a cor de luto e de tristeza ou a cor da noite.
Jesus é-nos tirado e a sua ausência gera em nós trevas ou ausência de luz.
Nós recusamos a luz e por isso sofremos as trevas.
Nesta estação Jesus lembra-nos que no meio deste mundo de trevas Ele é a Luz que a todos quer iluminar. Que a cruz de Cristo seja o farol que nos guia pelos caminhos desta vida.

12ª Estação – Jesus morre na cruz
VERMELHO
Às três horas da tarde Jesus entrega o seu espírito ao Pai. Um dos soldados ao aproximar-se, vendo-o já morto, trespassa-lhe o lado com uma lança. Do seu lado aberto jorra sangue e água.
Contemplamos essa fonte, o Coração de Jesus. Coração de fogo vermelho de onde sai sangue vermelho vivo.
Jesus ensina-nos assim a nos doarmos por inteiro, até à última gota de nós mesmos.
Que o nosso coração possa arder no mesmo fogo palpitante do seu amor.

13ª Estação – Jesus é descido da Cruz
ROXO
Eis a Senhora da Piedade, vestida de roxo, com o seu Filho nos braços.
Nós também nos vestimos de roxo para manifestar os mesmos sentimentos que a Senhora das Dores.
Para além disso a cor roxa é para nós sinal de arrependimento e de conversão interior ao convite de Jesus: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, pois o Reino de Deus está próximo.
Se a cor roxa for sinal sincero da nossa contrição e arrependimento, então não teremos o corpo de Jesus nos nossos braços, mas estaremos nós nos braços de Deus Pai.

14ª Estação – Jesus é Sepultado
BRANCOJesus é envolto num lençol branco e deposto num sepulcro novo.
Ele tinha chamado a atenção para o fingimento dos sepulcros caiados de branco, por fora limpos, mas cheios de podridão por dentro. Agora Ele prova que o contrário é possível: eis o verdadeiro sepulcro, por dentro um lençol branco e a pureza de alguém sem pecado nem mácula e por fora a podridão dos que o entregaram à morte.
Jesus é o cordeiro sem mancha que tira o pecado do mundo. A cor branca é o sinal dessa vida da graça, da alegria e do brilho interior.
Deixemo-nos iluminar por essa luz resplandecente.

15ª Estação – Jesus ressuscita
ARCO-IRIS
É a Páscoa florida ou o Arco-íris de todas as cores, como sinal da nova e eterna aliança. Assim como depois do dilúvio, um arco-íris anunciou uma aliança entre Deus e o homem assim também com Cristo ressuscitado uma aliança, agora definitiva e eterna surge no nosso horizonte.
Esta Páscoa florida tem todas as cores, satisfaz todos os anseios, não esquece nenhuma dimensão da nossa vida.
Saibamos então colorir a nossa vida com as cores da ressurreição do Senhor Jesus que se fez tudo para todos e a nossa vida terá outra cor.



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