A Via-Sacra das Pedras
E as Pedras da Via-Sacra
1ª Estação - Jesus é condenado à morte
Pedra de arremesso
Um dia Jesus evitou que uma pecadora fosse apedrejada. No tribunal que o condenou, não evitou que essas pedras de arremesso caíssem sobre Ele.
Quantas vezes vivemos com duas pedras na mão, prontos para acusar inocentes. As nossas acusações são pedradas que atingem os outros.
Aprendamos com Jesus que veio não para condenar, mas para salvar… Que saibamos deixar cair as pedras que carregamos nas nossas mãos para que possamos dar as mãos uns aos outros.
2ª Estação - Jesus carrega a sua cruz
Pedra de toqueÀs vezes as pedras comuns tornam-se pedras de toque com uma capacidade e um significado especiais.
Antes de Jesus carregar a cruz, esta era um sinal de condenação, destruição e morte. A cruz de Jesus tornou-se uma pedra de toque, passou a significar redenção e sacramento de vida eterna.
Também nós somos convidados a olhar para as nossas mãos e fazer de tudo aquilo que carregamos autênticas pedras de toque para que possamos fazer transbordar de amor e de vida.
3ª Estação - Jesus cai pela primeira vez
Pedra de tropeço
No Caminho do Calvário Jesus tropeçou e caiu. Ao longo da sua peregrinação pela Palestina, quantas pedras se lhe atravessaram no caminho. Apesar disso Ele seguiu sempre o seu caminho. Também agora depois de tropeçar continuou a sua escalada pela via dolorosa.
O mesmo Jesus nos dá força para contornarmos as pedras de tropeço que se atravessam na nossa vida e continuarmos em frente.
4ª Estação - O Encontro de Jesus e Maria
Pedra de apoio
Jesus cruzou-se com a sua mãe no caminho do Calvário. No meio de tantas dificuldades, obstáculos e contratempos, esse encontro foi fonte de ânimo, força e alento. Maria, mãe de Jesus, foi sempre uma pedra de apoio solidário na missão do seu filho Jesus. Ela esteve sempre presente nos momentos mais importantes ou mais difíceis. No meio de tantas pedras dolorosas, Maria foi a pedra de apoio para Jesus.
Também nós podemos sentir o mesmo apoio no nosso caminhar, mas podemos também ser, tal como Maria, um apoio solidário para quem ao nosso lado mais precisa.
5ª Estação - Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz
Pedras de pontes
Na via-sacra das pedras podemos ver que nem todas são de tropeço ou de arremesso. Há também pedras que são lançadas não para ferir, mas para unir, para criar pontes. Simão de Cirene foi uma dessas pedras vivas que se transformou em ponte de ajuda solidária. Foi assim que Jesus foi ajudado a levar a sua cruz.
Ao encontrarmos tantas pedras no nosso caminho, saibamos pegar nessas pedras e construir pontes de união e de comunicação com os outros.
6ª Estação - Verónica limpa o rosto de Jesus
Pedra esculpidaJesus quis premiar a coragem de uma mulher que no meio de tantas pedradas enxugou-Lhe o rosto. E a face divina ficou estampada como expressão de gratidão. No meio de tantas dificuldades Jesus pensa nos outros e em quem pratica o bem.
Um dia Jesus escreveu na areia. Gravou em areia movediça talvez os pecados daquela que alguém queria apedrejar. Grava em areia efémera o mal, mas o bem quis gravá-lo para sempre em pedra duradoura como feliz memória pelo tempo fora.
Saibamos também escrever o mal de modo que possamos apagá-lo com facilidade. Que o bem seja esculpido de modo indelével na nossa vida.
7ª Estação - Jesus cai pela segunda vez
Pedra do caminho
No caminho do Calvário Jesus encontrou tantas pedras soltas, pedras que O impediam de progredir e que O fizeram cair outra vez. Não foram os grandes pedregulhos que O deitaram por terra, foram as pedras soltas da calçada.
Também na nossa vida o que mais nos atrapalha não são as grandes pedras que se atravessam na nossa vida. Atrapalham mais as pequenas pedras, ou grãos de areia que se alojam no nosso sapato. Saibamos limpar do nosso caminho as pequenas coisas, à primeira vista insignificantes, mas que nos tiram a paciência e travam o nosso progredir.
8ª Estação - As mulheres choram por Jesus
Pedras de construçãoUm grupo de mulheres de Jerusalém aproximou-se de Jesus e chorando procuraram consolá-Lo. Jesus falou-lhes para que não se esquecessem de consolar os seus filhos.
Todos fazemos parte da mesma construção. Somos pedras do mesmo edifício. Precisamos de todos. Sem a nossa colaboração haverá uma brecha no edifício que juntos edificamos.
Em qualquer construção há pedras vivas para consolar, outras para chorar, estas para sustentar, aquelas para enfeitar. Saibamos aproveitar todas as pedras na construção da nossa casa comum, como disse o poeta: “Pedras no caminho?! Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”
9ª Estação - Jesus cai pela terceira vez
Caminho de pedras
O Caminho do Calvário era um caminho de pedras por onde passavam tantos transeuntes. Não admira que Jesus tenha escorregado e caído nas pedras lisas e gastas do caminho. Este foi o caminho de Jesus e é também o nosso próprio caminho.
Não há calvário sem pedras. Não há caminho sem pedras, nem vida sem cruz, nem cruz sem Cristo.
Saibamos caminhar por entre pedras, algumas escorregadias, outras pontiagudas, às vezes duras, outras vezes frias ou cortantes.
10ª Estação - Jesus é despido das suas vestes
Pedra de geloAo chegar ao alto do Calvário Jesus foi despido das suas vestes. O que mais lhe fazia doer não eram as pedras que lhe atiravam, mas o frio coração dos que o levavam. Era uma autêntica pedra de gelo. Os corações de pedra são pesados, frios, sem palpitação. Não eram apenas de pedra os corações dos que atiraram Jesus para a cruz, eram corações de gelo.
Também na nossa vida o que nos faz sofrer mais não é o frio da falta de roupa ou da neve lá fora, mas o frio do nosso coração, o gelo do nosso entusiasmo ou o baixo grau da nossa caridade.
Que o amor de Jesus nos ajude a derreter as pedras de gelo do nosso coração.
11ª Estação - Jesus é crucificado
Rocha de refúgioJesus ao ser crucificado, realiza as palavras da Escritura que diz: Sois a rocha do meu refúgio… Toda a nossa glória está na cruz de Nosso Senhor.
O nosso abrigo seguro é a Cruz de Cristo.
Jesus foi elevado na cruz e nós hoje podemos vê-lo elevado na mesma cruz nas torres das Igrejas, nos campanários das capelas, nos torreões dos conventos para nos lembrar que continua a ser a rocha firme do nosso refúgio.
“Firme no amor divino, como ilhéu no meio do mar” assim é Jesus pregado na cruz.
12ª Estação - Jesus morre na cruz
Pedras preciosas
Jesus morreu na cruz. Um dos soldados vendo-o já morto trespassa-lhe o lado com uma lança e do seu coração saíram sangue e água.
São essas as duas pedras preciosas que brotaram do alto Calvário. No meio de tanta pedra brotou a maior riqueza.
As duas pedras preciosas só poderiam surgir de um coração de ouro. Foi a herança que Jesus nos deixou:
A pedra preciosa do seu sangue redentor, simbolizado na Eucaristia e a outra pedra preciosa que é a comunidade eclesial ou a igreja simbolizada pelo batismo.
Zelemos por esta herança preciosa que Jesus nos legou.
13ª Estação - Jesus é descido da Cruz
Pedra para reclinar a cabeçaJesus disse que na sua peregrinação por esta terra nem tinha de seu uma pedra onde pudesse reclinar a cabeça. Encontrou esse apoio ao descer da cruz: reclinou a cabeça no ombro da sua mãe, a Senhora da Piedade.
Ao nascer, Maria sua mãe, foi a pedra segura em que repousou. Agora ao morrer voltou aos braços da sua mãe.
A exemplo de Maria, saibamos ser o ponto seguro de apoio, de repouso e de acolhimento. Com Maria poderemos dizer: O Espírito de Deus repousa em mim.
14ª Estação - Jesus é Sepultado
Pedra do túmulo
Perto do local onde Jesus morreu havia um sepulcro novo, escavado na rocha. Foi aí que sepultaram o corpo de Jesus. Jesus entrou de novo na rocha escavada. Nasceu numa gruta de Belém, numa rocha escavada. Deposto na rocha do túmulo, voltará a nascer no interior da terra.
Foi rolada a pedra do túmulo. Só a força de Cristo ressuscitado poderá derrubar as pedras ou os muros da morte.
Será o mesmo Cristo a abrir a pedra do túmulo de cada um de nós. Se com ele morrermos, com Ele ressuscitaremos.
15ª Estação - Jesus ressuscita
Pedra angularA antífona do dia da Ressurreição do Senhor lembra que e pedra que os construtores desprezaram tornou-se pedra angular…
Cristo é a verdadeira pedra com a qual podemos edificar com segurança a nossa vida.
Sem essa pedra angular é inútil levantar qualquer construção.
Saibamos então construir a nossa casa, não na facilidade sobre a areia, mas com coragem sobre a rocha firme.
Quer numa quer noutra circunstância havemos de contar sempre com chuvas, ventos e tempestades… mas se edificarmos sobre a pedra angular nada havemos de temer.
Mensagem final:
Uma Pedra para o caminho
- O caminhante tropeçou nela.
- O violento utilizou-a como projétil.
- O empreendedor construiu com ela.
- O camponês cansado utilizou-a como assento.
- A criança brincou com ela para fazer círculos no lago.
- David com ela matou o gigante Golias.
- Miguel Ângelo tirou dela a mais bela escultura.
- E Deus… Deus plantou nela uma cruz redentora.
- E eu… que farei das pedras que a vida me dá?
NB. Em todos estes casos, a diferença não está na pedra, mas na pessoa que a usou. Que não exista pedra no meu caminho que não possa aproveitar para o meu crescimento.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
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2 comentários:
Olá Sr. Vieira
Já usamos várias vezes a sua via sacra das pedras em nossa igreja e com nossos crismandos. Sempre foi uma reflexão muito produtiva e atual.
Gratidão por compartilhar.
Parabéns pelo seu dom de escrever, pela criatividade e facilidade em levar a palavra de Deus.
Deus te abençoe sempre
Silvana e Luis Carlos
Comunidade N. Sra. de Fátima
Paróquia Imaculado Coração de Maria
Piracicaba-SP
Brasil
Obrigado.
Fico feliz por ter sido útil.
Pe. David Quintal Vieira
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