segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Natal (1)


O sonho do jovem cavaleiro

Como prenda de Natal ofereço a reprodução de uma pintura com o comentário do Pe. Dehon (A Crónica do Sudeste, nº 3, Março 1903):
A National Gallery de Londres tem um pequeno quadro de Rafael, do qual todos os jovens deveriam ter uma reprodução.
Aos 16 anos Rafael traçou um projecto de vida, mas como era pintor, tudo fazia pintando. Rezava, meditava, sempre com o pincel na mão, isto é, as suas orações ou reflexões eram pinturas e as suas pinturas eram orações e reflexões.
Escreveu com o seu pincel a reflexão que qualquer jovem faz e que hoje a National Gallery nos mostra: O sonho do jovem cavaleiro.
Um loureiro esguio divide a cena em duas partes. A paisagem é variada, límpida e profunda. Debaixo da árvore, um jovem e belo cavaleiro, armado dos pés à cabeça, bem recostado e com a cabeça apoiada sobre o seu escudo, entrega-se ao sono.
Uma jovem mulher está de pé à sua direita e uma outra à sua esquerda, uma simboliza a virtude e a outra a voluptuosidade. Esta é muito sedutora: tem um rico e gracioso vestido, oferece flores, os seus traços exprimem uma doce despreocupação. Do seu lado a paisagem está em harmonia com este aspecto: um vale fértil e florido, com aliciantes zonas de água e frescas sombras. É o caminho da vida fácil e agradável.
À direita do cavaleiro, a Virtude tem um vestido simples e austero. Apresenta uma espada e um livro, símbolos da luta, do trabalho e da oração. A paisagem deste lado é mais austera, um caminho tortuoso numa montanha escarpada, coroada por um castelo e uma igreja.
Rafael representou assim o cavaleiro que queria ser. Vemo-lo escolher o caminho da virtude e do trabalho, recusar as flores inebriantes da voluptuosidade e agarrar o livro e a espada, símbolos do estudo e da luta.
Jovens cavaleiros, tal deve ser o vosso sonho. Tal deve ser o vosso projecto de vida. O livro e a espada devem caracterizar a vossa vida. O livro é a oração, a leitura, o estudo pessoal. A espada é a luta, a conquista, a acção social.
O livro e a espada, tais são, caros jovens, as armas do vosso brasão.

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