terça-feira, 19 de março de 2024

O mais belo hino a S. José


Solenidade de São José, 

esposo da Virgem Santa Maria

O mais belo hino do Dia

 

Varão perfeito, escolhido

Para esposo virginal

De Maria concebida

Sem pecado original.

 

Mereceste ter nos braços

Quem criou a terra e os céus;

Chamavas filho a quem era

O próprio Filho de Deus.

 

Aquele que dá alimento

Às avezinhas do céu

Por ti foi alimentado,

Do teu trabalho viveu.

 

Patrono da Santa Igreja,

Protege-a contra os perigos,

Como outrora defendeste

Jesus de seus inimigos.

 

A nós, a quem o pecado

Oculta a luz da verdade,

Ensina o caminho certo

Que nos leva à santidade.

 

E humildes, castos e fortes,

Como tu, servindo a Deus,

Cheguemos no fim da vida

À glória eterna dos Céus.

 

(Heitor Morais, século XX, Vésperas I da solenidade do dia 19 de março, Liturgia das Horas em Português).

 

Virtudes de São José - 3 P

1. Pureza. — A primeira virtude que nasce da fidelidade de São José é a pureza.

2. Paciência. — A segunda virtude que se desenvolve com a fidelidade de São José é a paciência. São José é um protótipo do homem forte e silencioso. Ele olha e espera

3. Prudência. — A terceira virtude erigida sobre o alicerce da fidelidade de São José é a prudência, que consiste no discernimento sábio e cuidadoso que nos permite escolher o caminho certo.

(Também paternidade, produtividade, participação, prontidão)

 

Ver também:

Dormir como São José

S.José no Concílio Vaticano II

E a etiqueta São José

 

segunda-feira, 18 de março de 2024

Pe. Dehon em português (3)


Terceiro Capítulo da Primeira Biografia do Pe. Dehon em Português

Os melhores dias


19 de dezembro de 1868. Em S. João de Latrão, 200 levitas de todas as nações do mundo esperavam com a alma em alvoroço, as grandes palavras “como o pai me mandou a mim, assim eu vos mando a vós… Chamo-vos amigos!,,, Sois Sacerdotes por toa da eternidade!”

Entre estes afortunados estava também o nosso querido Padre. E não se achava só. Acompanhavam-no o pai e a mãe; e as lágrimas selavam aquele último dom concedido, o definitivo em que não se onde andar para trás.

Estava também o pai, sim. Não o gentil-homem estranho a todas as formas da vida Cristã; mas vencido, e transformado. “Naquele dia, diz o Pe. Dehon, a emoção foi grande que não pude tomar alimento nenhum” (Diário). Depois de tantas orações, depois de tantas exortações do filho, depois das belas impressões da Roma Cristã e da bênção de Pio IC, a cerimónia augusta desta oração sacerdotal acabava por fazer nova lu

“Levantei-me, já Sacerdote, escreve o Pe. Dehon, “possuído por Jesus, todo cheio d’Ele, do seu amor pelas almas, do seu espírito de oração e de sacrifício. Eu era um louco de amor por Nosso Senhor e sentia-me cheio de desprezo pela minha pobre pessoa” (Diário). São os melhores dias da sua vida. Durante um ano inteiro, no Sacrifício de cada dia, ele não poderá reviver aquelas horas, benditas, sem chorar. Nem quer ouvir falar em remuneração das sua Missas. Desgostava-o imenso associar uma ação tão santa a preocupações materiais. “Era Nosso Senhor que me pedia aquelas Missas, rezando só para Ele, em espírito de Amor e de Reparação” (Diário).

***

Novos horizontes se abrem ao novo Sacerdote. Em Roma, passou “anos inolvidáveis, bem empregados, cujo valor só no Céu poderei compreender” (Diário).

Ganhava ricos tesouros: o Sacerdócio, a ciência eclesiástica (doutor em Filosofia, em Teologia, em Direito Canónico), bons costumes, saudosas recordações, o sentimento católico profundamente enraizado em todo o seu ser, uma inabalável dedicação ao S. Padre, uma admiração cheia de entusiasmo pela Igreja: “Ó Igreja Católica, quanto és admirável! Tu nasceste do Coração de Jesus, meu Salvador. Tu tens a doçura de Cristo que é a tua cabeça, e de todos os santos que são os teus membros” (Diário).

O Pe. Dehon protesta que sempre tivera dois grandes ideais: a verdade e a caridade. A verdade que o iluminara na sua longa preparação, a caridade com que se fortalecera no S. Coração de Jesus: “podemos passar por uma fornalha de amor sem sermos abrasados de amor?” (Diário).

E agora verdade e caridade estavam diante dele como dois caminhos a seguir e duas riquezas para distribuir.

Os anos de 1870-1871 eram anos de guerra, de inquietação, descontentamento. Andavam agitadas as multidões, exacerbado o sentimento nacionalista. Havia necessidade de ordem, era preciso melhorar aquela situação.

O liberalismo económico e político tornava bem difícil o caminho da Igreja. Era preciso esclarecer as ideias com a verdade, pacificar os corações com a caridade. Um campo magnífico de ação!

“Meu Deus! – suplicava então o Pe. Dehon. Meu Deus! Vós que transformastes as paixões de Paulo, de Agostinho e de Girólamo em santos, ardentes afetos, purificai os ardores do meu coração e transformai-os em ardente amor para convosco.

Aqui me tendes, mais uma vez, Senhor! Estou pronto.

Deixai-nos lutar! Queremos salvar a sociedade para reconduzi-la a Cristo, seu Rei, hoje dolorosamente destronado” (Diário).

(Continua)


Ver também:

Pe. Dehon em Português (2)

 

domingo, 17 de março de 2024

O país das mãos fechadas

 

Ano B – V domingo da quaresma

Neste fim de semana a homilia ou o sermão da missa foi partilhado pelos escuteiros. Eles encenaram a história seguinte.

 

O PAÍS DAS MÃOS FECHADAS

 

  1. Era uma vez um país muito lindo,

com árvores sempre em flor,

rios de águas azuis e límpidas,

onde nem fazia muito frio nem muito calor.

  1. Era um país que todos desejaríamos habitar.
  1. Aí havia pessoas como nós.

Só havia uma única diferença.

Eles tinham as mãos sempre fechadas,

mulheres, homens e crianças,

todos tinham as mãos fechadas.

  1. Quando se tem as mãos fechadas

não se saúda ninguém,

não se aperta a mão a ninguém,

ninguém consegue tornar-se amigo dos outros.

Com as mãos fechadas ninguém conseguia dar nada,

cada qual guardava só para si aquilo que tinha.

Com as mãos fechadas

as pessoas estavam sempre prontas a bater-se

e muitas vezes agrediam-se de facto.

  1. Como era triste a vida neste país!

As pessoas nunca riam

tinham sempre uma cara sisuda

sempre dispostos a fazer a guerra.

Era sempre a mesma coisa,

sempre as mãos fechadas

e o coração cada vez mais fechado.

Mas um dia ... mas um dia...

 

(Cântico – Um certo dia à beira mar ...)

 

  1. Era o Homem das mãos abertas.

Ele era diferente,

tinha as mãos abertas e sorria,

sorria a todos,

estendia a mão a todos

queria tornar-se amigo de todos.

Era feliz e não guardava as coisas para si,

mas repartia-as pelos outros

porque tinha as mãos abertas.

  1. O Homem das mãos abertas começou a falar às pessoas

e a dizer-lhes para abrirem as mãos,

mas ninguém tinha força para abrir as suas mãos.

Então ele começou a abrir-lhes as mãos

primeiro aos mais novos.

Os adultos não tinham tempo

para ficar ao seu lado

por isso foram os últimos

a abrirem as suas mãos.

  1. Mas que maravilha!

Parecia que renasciam,

pois as mãos deixavam de ser pesadas.

Que maravilha poder mexer os dedos,

acariciar o rosto dos outros,

abraçar sem ferir.

Com as mãos abertas podiam ser amigos,

podiam jogar juntos,

fazer uma grande roda e cantar:

 

(Cântico – Põe tua mão na mão do teu Senhor...)

 

  1. Todos tinham aprendido a sorrir

e eram felizes.

Agora tinham as mãos abertas

eram felizes porque

faziam felizes os outros.

  1. Mas aparecerem naquele país

outros homens ainda com as mãos fechadas.

E tiveram medo que as mãos abertas

perturbassem a ordem estabelecida.

Estes não queriam mudar nada,

sempre tiveram as mãos fechadas.

Não queriam incomodar-se com nada de novo.

Um dia agarraram no Homem das mãos abertas

e disseram-lhe:

  1. Tu dizes para abrirmos as nossas mãos,

como tu abriste as tuas.

Uma vez que estás contente

por teres as mãos abertas,

faremos de modo que

nunca mais as possas fechar.

1.2. Que nunca mais as possas fechar,

  que nunca mais as possas fechar.

  1. Depois de terem dito isto, bateram-lhe

e pregaram-no com as mãos abertas

num pedaço de madeira em forma de cruz.

Agora ficará contente,

terá sempre as mãos abertas!

1.2. Terá sempre as mãos abertas,

        terá sempre as mãos abertas.

  1. Mas quem já tinha as mãos abertas

teve muita pena e lamentava:

  1. Ele só fazia o bem,

porque é que o mataram?

  1. Ele só fazia o bem,

porque é que o mataram?

  1. Entretanto os grandes senhores,

de punhos fechados,

proibiram ao mais novos

de terem as mãos abertas.

E todos foram obrigados

a ter as mãos fechadas como antigamente.

Voltaram a fechar as mãos porque tinham medo.

Voltaram a fechar as mãos.

  1. Um dia, de manhãzinha,

foram chorar ao pé da cruz

olhando para as mãos sempre abertas

daquele que antes lhes tinha aberto as mãos.

Queriam abrir de novo as mãos,

mas olhavam à volta e tinham medo de abri-las

por causa das ameaças dos punhos serrados.

  1. Mas de repente o homem da cruz sorriu,

tirou as suas mãos da cruz

e todos com força e alegria

abriram as suas mãos sem medo

para nunca mais as fechar.

  1. Para nunca mais as fechar.

1.2. E a festa começou entre vivas de alegria...

 

(Cântico – Aleluia de Händel...)


Ver também:

Procurando Deus

 

sábado, 16 de março de 2024

Pe. Dehon em português (2)


Segundo Capítulo da Primeira Biografia do Pe. Dehon em Português

Era feliz

“Estava finalmente no meu meio: era feliz. O seminário era uma casa velha, estreita, alta, escura e triste. Não me importava, era feliz! Puseram-me no quinto ou sexto andar, já não me lembro bem, duma águas furtadas, debaixo do telhado, sobre a capela. O quarto pequeno e nu, o leito duro… que importância tinha! Era feliz” (Diário).

Das suas notas íntimas transparece o entusiasmo da sua dedicação, a seriedade do seu empenho, a delicada e assídua obra da Graça, a sua fidelidade atenta e constante. Já desde o primeiro ano de seminário aparece clara a orientação que Deus dava à sua espiritualidade: uma orientação que desde já revela as futuras inclinações, os grandes ideais e as realizações generosas. “Nosso Senhor tomou conta da minha vida interior e fixou nela as disposições que deviam ser a característica dominante da minha existência: a Devoção do S. Coração, a humildade, a conformidade com a sua vontade, a união com Ele e a vida de amor.” (Diário).

A confidência que o jovem seminarista nos faz: “Ardo no desejo de ser um santo sacerdote!” (Diário); é a mais expressiva que se podia esperar, e diz-nos todo o esforço para purificação, que o faz procurar e chorar as pequenas faltas da vida passada, o zelo e o desejo de expiação “pelos pobres pecadores atormentados pela sua ignorância e pelas suas culpas” (Diário), a oração rica de sentimentos suaves, cheia de doçura e de paz; doçura e paz que se mantêm pelo dia fora. E realiza todos os seus trabalhos “sem deixar de sentir a presença de Deus, sem sair da sua vida de recolhimento!” (Diário). Às vezes surgem impressões mais vivas, mais ardentes, que abalam profundamente a sua alma e criam desejos imensos. É a violência do amor. Então o coração vibra fortemente, o espírito inflama-se, e a fascinação de Deus é irresistível. Não pode deixar de chorar, consolado, ao sentir esta inefável ação divina. “A alma faz tudo por amor, na ânsia de agradar a Deus e fazer amá-lo. Tudo oferece a Deus, desprezando o mundo; obedece docilmente ao seu diretor e aos seus superiores, tem grandes desejos de mortificação; quer cumprir em todas as coisas a vontade de Deus; pratica com perfeição a caridade para com o próximo… Descrevendo estas graças divinas, descrevi, se não é ilusão, o que a inesgotável misericórdia de Deus operou a pouco e pouco na minha alma e com faltas devidas às minhas resistências e imperfeições.” (Diário).

É seminarista fervoroso. Deus já recompensou largamente as suas corajosas renúncias. Mas o estímulo, tão vivo e tão doce, não cessa. Desperta sempre mais clara e intensa a inclinação para a vida religiosa. Quanto mais, na vida religiosa, se ama a Deus, tanto mais fácil é o caminho da santidade! O jovem seminarista fica impressionado pelas palavras de S. Belarmino: - Além dos mártires, há bem poucos santos canonizados que não tivessem estado em conventos”. Uma visita às salas do Cardeal Vigário dá-lhe a mesma impressão: retratos de Cardeais canonizados, mas quase todos de conventos. “Eu amo a coerência, diz então, e por isso quero entrar numa religião, não para ser canonizado, mas para fazer-me santo e para melhor amar e servir a Deus”. (Diário).

Desde então tem sempre nos lábios a mesma oração, a que será também o seu mote, o seu programa: “Domine quid facere?” (Senhor o que queres que eu faça?). Responde, ó Senhor… e eu o farei.

***

Entretanto manifesta-se a primeira prova tangível da vontade de Deus que o chama. É o convite oficial: a S. Tonsura, as Ordens Sacras, o Subdiaconado, o Diaconado. Que alvoroço de comoção depois de tão grande e atormentada espera!

“Desejava tanto realizar a minha separação do mundo, entregar-me todo ao Senhor… Recebendo a Tonsura, deixei cair muitas lágrimas, juntamente com os meus cabelos, na bandeja do Sr. Bispo. Por tanto tempo tinha esperado e lutado para realizar a minha Vocação! Entrava assim na Terra Prometida” (Diário).

Será talvez necessário dizer que a sua união cada dia mais íntima, o seu amor mais fervoroso, a sua generosidade sem reserva? Havia no íntimo do seu coração – verdade seja – uma constante e profunda tristeza: era a dor de ver que “Jesus não era amado” (Diário). E lembrava-se do que dizia o santo Cura de Ars, “Deus fez as aves para cantar, e elas cantam; fez os homens para o amarem e eles não o amam…”

Mas a tristeza das almas que amam, é a mais suave doçura, a mais tranquila e tocante comoção que pode apoderar.se do nosso espírito; sofre-se com Aquele e por aquele que amamos. E como é doce sofrer por amor!

No exercício diário da Via Sacra, o fervoroso Seminarista confirma os seus sentimentos, primeira manifestação de uma chama de Amor e de Reparação que será a luz e o estímulo dos dias futuros.

Na cela de oração e de estudo, há um Crucifixo que é o seu confidente e companheiro: “O S. Coração de Jesus, fonte de alegria, jardim fechado, lugar de refúgio, porto de salvação, fortaleza inexpugnável” (Diário). O que queremos mais?

“Dia de felicidade, de alegria pura. Início da verdadeira liberdade: servir a Deus é reinar!” (Diário). Assim foi o dia 21 de dezembro de 1867, quando foi ordenado subdiácono; assim foram todos os dias daquele ano a que Pe. Dehon chamará “um dos melhores da sua vida. Parece-me que Nosso Senhor me tinha mandado fazer, naquele ano, o meu Noviciado de vida religiosa e que era Ele o próprio Mestre. Julgo que posso hoje compreender o motivo. Naquela época, na Alsácia, começava aquela Comunidade (as Escravas do S. Coração) que se devia unir a nós e ter para connosco uma missão toda maternal.

“As nossas primeiras Madres tonaram o véu em 21 de novembro de 1867. Também elas faziam o Noviciado. O Senhor se comprazia, sem dúvida, na sua bondade, em preparar ao mesmo tempo as duas Obras. As luzes que Deus me dava em todas as minhas meditações daquele ano eram assim, conformes com a nossa Vocação de Sacerdotes Oblatos do S. Coração de Jesus. Os meus apontamentos espirituais de então podiam servir para orientar um Diretório Espiritual da Obra” (Diário).

O pensamento em que mais se insiste é o da união: a união com Nosso Senhor, a união que é “o início da vida do Céu”; união ao S. Coração de Jesus, para se viver sempre em paz, na santa alegria que enche a alma e se espalha à nossa roda. Pe. Dehon fala-nos da sua “alegria cada dia mais forte pela vida íntima de amor a Nosso Senhor” (Diário). Uma expressão do Pe. Libermann: “Viver e morrer numa solidão profunda, desconhecido pelos homens, amado, abençoado e consolado somente por Deus” exprime bem a sua verdadeira vontade. A sua vida interior é-lhe muito favorável: “para conformar-me com a vontade de Deus, unir-me-ei ao Coração de Jesus, seguindo docemente, com paciência e amor a Providência de Deus e a inspiração do Espírito Santo” (Diário).

E do Espírito santo estava ele cheio naquele dia em que tomava esta resolução: 6 de junho de 1868, o dia do seu Diaconado.

Sempre mais visível é o fio que o guia, assim como todas as luxes com que Deus o favorece no decorrer do ano. É assim que ele se exprime: “O Senhor estimulava-me cada vez mais, de dia para dia, a unir-me ao S. Coração” (Diário).

(Continua)


 Ver também:

Pe. Dehon em português (1)



 

sexta-feira, 15 de março de 2024

Dia mundial do sono


Dizem-me que hoje é o dia mundial do sono, nesta sexta-feira anterior ao equinócio da Primavera.

É uma oportunidade para valorizar a importância do sono para a saúde física e mental. Uma boa noite de sono é essencial para o funcionamento adequado do corpo e da mente, e (porque não também?) da alma.  

 

Rezar dá-me sonhos

Alguém perguntou:

- Senhor padre, quando reza não fica com sono?

- Com sono não, mas com sonhos sim... 

De facto, rezar ajuda-me a sonhar e a fazer dos sonhos de Deus os meus sonhos e vice-versa. Deus não dorme, mas sonha…

 

Existe um sono da alma e um sono do corpo.

Todos nós devemos ter o sono do corpo, porque se não tivermos sono desfalecemos e o corpo se enfraquece. O nosso corpo frágil não suporta por longo tempo o peso do espírito desperto e empenhado na ação; se o espírito se empenhar longamente na ação, o corpo frágil e terreno não aguenta, não suporta esta ação contínua, desfalece e sucumbe. Por isso Deus deu ao corpo o sono, reparador das forças corporais, a fim de que seja capaz de suportar o espírito desperto.  No entanto, o que devemos evitar é o sono da alma; o sono desta é um mal. É um bem o sono corporal que restaura a saúde corporal. O sono da alma, porém, consiste em esquecer-se de Deus. E toda a alma que se esquece de Deus dorme. Por isso, o Apóstolo censura a alguns que, esquecidos de Deus, como que em sonho, entregam-se ao delírio do culto idolátrico. Os que adoram os ídolos são como os que sonham; quando acordam, entendem quem os criou e não adoram o que eles mesmos fabricaram. Exorta o Apóstolo a alguns: “Ó tu, que dormes, desperta e levanta-te de entre os mortos, que Cristo te iluminará” (Ef 5,14). Queria por acaso o Apóstolo despertar alguém entregue a um sono corporal? Não, pelo contrário, acordava a alma adormecida, e despertava-a para ser iluminada por Cristo. É de acordo com esta vigília da alma que reza o salmista: “Deus, meu Deus, desde o raiar da aurora, estou de vigília a procurar-te”. Não estarias desperto espiritualmente, se não tivesse raiado a tua luz, para te acordar. Pois, Cristo ilumina as almas e as faz vigilantes; se ele retira a sua luz, elas adormecem.  A vossa vida, os vossos costumes devem estar despertos para Cristo, a fim de que os outros, os pagãos mergulhados no sono, acordem ao som de vossas vigílias, sacudam o torpor, e comecem convosco a repetir: “Deus, meu Deus, desde o raiar da aurora, estou de vigília a procurar-te”.

(Cf. Sermão de Santo Agostinho sobre o Salmo 62)

 

Dormir como São José

No meio da correria,

Do faz aqui, resolve ali.

É preciso parar,

Deixar o silêncio falar.

É hora de dormir!

 

É hora de calar,

Para uma só voz, ouvir.

Fechar os olhos e confiar,

Que tens um pai a te guardar.

 

Dormir, ato sincero de quem sabe,

Que dali, nada mais lhe cabe!

Que a força do braço nada pode fazer,

E muito menos a razão poderia resolver!

 

Dormir como José dormiu,

Ouvir tua voz como ele ouviu,

Despertar, e com pressa corresponder,

Como fez José sem tempo a perder!

 

Pés apressados e seguros,

Por saber quem era o Senhor de tudo,

Aquele que no segredo lhe falara,

Era o mesmo que no caminho lhe guardava!

(Cf. Maria Ávila, Shalom.com)

 

Ver também:

Dormir durante o sermão

São José dormindo

São José sonhador

O homem dos sonhos

No mar da vida 

Jesus dorme


Que horas são ?


6ª feira – IV semana da quaresma

 

A hora de Jesus

Ninguém lhe deitou a mão, porque ainda não chegara a sua hora.

A sua hora é de facto quando ele for de todos e para todos.

A hora de Jesus…

será as 3 da tarde

Pai, Filho, Espírito Santo


A nossa hora

- QUE HORAS SÃO?

- ORA… SÃO…

 

HORA DE AÇÃO

ORA E AÇÃO

ORAÇÃO!

 

São sempre horas de rezar, de presença e de união com Deus

Que horas são?

Ora… são… 

Ver também:

Deus é sempre pontual

Jesus em segredo

Jesus é o segredo

A hora de Jesus

Em segredo

 

quinta-feira, 14 de março de 2024

Pe. Dehon em português (1)


A primeira biografia do Pe. Dehon em Português foi publicada no Funchal em 1950 pelo Colégio Missionário, precisamente 25 anos depois da sua morte. Foi escrita pelo Pe. José Girardi e impressa pelo Eco do Funchal com 42 páginas, com 10 capítulos e seis fotografias.

FICHA TÉCNICA

Autor – P. José Girardi, SCJ

Título – PADRE L. JOÃO DEHON

Edição – Colégio Missionário S. Coração, Funchal, Caminho do Monte, 9 – Telef 1346 Madeira

Editora – Composto e impresso nas oficinas do ECO DO FUNCHAL, Travessa do Freitas 10-12, Funchal, Madeira

Imprimatur – Cónego Manuel F. Camacho, Vigário Geral, Funchal, 08-12-1949

Declaração – Nada do que se escreveu nestas páginas seja tomado como juízo antecipado à decisão da Igreja.

 

O ECCE VENIO

“Fui batizado no dia 24 de março de 1843 na humilde igreja de La Capelle pelo digno e venerando Padre Hércart, que havia de ser, por mais doze anos, o nosso Pároco, e que me preparou para a Primeira Comunhão. Em 24 de março era a festa duma criança mártir: S. Simeão, mas era, sobretudo, a véspera da Anunciação. E, senti-me feliz, mais tarde, por poder juntar à recordação do meu Batismo a do Ecce Venio de Nosso Senhor. Esta recordação inspirou-me uma grande confiança. O Ecce Venio do S. Coração de Jesus protegeu e abençoou a minha entrada na vida cristã. Há de, sem dúvida, ser agradável ao Senhor, que eu tome este facto como uma graça especial da Sua Providência em vista da minha atual vocação de Sacerdote- Hóstia do Coração de Jesus” (Pe. Dehon, Diário).

***

Leão Gustavo Dehon nasceu a 14 de março de 1843 em La Capelle, nos confins da França Setentrional. Seu pai, um gentil-homem reto e de bom coração, ainda que afastado das práticas religiosas, admirava e respeitava muito a vida cristã. Uma luz iluminará, a pouco e pouco, a sua alma, ao +asso que o filho se for aproximando do alto fim para o qual Deus o destinara: - O Sacerdócio. Pelo contrário, a mãe tinha uma fé pura, simples, intensa, cheia duma grande devoção ao S. Coração de Jesus. O Pe. Dehon vê nela um dos maiores dons de Deus e o instrumento de mil graças. “A bela alma de minha mãe, diz ele com satisfação, passou um pouco para a minha” (Diário). A união destes dois corações será sempre caracterizada por uma singular nobreza e uma intimidade profunda: “Quando eu, já Sacerdote, três ou quatro vezes por ano, a encontrava – escreve o Pe. Dehon, – ela pedia-me sempre que lhe falasse sobre a vida interior. Queria estar ao corrente do que em mim se passava, e por fim acabou por fazer a sua Profissão de Vítima do S. Coração de Jesus” (Diário).

No seu primeiro encontro com Jesus na Eucaristia, sentiu “uma forte impressão de Graça… Creio firmemente que Nosso Senhor começou a amar-me naquele dia” (Diário).

Depois, rapaz já de doze anos, deixa pela primeira vez a casa paterna e entra no Colégio de Hazebrouk. É a vida com as suas primeiras lutas, as suas dúvidas, as suas fraquezas e as suas vitórias. Ao passo que os seus estudos decorrem com o maior êxito, mais se abre a sua alma onde ecoa a voz de Deus. O Artista trabalha pacientemente, preparando a sua grande Obra de Arte, formada de bem pouco e até de nada.

A noite de Natal de 1855, passada em oração na capela de Hazebrouk, é o ponto de partida, um novo despertar de fé e de sede eucarística: um convite à Vocação para o Sacerdócio que desabrocha ainda incerta, mas já vivendo no seu pequeno coração: “Nosso Senhor fez-me gostar do espírito de oração, do espírito de pureza, que me lembra a sua vontade para com as crianças da Palestina”.

A leitura da vida dos santos comove-o. Acentua-se sempre mais na sua vontade: “Ser religioso e missionário”.

Não podemos pensar, sem um vivo comprazimento, neste rapaz que desde o início, como ele mesmo nos diz, quer dar-se sem medida e trabalhar ardorosamente; luta, resiste, e não obstante as crises internas e tentações, não desanima e reforça-se na Vocação que o atrai por uma necessidade íntima de união com Jesus e por um zelo ardente pela salvação das almas. Agora já não é o menino dos dias sempre serenos, sempre cheios de sol e de céu azul, sem nuvens nem tempestades, mas sim um rapaz, normal e, por isso, mais agradável, muito mais próximo de nós e das nossas hesitações, do bem e do mal, próprios de cada um; um rapaz, porém, nada comum pela energia com a qual encara as dificuldades, especialmente as mais duras de resolver, as que só a imolação do nosso coração, as nossas lágrimas e o nosso sangue podem vencer.

O pai fica entusiasmado com o brilhante resultado dos seus estudos. Sonha para o filho um lugar de destaque na vida. Custa sempre muito deitar abaixo o sonho dum pai, ainda que esse sonho seja desfeito por uma vontade superior: a vontade de Deus. Começam então a passar.se cenas bem dolorosas todas as vezes que Leão volta a casa dos pais, coroado de novos sucessos.

Mas a voz de Deus não cessa de chamá-lo: “A minha vocação mantinha-se, escreve o Pe. Dehon, e eu dou sempre e sempre mil graças a Deus. Não hesito. Quero ser de Deus!” (Diário).

Em Paris, desde o ano 1859 até o ano de 1864, ainda mais seguro se torna a virtude, em contraste com o meio mundano, e ao trabalho intelectual junta-se a atividade social entre os pobres da metrópole. A S. Comunhão diária é o farol que ilumina estes anos delicados e perigosos.

Em 1864, volta a La Capelle. É formado em Direito e advogado, aos 21 anos. A grande alegria da família tem a ensombrá-la sempre a mesma nuvem: pai e filho não concordam com o futuro. Uma viagem pelo Oriente daria bom resultado, na opinião do pai, para o distrair daquela ideia fixa; mas nos planos de Deus a visita aos lugares santos seroa uma confirmação: “Q minha fé e a minha Vocação deviam encontrar nesta viagem tanta força!” (Diário).

No regresso, de passagem por Roma foi escolhido também o lugar onde devia fazer os seus estudos sagrados. Pio IX tinha-lhe aconselhado o seminário de Santa Clara, e Leão Dehon teve ali o primeiro encontro com o seu futuro diretor Pe. Freyd, “um homem de Deus, um santo, como dizia Pio IX” (Diário).

Veio a calma! Quanto alívio e quanta consolação exprimem estas simples palavras: “eu já estava em paz”! (Diário). A paz conquistada com tenacidade e irredutível vontade do bem, a paz que contém em si o segredo de tanta força contra todos os ataques.

E o último ataque esperava-o no regresso, o último e o mais tremendo. Até sua mãe com a qual tinha todo o direito de contar, abandonava-o. “Ela era piedosa, queria.me piedoso, mas o Sacerdócio assustava-a. Julgava que eu não pertenceria mais à família, e que ela me perderia para sempre. Tive de endurecer o coração para poder resistir a todos os assaltos.” (Diário).

O Ecce Venio não era só uma fórmula vã. Leão Dehon há de doravante sentir isto mesmo, cada vez mais. E com toda a alma repete e repetirá: “como Tu, ó Senhor, segundo a santa vontade do Pai, aqui estou: pronto! Já vou!”. 

(continua)

 


As ações falam mais alto


5ª feira – IV semana da quaresma

As ações falam melhor que a língua e mais alto do que as palavras

Mas Eu tenho um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai Me deu para consumar – as obras que Eu realizo – dão testemunho de que o Pai Me enviou – disse Jesus.

 

A melhor maneira de mostrar, de dar testemunho, de falar é através de obras, de ações e do exemplo.

 

De facto, as palavras passam, levam-nas o vento, mas as ações permanecem, os gestos ficam.

 

Todas as palavras são mentirosas, até que as atitudes provem o contrário.

Não são as palavras que devem provar as atitudes, mas estas que validam as palavras.

 

Ver também:

Rezar com o coração

Dura cerviz

Manual de oração