quinta-feira, 29 de junho de 2023

Juntos na mesma barca


Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

Reflexões soltas acerca de São Pedro

 

1. A data

A igreja propõe para o mesmo dia a solenidade dos dois apóstolos Pedro e Paulo. Eles foram martirizados em datas diferentes e em lugares diferentes. Então porquê os unimos no mesmo dia. Porque quem dá testemunho junta-se a todos os que como ele deram o mesmo testemunho. Somos uma família de apóstolos, de mártires, de testemunhas. Quando alguém testemunha a sua fé, une-se a Pedro, a Paulo e a todos os que ao longo dos séculos deram o mesmo testemunho. De facto, estamos todos na mesma barca.

 

2. A posição

Segundo a tradição Pedro foi martirizado pregado numa cruz invertida, isto é, com a cabeça para baixo. Também Paulo foi martirizado com a cabeça para baixo, ou seja, decapitado. A sua cabeça ficou no chão, saltando 3 vezes. De facto, o martírio é uma espécie de batismo em nome do Deus uno e trino – em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Em geral nós fazemos questão de viver com os pés bem assentes na terra. Estes dois Apóstolos morreram, não com os pés bem assentes no chão, mas sim com a sua cabeça firme no chão para que a sua alma estivesse bem lá no alto, junto de Deus.

 

3. O nome

Simão, filho de Jonas, mudou o nome para Pedro para que hoje Pedro mude o nome para Francisco, Bento, João Paulo, Paulo, João, Pio, Leão, Gregório, Clemente…

Segundo a Bíblia, sempre que alguém assume uma nova missão, uma condição nova ou uma nova tarefa ou missão muda de nome, precisamente para reforçar a mudança ou a nova condição. É como se nascesse de novo. Assim acontece com os consagrados ou religiosos (monges, frades) e assim acontece com os Papas. Assim Simão mudou de nome para Pedro para que através das gerações Pedro possa mudar de nome em cada geração.

 

4. O amor

É sobre o amor o diálogo que se segue entre Jesus e Pedro: «Pedro, amas-me (verbo agapáô) mais…?», pergunta Jesus por três vezes. E por três vezes Pedro responde que sim, que é seu amigo (verbo philéô) ouvindo de Jesus, também por três vezes a nova missão de «Pastor» que lhe é confiada: «Apascenta as minhas ovelhas» (João 21,15-17). O verbo com que Jesus interroga Pedro acerca do amor é, nas duas primeiras vezes, agapáô, amor puro e gratuito, sem fronteiras, que não cabe em nenhum grupo de amigos. Mas o verbo com que Pedro responde a Jesus é philéô, que qualifica a amizade que é apanágio de um grupo de amigos. Na sua admirável condescendência, quando pergunta pela terceira vez, Jesus desce ao nível de Pedro, usando o verbo philéô, para que Pedro acerte com a resposta. Sim, Jesus desce ao nível de Pedro, não para ficar aí, no patamar de Pedro, mas para elevar Pedro a um novo patamar de amor. Ainda hoje Cristo nos pergunta por três vezes (outra vez referência à santíssima Trindade do Batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo), Ele pergunta se o amamos e nós só conseguimos dizer que sim, que gostamos dele. Na língua portuguesa o verbo amar é plurifacetado, querendo significar amor puro ou sublime (Agape), amor carnal ou sexual (Eros), amor como amizade (Filia), amor como o de gostar de alguém ou de algo. Nós só conseguimos afirmar que gostamos de Cristo, quando ele espera que o amemos de verdade e de maneira sublime.

 

5. O início

Quando é que Pedro se tornou Papa? Só no dia de Pentecostes. Porquê? Porque, como todos sabemos, a Igreja “nasceu” no Pentecostes, no Cenáculo, dez dias depois da Ascensão. Já que a Igreja Militante não existia até o Pentecostes, não havia como Pedro ter sido sua cabeça visível antes de existir.

 

Ver também:

Tripé da igreja de Jesus


quarta-feira, 28 de junho de 2023

Contar estrelas com Abrão


4ª feira – XII semana comum

 

Deus chamou Abrão e fez-lhe 3 promessas:

- A promessa de uma terra – a terra prometida.

Assim devia lembrar-se para sempre que ninguém é de cá, que a terra é-nos sempre dada, que todos somos peregrinos. Esta terra não é património nosso, mas é um presente de Deus.

- A promessa de descendência – um filho.

Assim devia recordar-se para sempre que todos fazemos parte da mesma família. E o herdeiro não se limita apenas a Isaac, mas das gerações seguintes em Jesus Cristo. Não só fazemos parte da mesma família, como Deus também faz parte da nossa família.

- A promessa da bênção – aliança.

Assim devia gravar para sempre que Deus abençoa a quem o abençoar… É a aliança que se renova sempre e se torna em nova e eterna aliança em Jesus Cristo.

E Deus disse a Abrão:

- Olha para as estrelas… e conta-as.

 

Contar as estrelas é:

- Contar as bênçãos – para agradecer (ter o coração no Céu)

- Contar ou medir os grãos de terra – para cuidar (ter os pés na Terra)

- Contar os descendentes, os membros da família – para os amar (ter o coração nos irmãos)

 

Então, sempre que Abrão olhava para as estrelas via a realização destas 3 promessas que Deus lhe fizera.

 

Nós também somos convidados a olhar para as estrelas e a contá-las.

1º - Contar estrelas faz-nos sair de nós mesmos – É transcendência.

2º - Contar estrelas é um desafio árduo – É perseverança ou fidelidade.

3º - Contar estrelas é livrar-se da mediocridade à nossa volta – É alargar horizontes.

4º - Contar estrelas é entrar no ambiente de Deus – É crer ou acreditar.

5º - Contar estrelas é depender do alto – É ser peregrino do infinito.

 

O Pe. Dehon e Santo Ireneu


Memória de Santo Ireneu 

Bispo, Mártir e Doutor da Igreja

Esmirna (Ásia Menor) 130-202 Lyon (França)

Extratos do Diário do Pe. Dehon 

(Notes quotidiennes)

Janeiro de 1901

“Por vários anos tive a ideia de fazer com que a Igreja Romana honrasse Santo Ireneu colocando a sua festa no breviário.

Há seis anos, pedi ao Arcebispo de Lyon que tomasse a iniciativa de uma petição à Santa Sé nesse sentido. Ele contentou-se em enviar à Congregação dos Ritos um pedido assinado por ele e seus sufragâneos. Foi insuficiente. Era necessária uma petição numerosa e internacional. Desta vez eu é que tomei essa iniciativa. Enviei a 600 bispos uma petição modelo. Quase trezentos assinaram-na e enviaram-ma de volta. Muitos incluíram o seu cartão ou uma palavra amável. Eu tinha interpretado corretamente o desejo da igreja inteira.

O Cardeal Arcebispo de Lyon escreveu-me: “Há seis anos, os bispos da região universitária do Sudeste, reunidos na reabertura das faculdades católicas, assinaram uma petição semelhante. Responderam-nos de Roma que para obter a graça pedida era necessário reunir a adesão do episcopado. Isso mostra como estou emocionado e feliz com a sua iniciativa e com que entusiasmo assino a petição. Será uma grande alegria para a diocese de Lyon ver este grande doutor e este valoroso mártir homenageado na Igreja. Obrigado, Padre Superior, e que Deus recompense o seu zelo, derramando sobre si as suas bênçãos. Este é o voto da minha respeitosa dedicação.”

O Arcebispo de Cambrai escreveu: “Caro Pe. Dehon, vós tivestes uma ideia brilhante, um pensamento de ouro! Estais realizando um trabalho muito edificante... Por isso, não hesitei em dar-lhe a humilde ajuda de minha assinatura. O admirável pontífice e médico que foi Santo Ireneu tem o direito, da nossa parte, de receber todas as homenagens possíveis”.

O Bispo Mignot: “Vós sabeis muito bem que eu assinaria com as duas mãos se pudesse. Há uma lacuna a ser preenchida e um descuido a ser reparado. O lugar de Santo Ireneu é tão indicado quanto o de São Justino, o venerável Beda e os santos mais modernos...».

O Bispo de Limoges e vários outros disseram: “Santo Ireneu já tem o seu lugar na nossa própria diocese, mas desejamos convosco que a sua festa seja celebrada em todo o mundo”.

O piedoso Bispo de Adria escreve-me em italiano: “Envio-lhe de volta a petição assinada. Desejo que tenha pleno efeito. Peço-vos que peça a Deus para mim, por intercessão do grande Santo de quem sois tão devoto, toda a ajuda de que necessito para o exercício do meu ministério e para a salvação da minha alma...”

 

30 de janeiro de 1908

“Este foi um grande dia. Tive uma audiência com o Papa…

Ofereci ao santo Padre o meu pequeno livro O Coração Sacerdotal de Jesus. Ele louvou o tema. “Jesus, disse ele, é sacerdote por excelência.” Tomará deste livro o assunto para as suas meditações durante um mês.

Lembrei-lhe as petições que outrora entreguei à Congregação dos Ritos sobre a festa de Santo Ireneu. “A questão dorme nos Ritos”, disse-lhe eu. Ele respondeu: “Vou acordá-la...”.

 

Novembro de 1921

“A Santa Sé acrescentou novos ofícios ao breviário: Sagrada Família, São Gabriel, São Rafael, Santo Ireneu. Trabalhei muito para este culto devido a Santo Ireneu que nos trouxe de Esmirna e Éfeso o espírito de São João. Para isso, apresentei à Santa Sé, durante 25 anos, mais de 500 petições de bispos. Santo Ireneu me agradecerá e me ajudará no julgamento.”

 

21 de janeiro de 2022

O Papa Francisco assinou o decreto que inclui Santo Ireneu na lista dos Doutores da Igreja.

“Santo Ireneu de Lião, vindo do Oriente, exerceu o seu ministério episcopal no Ocidente. Ele foi uma ponte espiritual e teológica entre cristãos orientais e ocidentais. O seu nome, Ireneu, exprime aquela paz que vem do Senhor e que reconcilia, reintegrando na unidade. Por estes motivos, depois de ter tido o parecer da Congregação das Causas dos Santos, com a minha autoridade apostólica DECLARO-O Doutor da Igreja com o título de Doutor da Unidade.

A doutrina de tão grande Mestre possa encorajar sempre mais o caminho de todos os discípulos do Senhor até à plena comunhão.

Vaticano, 21 de janeiro de 2022”.

 

Este foi o coroamento de um sonho ou percurso iniciado pelo Pe. Dehon há cerca de 125 anos.

Vale a pena ter uma causa por que lutar.

Vale a pena valorizar e honrar a santidade dos outros.

Mais cedo ou mais tarde Deus satisfaz as nossas santas aspirações.

Nós, dehonianos, estamos orgulhosos do empenho do Pe. Dehon nesta causa.

Acreditamos que o Pe. Dehon, lá no Céu, estará feliz por tudo isto.

28 de junho

Por coincidência, a memória litúrgica de Santo Ireneu, Bispo, Mártir e Doutor da Igreja, é celebrada num dia muito especial para o Pe. Dehon e sua Congregação.

28 de junho de 1878 foi o dia da primeira Profissão Religiosa do Pe. Dehon e consequente Fundação da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, que nesse ano era o dia da Solenidade do Coração de Jesus.

O Fundador e Santo Ireneu ficavam assim unidos para sempre, através do Amor do Coração de Jesus.

Não há coincidência.

Há sim Providência.

Parabéns a Santo Ireneu, pelos devotos que tem.

Parabéns à Igreja pelo seu mais recente Doutor.

Parabéns ao Pe. Dehon pelas suas grandes causas.

Parabéns à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus pelo seu aniversário.


Ver também:

Grande dia, dia grande

Nas pegadas de hon fundador

Em dia de aniversário

Fundação

 

 

terça-feira, 27 de junho de 2023

Procurando a porta estreita


3ª feira – XII semana comum


Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e muitos são os que seguem por eles. Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida e como são poucos aqueles que os encontram!

Identificação desta porta estreita:

1 - A porta estreita é o caminho da salvação, apertado, exigente e esforçado.

2 - A porta estreita é a cruz que nos leva ao Céu.

3 - A porta estreita é a humildade.

4 - A porta estreita é o caminho das Bem-Aventuranças.

5 - A porta estreita é o coração aberto de Jesus.

6 - A porta estreita para a santidade é o amor e a porta para o amor é Deus.

7 - A porta estreita é uma porta secreta, mas sempre aberta, feita à nossa medida que é a nossa vocação e santificação.

8 - A porta é estreita porque por ela não passará o nosso corpo, mas apenas a nossa alma.

9 - A porta é estreita porque exige de nós uma escolha, uma opção e não apenas deixar-se levar.

10 - A porta é estreita para que os lobos disfarçados de cordeiros não possam passar por ela apesar de enganarem a muitos.

 

Conclusão:

O Céu pode ser imenso, mas o caminho de acesso é apertado.

O Céu pode ser grande, mas a porta de entrada é estreita.

 

Ver também:

A porta estreita é a cruz

 

domingo, 25 de junho de 2023

Manual de perseguidos


Ano A – XII domingo comum

Não tenhais medo dos homens…

porque eles são como nós

e porque Deus tudo pode e tudo sabe, ele é a verdade.

 

E nós devemos ter medo do maligno ou o maligno deve ter medo de nós?

O maligno é que deve ter medo de nós porque Deus é maior e mais poderoso e cada homem é muito importante para ele.

O santo Cura de Ars pregava que o maligno tem medo de gente piedosa.

Ele foge das pessoas que rezam e que vivem os sacramentos.

De facto, não há ninguém que fuja tão depressa como o diabo da cruz.

O homem é mais fraco do que uma mosca, mas mais duro e resistente do que o ferro.

As tentações lembram que o homem é fraco como uma mosca, mas a oração e os sacramentos da presença de Deus lembram que o homem é mais duro e resistente do que o ferro.

 

Ter medo é bom ou é mau?

Não ter medo é bom ou é mau?

 

- Ter medo é bom quando é sinal de humildade e de reconhecimento das nossas fragilidades ou limitações.

- Ter medo pode ser mau quando é sinal de falta de confiança em nós mesmos e em Deus.

 

- Não ter medo é mau quando é sinal de orgulho ou de inconsciência.

- Não ter medo pode ser bom quando é sinal de abandono nas mãos de Deus.

 

Ver também:

Quantos cabelos tens

O fim dos nossos medos

A multidão e o temor

Não ter medo

S. José homem sem medo

 

sexta-feira, 23 de junho de 2023

O austero Santo Popular


Solenidade do Nascimento de São João Baptista

Por que é que a Igreja escolheu estas leituras para a celebração da Vigília do Nascimento de São João Baptista?

 

1ª leitura

Jeremias foi escolhido e consagrado desde o seio materno.

Apesar disso dizia que era apenas uma criança e que não sabia falar.

Deus disse-lhe para não temer pois estava a seu lado, tocando nos seus lábios para aí colocar a sua palavra divina que devia anunciar.

Assim João Baptista foi escolhido e consagrado desde o seio materno, e mesmo sem saber falar comunicou a presença do Salvador.

Nós também somos escolhidos para exultar de alegria e anunciar a mesma presença. Não devemos temer porque Deus está sempre ao nosso lado.

 

2ª leitura

São Pedro recorda – Vós amais Cristo Jesus sem o terdes visto, acreditais nele sem o verdes ainda…

Assim João Baptista ainda no seio de sua mãe deu testemunho do Salvador e levou os outros a acreditarem também.

Nós também somos convidados a progredir no conhecimento e no testemunho de Cristo para o conhecermos cada vez mais e contagiarmos os outros na mesma fé.

 

No Evangelho

- A tua súplica foi atendida e terás um filho.

Com certeza Zacarias e Isabel quando novos tinham pedido muito a Deus que lhes desse um filho. Agora de idade avançada com certeza já não suplicavam mais. Ou talvez não.

E precisamente quando parecia que tinham deixado de pedir ou de esperar é que surgiu a resposta positiva. 

Deus responde sempre às nossas súplicas. Aguardemos com confiança. 

O tempo de Deus é diferente do nosso tempo.

Deus nunca se atrasa. Nós é que somos impacientes.

- Ele irá à frente do Senhor…

João Baptista nasceu com uma missão completamente diferente daquela de todos nós. Só ele nasceu para ir à frente do Salvador.

Todos os restantes homens nasceram para irem atrás de Cristo, para seguirem a Cristo.

Só João Baptista nasceu para ser precursor.

Nós nascemos para sermos seguidores.

Ao celebrar o seu nascimento como precursor do Salvador, ele lembra-nos que devemos ser seguidores do mesmo Senhor.

 

À margem

São João Baptista é um dos chamados Santos Populares porque celebrado com muita folia, alegria, divertimento e fartura.

E eu fico a pensar: Como é possível isso se João Baptista era um homem austero? Nem comia, nem bebia, todo votado à penitência e à privação. Ele era a incarnação ou a personificação da austeridade.

Então onde está a fonte dessa alegria toda?

Ele ensina-nos precisamente que da austeridade é que nasce a verdadeira alegria.

 

Ver também:

O ponteiro de Deus

 

quinta-feira, 22 de junho de 2023

A miniatura do Pai Nosso


O Pai Nosso de cada dia (129)

5ª feira – XI semana comum

Jesus ensinou aos seus discípulos a oração do Pai para aprendermos:

1º - a pedir só o necessário

2ª – a pedir na ordem justa.

 

1ª - Deus não se faz conhecer pela “quantidade” das ORAÇÕES, mas pela qualidade da nossa ORAÇÃO. Não multiplicar nem belas palavras nem a gramática; o Senhor vê o nosso coração e nos pede para permanecer diante Dele de mãos abertas, em silêncio com verdadeira humildade e nos dará tudo aquilo que precisamos.

A nossa oração perfeita, inspirada no Pai Nosso devia ser assim:

 

Pai Nosso,

Bem sabeis o que precisamos.

Dai-nos o que quereis,

E nós diremos sempre obrigado.

Ámen.

 

Esta é a versão mais concentrada do Pai Nosso ou a sua miniatura.

 

2ª - São Tomás de Aquino dizia que “no Pai Nosso não apenas pedimos tudo o que podemos desejar corretamente, mas também na ordem em que devemos desejá-los, de modo que esta oração não apenas nos ensina a pedir, mas também dirige todas as nossas afeições”.

Assim devemos os nossos pedidos devem respeitar esta ordem:

a) Em vista a Deus Pai

-A santificação do nome de Deus

- O acolhimento do Reino dos Céus

- O cumprimento a Vontade divina

b) Em vista aos seus Filhos

- O pão quotidiano

- O Perdão

- A resistência à tentação

- A recusa do mal

 

Ver também:

Rezar é amar

Poucas palavras e muito devagar

Onde, como, o quê

 

Ver ainda etiqueta neste blogue – Pai-Nosso

 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

O jovem São Luís Gonzaga


Memória litúrgica de São Luís Gonzaga (1568-1591)

A primeira coisa que aconteceu quando ele se tornou Jesuíta foi que lhe disseram para dormir mais; disseram-lhe para comer mais, para continuar a rezar muito. Escreveu no seu diário: “Uma das primeiras cartas que recebi do provincial dizia: Ouvi dizer que andas a dormir menos do que precisas...dorme seis horas. Portanto tenho tentado ser obediente desde então.”

 

O jovem Gonzaga devia:

Descansar mais (+) porque dormia pouco.

Jejuar menos (-) porque mortificava-se demais.

Rezar igual (=) porque rezava bastante.

Também nós hoje devemos:

Aumentar umas coisas (+)

Diminuir outras (-)

Manter igual algumas (=)

para podermos avançar com segurança no caminho da felicidade e da santidade.

Talvez os jovens de hoje devam:

rezar mais (+)

jogar menos (-)

questionar-se igual (=)


 

Qual é a alma do negócio?


4ª feira – XI semana comum

 

O segredo é a alma do negócio.

Mas o segredo não é a alma apenas do negócio, mas também a alma de algo mais.

No evangelho de hoje Jesus ensina que o segredo é a alma da oração, a alma da esmola e a alma do jejum.

Quando deres esmola… dá em segredo.

Quando rezares… recolhe-te em segredo.

Quando jejuares… guarda o segredo só para ti.

De facto, a alma da oração, da esmola e do jejum é o segredo, o recolhimento e a humildade.

O único jejum que sacia

- Qual é a melhor maneira de lavar o rosto?

- É jejuar em segredo para que só Deus veja e nos sacie ou recompense.

 

"Praticamos um jejum agradável a Deus sempre que nos privamos de qualquer coisa que nos daria gosto fazer,

porque o jejum não consiste apenas em nos privarmos de beber e de comer,

mas daquilo que agrada mais ao nosso gosto;

uns podem mortificar-se na maneira de se vestir,

outros, nas visitas que gostariam de fazer aos amigos;

outros, nas palavras e nos discursos que gostam de utilizar;

este faz um grande jejum, que é muito agradável a Deus, quando combate o seu amor próprio, o seu orgulho, a sua repugnância em fazer aquilo de que não gosta,

ou estando com pessoas que contrariam o seu carácter e a sua forma de proceder.

Mas haverá jejum mais agradável a Deus do que fazer e sofrer com paciência certas coisas que muitas vezes nos desagradam enormemente?

Sem falar das doenças, das enfermidades e de tantas outras aflições que são inseparáveis da nossa miserável vida, quanto não temos nós ocasião de nos mortificar sofrendo aquilo que nos incomoda e nos repugna?

Se sofrermos tudo isso por Deus, e unicamente para Lhe agradar, aí estão os jejuns mais agradáveis a Deus e os que nos alcançam mais méritos."

(Cf. São João-Maria Vianney (1786-1859) Cura de Ars)

 

Ver também:

Amar em segredo

Dar com alegria

Serviço ou ser visto

Quando jejuares

 

segunda-feira, 19 de junho de 2023

A vida é policromática


2ª feira – XI semana comum

 

A quem te bater na face direita,

oferece-lhe também a esquerda.

A nossa vida não tem uma só cor, não é monocromática.

A nossa vida não tem só sombras, nem só luz.

 

A quem te mostrar só as sombras da vida, mostra-lhe que a vida também tem luzes.

A quem te mostrar o vermelho da violência e do ódio, mostra-lhe que a vida tem também o verde da esperança e o ouro do perdão e do amor.

A quem te suja com o castanho da terra, mostra-lhe o azul do céu.

A vida só é bonita quando é pintada com várias cores, com sombras e luzes.

 

É preciso dar cores à vida

e dar vida às cores.

 

Ver também:

Oferece nova oportunidade

É lógico amar os inimigos

Focar o bem ou o mal


sexta-feira, 16 de junho de 2023

Os movimentos do coração


Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

O coração funciona através de dois movimentos:

Sístole – Movimento de contração, em que o sangue é bombeado para o corpo (SAÍDA);

Diástole – Movimento de relaxamento, em que o coração se enche de sangue (ENTRADA).

Saída – Coração aberto donde saiu Sangue e Água, a Igreja e os Sacramentos. Donde nos vem todas as graças.

Entrada – Coração aberto onde podemos entrar, encontrar refúgio e descansar.

Somos como uma pomba que se refugia na fenda dos rochedos.

Contemplar o Coração aberto de Jesus é contemplar uma porta sempre aberta com dois movimentos – como saída e como entrada. Não só porta aberta para poder sair todas as graças. Mas também porta aberta para podermos entrar e descansar. Não só porta de saída para nos dar o manancial das suas graças, dando tudo. Como também porta de entrada para que a nossa humildade possa entrar e ficar.

Reflexão do Pe. Dehon, in Diretório Espiritual.

Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29).

Sede simples como as pombas (Mt 10,16).

A pomba é um símbolo gracioso, um distintivo de simplicidade, de humildade, de pureza, de doçura. O olhar da pomba é puro, direito e firme. Como o da alma simples e humilde. É fixo e não se detém sobre múltiplos objetos. Assim a alma simples vai direita a Deus em tudo, sem mistura de olhares humanos, de raciocínios interesseiros. Também o nosso olhar deve fixar-se unicamente no Coração de Jesus, a fim de fazermos tudo por Seu amor…

Mal a pomba começa o seu voo, logo descansa (Sl 55, 7). Para onde a conduz o seu voo? Ela eleva-se acima da terra e não para como o corvo para satisfazer os seus apetites carnais. A pomba vai direita à oliveira simbólica.

Assim deve ser o voo da nossa alma. Deve elevar-se acima da terra pela renúncia, pela oração e pela união com Deus. Deve dirigir-se para a oliveira da paz que é Nosso Senhor, vê-l’O em tudo e unir-se a Ele em toda a parte e sempre. Deve ir muitas vezes esconder-se na fenda do rochedo, isto é, no Coração de Jesus, onde encontrará refúgio.

O Coração de Jesus em Portugal

A Basílica da Estrela constitui um dos monumentos mais notáveis do séc. XVIII, existentes na cidade de Lisboa. Foi mandada erigir pela Rainha D. Maria I e dedicada ao Santíssimo Coração de Jesus, cumprindo a promessa de que o faria se tivesse um herdeiro ao trono. O Sagrado Coração de Jesus simboliza o amor de Deus pela humanidade. D. Maria I foi a grande impulsionadora desta devoção em Portugal sendo que no ano de 1777, a seu pedido, foi aprovada para Portugal a Festa do Sagrado Coração de Jesus. A Basílica da Estrela constitui a primeira igreja a nível mundial dedicada ao Santíssimo Coração de Jesus. Ao lado da Basílica e anteriormente à sua construção, a soberana mandou construir um Convento de Carmelitas descalças.

Maria nasceu a 17 de dezembro de 1734. Casou a 6 de junho de 1760 com o rei D. Pedro III, tendo sido aclamada Rainha de Portugal em 1777. Face a vários acontecimentos dramáticos que muito perturbariam a saúde da Rainha, foi-lhe diagnosticada uma doença mental irreversível, assumindo o filho mais novo, D. João, a regência do reino, posteriormente, D. João VI. Em 1787 a Família Real foi forçada a partir para o Brasil na sequência das invasões francesas, onde viria a falecer no ano de 1816. Os seus restos mortais seriam trasladados para a Basílica da Estrela em 1822. O Túmulo de D. Maria I é imponente, em mármore branco e negro.

O Coração de Jesus em Fátima.

O centro do Recinto da esplanada do Santuário de Fátima é inequivocamente marcado pela estátua do Coração de Jesus que, desde 1931, oferece clarividente chave cristológica para todo o conjunto edificado. Embora nos projetos iniciais referentes ao poço, da autoria de Gerardus van Krieken (1864-1933) estivesse prevista uma imagem mariana, foi a escultura de Cristo mostrando o Seu coração que veio a ser colocada a presidir ao monumento erguido sobre as fontes de água.

Provavelmente de fatura francesa, as origens desta peça continuam por aclarar, sendo verosímil ter sido uma oferta relacionada com maria do Carmo Pinheiro de Melo (1897-1986), Duquesa de Palmela, que, em carta dirigia a ao Bispo de Leiria, se refere a uma imagem do Sagrado Coração de Jesus que até àquela data se encontrava sem o culto que lhe era devido.

A peça de liga de ferro fundida com aplicação de folha de ouro, segue a iconografia clássica do Sagrado Coração de Jesus, mostrando o Redentor com a face barbada, de braços abertos e em atitude, ao mesmo tempo, de pontífice e de acolhimento, envergando túnica de amplas mangas e com manto distendido a tiracolo. Sobre o peito, em relevo, mostra-se, inscrito num resplendor, o coração flamejante cercado de espinhos, coroado por cruz por entre a chama e com o lado aberto. Nas mãos e nos pés porquanto é a imagem de Cristo Ressuscitado, veem-se também as marcas dos cravos. Aliado ao facto de se encontrar sobre o fontenário, este monumento é verdadeiramente uma alegoria ao Coração de Jesus como fonte de água-viva (tirareis água, do aldo aberto jorrou sangue e água…)

 

O Coração de Jesus neste blogue:

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