terça-feira, 31 de agosto de 2021

Três vezes lusitanos


3ª feira – XXII semana comum

Deus pôs-nos nesta terra para sermos três vezes lusos ou lusitanos.

A Lusitânia ou a Terra da Luz era a província mais ocidental do Império Romano, onde se ponha a luz solar.

Os lusos ou lusitanos eram assim os filhos da luz ou os guardadores da luz. Há quem diga que a Lusitânia era a terra de Luso, que na mitologia grego-romana era colega de Baco, o deus do vinho. Essa personagem escrevia-se Iuso, isto é, com um i maiúsculo, de modo que rigorosamente seria Jogo e não Luso. De facto, o jogo era colega do vinho, de Baco. Mas tudo isso é mitologia.

No Sermão de Santo António, o Pe. António Vieira, em Roma, assim ensinava:

“A terra mais ocidental de todas é a Lusitânia… porque sai no oriente o Sol com o dia coroado de raios, como rei e fonte de luz; sai a Lua e as estrelas com a coite, como tochas acesas e cintilantes contra a escuridade das trevas, sobem por sua ordem ao zénite, dão volta ao globo do mundo resplandecendo sempre e alumiando terras e mares; mas chegando aos horizontes da Lusitânia ali se afogam os raios, ali se sepultam os resplandores, ali desaparece e perece toda aquela pompa de luzes. A Lusitânia é assim a terra da luz.”

Também luso não é abreviatura de lusitano porque não é luso que vem de lusitano, mas o contrário.

O que é verdade é que dos Lusitanos ou Lusos se formaram os portugueses e que ocuparam um território luminoso, onde na Europa a luz do dia se põe e onde os conquistadores tiveram de enfrentar a resistência de um povo luminoso (com faíscas do embate).

Somos filhos da luz, não só porque alguém nos deu à luz, mas porque somos fruto do combate. Não há luz sem atrito (fogo entre duas pedras, duas adversidades, fricção luta, embate. Quando aceitamos a fricção faz-se luz.

 

Então todos nós somos lusos ou lusitanos, somos filhos da luz por três motivos:

Porque somos portugueses, da Lusitânia, porque somos filhos da luta ou da fricção e porque somos filhos de Deus, filhos da Luz e não das trevas, segundo a primeira leitura de hoje.

 

Escreveu São Paulos aos Tessalonicense (1Ts 5, 4-5):

“Vós, irmãos, não estais nas trevas… Na verdade, todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos nem da noite nem das trevas.”

 

Somos todos filhos da luz,
A nossa missão é iluminar.
Somos todos filhos da luz,
Para acender luz em todo lugar.

 

Conclusão:

- Somos filhos da luz porque lusitanos ou lusos, da terra da luz

- Somos filhos da luz, e não das trevas, porque Deus é Luz, como rezamos no Credo: Deus de Deus, Luz da Luz.

- Somos filhos da luz porque nascemos da vitória, do embate ou do confronto.

 

Ver também:

Lições de Cafarnaum

Autoridade de Jesus

O poder e a autoridade

Jesus ensina com autoridade

Com autoridade

 

domingo, 29 de agosto de 2021

Não ter inveja


Ano B – XXIII domingo comum

Não ter inveja.
É este o tema da liturgia da palavra deste domingo.

De certeza?

Sim.

Inveja é um sentimento de pena e de tristeza pelos outros serem ou terem mais ou melhor que nós.

 

Não ter inveja do povo israelita

Na primeira leitura – não ter inveja do povo israelita porque se diziam que não havia povo que tivesse Deus tão perto de si, nós vamos mais longe. Não tenhamos inveja deles porque o nosso Deus está mais que perto de nós. Nós temos Deus dentro de Nós, através da Eucaristia.

 

Não ter inveja do santuário

No Salmo valorizamos o Santuário, o Templo de Jerusalém, lugar mais sagrado – Senhor, quem entrará no santuário para vos louvar?!

Não tenhamos inveja do santuário sagrado porque nós é que somos esse santuário que recebe a Deus. Os israelitas entravam no santuário de Deus. Deus entra no nosso santuário. Isto é muito melhor. Não tenhamos inveja deles.

 

Não ter inveja das paredes

Na segunda leitura São Tiago recomendava que ninguém fosse apenas ouvinte, mas cumpridor da palavra. Eu olho para as paredes. Dizem que têm ouvidos. Elas ouviram tantos sermões antes de nós. Ouvem hoje tantas admoestações como nós. E depois da nossa passagem elas continuarão a ouvir a Palavra de Deus por séculos. Mas não tenhamos inveja das paredes, porque se elas têm ouvidos, nós temos mais. Nós temos ouvidos e coração. O que interessa é ouvir com o coração, amar e viver a Palavra.

 

Não ter inveja da boa apresentação

No trecho do Evangelho Jesus adverte que não basta apresentar-se bem, cumprir exteriormente, lavar o exterior. O mais importante está dentro de nós. É por isso que não podemos ter inveja das pessoas que se apresentam bem. É que nós podemos ultrapassá-las, apresentando-nos melhor no nosso interior. Não é a beleza do rosto que dá alegria ao coração, mas a beleza do coração que dá alegria ao rosto.

 

Ver também:

Puros de coração

O pecado do esquecimento

Estar bem perto

Bem perto de mim

Pela estrada fora

Fortiter in re

 

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Chorai por nós !


Memória de Santa Mónica

Túmulo de Santa Mónica
Basílica de Santo Agostinho (Roma)

Santa Mónica, chorai por nós!

Hoje a minha comunidade ao fazer a oração no final do almoço, alguém entoou: Santa Mónica! ao que todos responderam: Rogai por nós! Todos não. Houve alguém que espontaneamente respondeu: Chorai por nós.

Santa Mónica, rogai por nós!

Santa Mónica, chorai por nós!

De facto, hoje é dia de lembrar que rezar é chorar e chorar é rezar.

Se o mundo está como está, talvez seja por não chorarmos o suficiente.

Quantos filhos estão a precisar que a sua mãe chore por eles, como Santa Mónica fez pelo seu filho Agostinho.

Façamos das nossas lágrimas orações e das nossas orações lágrimas.

É, pois, impossível que um filho de tantas lágrimas e de tantas orações se perca!

 

Ver também:

O poder da oração

Santa esposa e mãe

Orações e lágrimas

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

As mangas de São José

São José tem uma túnica com umas mangas GRANDES, LARGAS e COMPRIDAS. 

Porquê?

 

Mangas grandes

         - Porque os seus braços são poderosos

Grandes mangas

         - Porque as suas mãos são generosas

 

Mangas largas

         - Para tolerar e aceitar tudo com paciência e compreensão

Largas mangas

         - Para tirar da manga todas as graças que nós precisamos

 

Mangas compridas

         - Para se esconder no silêncio e na humildade

Compridas mangas

         - Para nos ensinar a arregaçar as mangas para ajudar quem precisa

 

domingo, 22 de agosto de 2021

A crise dos discípulos


Ano B – XXI domingo comum

Dizei claramente a Quem quereis servir, a Deus ou aos ídolos.

Essas palavras são duras.

Também vós quereis ir embora?

 

Tudo isso mostra a crise dos crentes, a crise dos discípulos de ontem e de hoje.

 

Podemos então perguntar:

Ser praticante é fácil ou é difícil?

Se não fosse difícil a igreja hoje estaria cheia.

Se nós estamos aqui é que para nós é fácil ou então vale a pena fazer um esforço.

É fácil por várias razões:

1ª – Quem corre por gosto não cansa.

Nós não fazemos apenas o que gostamos, mas gostamos daquilo que fazemos. Se fazemos com gosto, é fácil.

2ª – Nós fomos feitos para isto.

Vejo um pássaro a voar e para ele isso é fácil, porque ele foi feito para isso. Vejo um peixe no mar e está à vontade porque foi feito para isso. Eu também fui feito para amar e seguir a Cristo, e, portanto, isso deve ser fácil para mim. Não é remar contra a corrente.

3ª – Basta conservar.

Eu não sou um pecador a lutar para ser santo. Sou um santo a lutar contra o pecado. Para seguir a Cristo basta conservar o que somos e o que temos. Deus dá-nos todas as condições para o seguirmos. Basta conservar ou escolher aquilo que deve ser escolhido. Quando aprendemos a optar e a escolher prioridade, tudo se torna fácil.

4ª – Deus compensa o nosso esforço.

Ninguém vai a Jesus se o Pai o não conceder. É Ele que nos atrai e nos faz caminhar na sua presença. Então porque é que há tantos que se afastam? Porque não basta ser atraído por Deus, é preciso também mostrar esforço. Para alguns é difícil ser praticante porque não se esforçam nem se deixam levar por Deus.

 

Conclusão:

Não é difícil ser praticante, o difícil é viver sem Deus.

 

É difícil porque é preciso saber escolher e renunciar.

Porque não nos esforçamos o suficiente.

Porque não estabelecemos prioridade.

 

Mas fácil porque fazemos com amor.

Porque fomos feitos para isso.

Porque basta conservar.

Porque Deus ajuda.

 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Lembra-te de Maria

 

Memória de S. Bernardo de Claraval, 1090-1153, abade da Ordem de Cister e doutor da Igreja

 

Lembra-te de Maria

E Maria lembrar-se-á de ti.

A) Lembra-te de Maria

- Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.

- Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.

- Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.

- Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do desespero, pensa em Maria.

- Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, invoca Maria.

- Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão d'Ela, não negligencies os exemplos de sua vida.

- Seguindo a Maria, não te transviarás.

- Rezando a Maria, não desesperarás.

- Pensando em maria, evitarás todo erro.

- Se Maria te sustenta, não cairás.

- Se Maria te protege, nada terás a temer.

- Se Maria te conduz, não te cansarás.

- Se Maria te é favorável, alcançarás o fim.

(Cf. São Bernardo de Claraval in 'Louvores da Virgem Maria' 2ª homilia)

 

B) Lembrai-vos ó Maria

 

Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer
que algum daqueles
que têm recorrido à vossa proteção,
implorado a vossa assistência,
e reclamado o vosso socorro,
fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, de igual confiança,
a Vós, Virgem entre todas singular,
como a Mãe recorro,
de Vós me valho e,
gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro aos Vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de Deus humanado,
mas dignai-Vos
de as ouvir propícia
e de me alcançar o que Vos rogo.

Ámen.

 

C) Lembremo-nos

Deus não nos ama porque somos bons e belos, mas somos bons e belos porque Deus nos ama. 

(São Bernardo)

 

D) Lembrar também

Vocação contagiada

Bernardo cicerone

São Bernardo

Bernardo de Claraval

Resposta de Maria

 

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

O nariz de São José

Aceitando o desafio de falar sobre o nariz de São José, já que falamos de quase todo o resto, atrevo-me a partilhar algumas lições de São José a partir de algumas expressões ou ditos populares, aplicados pela negativa.

 

1ª – Torcer o nariz.

É mostrar desagrado. É não aceitar a proposta de alguém ou recusar algo.

São José não torceu o nariz às circunstâncias da sua vida nem à missão que Deus lhe confiou. Foi um homem que sempre confiou e nunca recusou.

 

2ª – Meter o nariz no que não lhe diz respeito.

É ser intrometido. É não respeitar o que diz respeito aos outros e seus compromissos.

São José não se meteu nem quis interferir no projeto divino da sua esposa, nem da sua família. Acolheu, respeitou e colaborou sem querer condicionar ou intrometer-se.

 

3ª – Dar com o nariz na porta ou dar com a porta no nariz.

É não conseguir alcançar o que se procura, recusar algo ou não acolher alguém.

Foi o que aconteceu a José em Belém nas vésperas de Natal. Muitas portas se fecharam, mas São José, até hoje, nunca recusou nada a ninguém nem nunca fechou uma porta no nariz de alguém.

 

4ª – Andar com o nariz empinado.

É ser orgulhoso e prepotente. É não ver o chão onde pisa.

São José foi um homem justo, obediente e realista, que não precisava de impor para que o Filho lhe obedecesse.

A sua autoridade vinha-lhe da humildade e santidade.

 

5ª – Não ver um palmo à frente do nariz.

É não querer alargar os seus horizontes, é não querer ver mais além.

São José foi um homem de largos ideais, um homem de sonhos e projetos.

Foi um homem que se fez mais além indo até onde Deus o destinou.

 

Então para que servia o nariz de São José?

Se o seu nariz não serviu para se meter onde não era chamado, nem para ser torcido, nem para ser afiado, então para que tinha ele um nariz? Para que servia?

O nariz de São José servia para respirar, pois para isso foi criado, mas também para inalar o perfume de Santidade do seu próximo, sobretudo dos outros dois elementos da Sagrada Família.

 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Grande mistério do amor

 

6ª feira – XIX semana comum

Três lições do Evangelho de hoje.

 

1ª – Grande mistério

No momento da criação Deus fez Eva da costela de Adão (bem perto do coração), isto é, de um só ser Deus fez dois, para no momento do casamento, de dois seres voltar a fazer um.

 

2ª – Grande missão

Fizeram um inquérito sobre o que provoca mais mudança na vida de uma pessoa. O que ficou em primeiro lugar não foi a escola ou formação, o trabalho, a responsividade social, o desporto ou a religião, mas sim o casamento. De facto, o que mais muda a vida de uma pessoa é o casamento. É a maior fonte ou causa de mudança. Mas ninguém casa para mudar o outro. Casa-se para serem felizes os dois e para isso basta a própria pessoa mudar para melhor para que a outra seja mais feliz.

 

3ª – Grande amor

Há separações, divórcios e fracassos matrimoniais por causa da dureza do coração.

Se a água mole em pedra dura, tanto dá até que fura… então se o teu marido é pedra dura, atira-lhe água. E se a tua mulher é pedra dura, atira-lhe água. E se for água benta melhor… orações, paciência, constância, perseverança, calma etc…

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Perdoar ou ser perdoado


5ª feira – XIX semana comum

A)

O que é que custa mais:

Perdoar ou pedir perdão? Perdoar ou ser perdoado?

 

Parece que o que custa mais e tem mais valor é ser perdoado.

Porquê?

- Ser perdoado depende de alguém, depende do outro.

Perdoar só depende de mim

A alegria é igual ao ser perdoado e ao perdoar

A dor é diferente. É maior naquele que pede perdão porque pecou.

Se nos custa perdoar, pensemos que nos custaria mais se fôssemos nós a pedir perdão.

Por isso agradeçamos a oportunidade de perdoar.

É uma graça maior perdoar do que pedir perdão.

Conclusão: parece que pedir perdão custa mais e por isso tem mais valor.

 

B)

O que é que custa mais:

Perdoar aos irmãos ou perdoar aos inimigos?

 

Se teu irmão de ofender perdoa sempre.

Ao teu inimigo perdoa tudo.

 

Aos irmãos perdoamos pela constância.

Aos inimigos perdoamos pela radicalidade.

 

Aos irmãos perdoamos aos poucos.

Aos inimigos perdoamos de uma só vez.

 

Aos irmãos perdoamos com paciência.

Aos inimigos perdoamos com coragem.

 

Conclusão: parece que perdoar aos irmãos custa mais e por isso tem mais valor porque é um ato continuado.

 

C)

Ver também:

Copiar 490 vezes

Rezamos como perdoamos

A fórmula do perdão

Só perdoa a quem perdoa

Como nós perdoamos

Perdoar para ser perdoado

Perdoar sempre

Saber contar, saber perdoar

Perdoar é elevar-se

Setenta vezes sete

De dois a dois minutos

Totalidade

Perdoar é libertar-se

 

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Os ouvidos de São José


Os ouvidos de São José

Todos têm ouvidos, até mesmo as paredes têm ouvidos.

Escutar com os ouvidos até as paredes conseguem, mas escutar com o coração só a gente é que consegue.

São José ouve com os ouvidos, mas escuta com o coração. Muitas imagens de São José apresentam as suas orelhas tapadas para nos mostrar que ele escuta sobretudo com o coração.

“Hoje se escutardes a voz do Senhor, não fecheis o vosso coração…” (cf Sl 94, 8; Hb 3, 7ss). O essencial é inaudível aos ouvidos. Só se escuta vem com o coração.

Como São José escutemos sobretudo com o coração.

 

Todos têm dois ouvidos e apenas uma boca, porquê?

Para que nos lembremos que devemos escutar o dobro do que falamos ou falar metade do que ouvimos.

São José apenas escutava. pois falava pouco a ponto de não haver registo de nenhuma palavra sua nos Evangelhos. Quanto mais silencioso mais ouvinte e quanto mais ouvinte mais silencioso (em inglês estas duas palavras têm as mesmas letras – listen e silent, isto é, ouvinte e silencioso).

Como São José falemos menos e escutemos mais.

 

Todos têm um ouvido de cada lado do rosto, porquê?

É para saber escutar de um lado e do outro, como dois pratos da balança. Não é por acaso que o nosso sentido de equilíbrio se localiza nos ouvidos. Os nossos ouvidos, um de cada lado, dão-nos equilíbrio a todos os níveis.

São José, homem justo e atento a tudo e a todos, soube escutar todas as situações, consultar os planos de Deus para tomar decisões.

Como São José saibamos consultar os homens e a Deus para agirmos com justiça.

 

Todos os judeus rezam várias vezes ao dia o “Shema Israel…” - Escuta Israel o Senhor é o nosso Deus… (Dt 6,4).

Também São José, como homem piedoso assim rezava – Rezava com os ouvidos e com o coração.

Como são José rezemos com os ouvidos e com o corpo todo e façamos do nosso corpo uma oração.

 

É a escutar que a gente se conhece a nós mesmos, ao próximo e a Deus.

No episódio do Encontro do Menino Jesus no Templo, vemos a atitude comum da Sagrada Família. Maria perguntava, Jesus respondia e José escutava. Em Nazaré mais do que o filho escutar o pai, era o Pai que escutava o Filho.

Saber escutar foi o segredo de São José e foi a solução para os seus segredos.

Como são José aprendamos a escutar para descobrirmos os segredos de Deus e resolvermos os nossos segredos.

 

domingo, 8 de agosto de 2021

Acorda, come e caminha


Ano B – XIX domingo comum

 

Elias, levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer

Da primeira leitura:

Levanta-te – desperta, acorda, deixa a preguiça, mexe-te, desinstala-te.

Come – alimenta-te, sustenta-te, sacia a fome, reforça-te.

Caminha – vai em frente, progride, vai mais longe porque tens um longo caminho a percorrer.

Caminhar para comer e comer para caminhar.

Conclusão – Quem não acorda e não se sustenta não vai longe.

É preciso vencer o comodismo, alimentar-se da palavra e do pão para podermos ir longe.

 

Do Evangelho:

Quem comer deste pão viverá na eternidade.

Em geral as traduções dizem: viverá eternamente, mas parece ser antes viver na eternidade.

Quem comunga reserva o seu lugar no Paraíso, faz uma reserva para si no Céu.

Conclusão: Só quem comunga nesta terra está a reservar um lugar para si na mesa da eternidade.

 

sábado, 7 de agosto de 2021

Atitudes e virtudes


Sábado – XVIII semana comum


Podemos resumir em 3 atitudes a primeira leitura e em 3 virtudes o trecho do Evangelho de hoje.

 

1ª leitura:

- Escutar a palavra

- Interiorizar a mensagem

- Perpetuar a memória

 

Evangelho:

- Humildade (prostrou-se diante de Jesus, os discípulos reconheceram com humildade não conseguir fazer esse milagre)

- Responsabilidade (pedir pelo outro, levá-lo a Jesus)

- que torna tudo possível.

 

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Sobre a Transfiguração

 

Monte Tabor 

Festa da Transfiguração do Senhor

 

 - Carta de São João Evangelista a Lídia - 

 

Caríssima Lídia.

Pedes-me que te conte o que vimos naquele dia na montanha do Tabor. Vou pois, partilhar qual foi a minha experiência pessoal.

Estou velho, mas há muitas coisas que me lembro como se fosse hoje. Não esqueci nem o dia, a hora, as palavras, as pessoas e todos os pormenores como se tudo isso tivesse ficado gravado como pintura dentro do meu peito. Basta por isso consultar o meu coração.

Já ouviste narrar o que aconteceu naquele dia, quem acompanhou Jesus, quem encontrámos, o que vimos, o que ouvimos, o que dissemos.

Hoje, para ti, vou apenas expressar, com toda a sinceridade o que pessoalmente senti nessa circunstância.

Era manhã cedo.

Subimos, nós os três discípulos, com Jesus, em silêncio.

No meu interior pairava um sentimento de angústia. Jesus tinha dito há bem pouco tempo, por três vezes, que tinha de subir ao monte da dor, ser morto e ressuscitar. Seria naquele monte? Ao subir o Tabor parecia-me ir a caminho da morte de Jesus.

Ao chegar lá em cima, quando nos sentámos para recuperar as forças e regularizar o fôlego e rezar um pouco, uma luz forte nos envolveu a todos.

Essa luz vinha de Jesus, rodeado, como já ouviste contar, de Moisés e Elias.

Pensei logo que não me tinha enganado na subida, ao pensar que ia a caminho do Céu. Afinal, não tinha vindo em direção à morte de Jesus, mas à minha própria morte. Sim, pensei que eu tinha morrido e que já estava na glória eterna de Deus.

Ouvi Pedro dizer – que bom estarmos aqui – e conclui que também ele tinha morrido. Que bom estarmos no paraíso.

Ouvi depois uma outra voz: Este é o meu Filho muito amado, escutai-O.

Não havia dúvidas, era a voz de Deus Pai que confirmava que eu tinha morrido e que estava no Céu.

Nisto ouvi a voz de Jesus, voz que conhecia bem, voz de mestre, de amigo e de companheiro: Não tenhais medo!

Então voltei ao normal.

Tinha ido ao céu e voltara… ou melhor, não fui eu a ir à glória do Céu, foi a glória do Céu que veio até mim.

Foi esta a minha experiência.

A partir daí, sempre que me aproximava de Jesus tinha a sensação de me aproximar do Paraíso, da Glória do Céu.

Quis partilhar estas coisas para que tu também possas sentir o mesmo.

Estar com Jesus é estar no Céu, é deixar que a Glória divina esteja connosco já nesta terra, aqui e agora.

Para mim, a transfiguração de Jesus consistiu na minha subida até ao Céu ou a descida do Céu até mim.

Tu também podes experimentar o mesmo se fizeres companhia a Jesus ou se te deixares acompanhar por Ele.

A paz esteja contigo.

Ver também:

Para, escuta e olha

Os montes de Deus

Escutar, seguir e compreender

Escutar em vez de ver

Símbolos da Transfiguração

Transfiguração

Testemunhas do Tabor

Acampar no Tabor

Transfigurar-se

Ser transfigurado

Sacrificar, testemunhar e transfigurar

Escutar o Senhor

Está nos olhos