domingo, 31 de dezembro de 2017

Da nossa família


Ano B
Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José na Oitava de Natal

Jesus quis ser aquilo que nós somos
para nós sermos aquilo que Ele é.

Jesus, o Filho de Deus, aceitou crescer em família, tornar-se robusto, encher-se de sabedoria e da graça de Deus.
Maria e José tiveram a alegria de ver tudo isto no seu filho.

Que todas as famílias tenham também a mesma felicidade de verem os seus filhos crescerem, tornarem-se robustos, cheios de sabedoria e da graça de Deus.

“Assim como a Família de Nazaré foi o lugar privilegiado do amor, o meio particular onde reinou o respeito mútuo das pessoas umas pelas outras e pela sua vocação, assim como foi também a primeira escola onde mensagem cristã foi intensamente vivida, assim também a família cristã deve ser uma comunidade de amor e de vida, os seus dois valores fundamentais. E que a Igreja possa cumprir com fruto a sua missão na família e pela família.” (São João Paulo II)























Uma história familiar

Um jovem casal de engenheiros foi um dia abordado por um amigo muito mais velho:
- Vocês são capazes de entregar o vosso carro novo durante todo o dia à empregada da vossa casa?
Eles, sem perceberem onde queria chegar, responderam quase em simultâneo e sem hesitação:
- Era o que faltava! Não queremos correr esse risco.
O amigo concluiu com um ar apreensivo:
- Então, como é que deixam todo o dia os vossos filhinhos nas mãos da mesma empregada?

Atenção:
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
























sábado, 30 de dezembro de 2017

Só bebo em serviço



Brincadeira de fim de ano

No século passado, ou mais, no milénio passado, num jantar de família recusei um (ou mais um) copo de vinho dizendo:
- Eu só bebo em serviço…
O meu irmão mais velho questionou:
- Tu só bebes em serviço, isto é, não fazes outra coisa no serviço a não ser beber?
E o mais novo acrescentou:
- Tu bebes só em serviço, ou seja, mais ninguém bebe a não ser tu. Bebes sozinho. Já reparei nisso…
O meu pai assegurou:
- Só tu bebes em serviço, ou melhor, és o único a poder beber no serviço ou fora dele. Aproveita.
Então esclareci:
- Eu só bebo em serviço, isto é, hoje não quero beber fora do serviço.
A minha irmã explicou:
- Bebes só em serviço, por outras palavras, tu bebes só por obrigação.
E a minha mãe concluiu:
- Filho, tu bebes só por devoção.
Tudo isto podia ter sido evitado se o padre aceitasse o tal copo de vinho. Se o fizesse teria sido mais fácil e não se teria gasto tantas palavras e desperdiçado tanta energia.
E se tivesse bebido, com certeza, estariam vocês agora a pensar que toda esta verborreia era efeito dos copos…
- Bem, acho que neste momento já preciso tomar um grande copo de… água.



























Cuidado com a língua


Em 2017 acabamos com a Festa da Sagrada Família.

Oh! Que provocação! Que sacrilégio!
Os ateus não podem mandar em nós!

Nada disso.
São apenas coisas do calendário.
Ou então é a prova de que a língua portuguesa é bem traiçoeira ou talvez as nossas mentes sejam demasiado primárias e perversas para pensar no piorio e tirar conclusões precipitadas.

Quer dizer apenas que desta vez celebramos a Festa da Sagrada Família no dia 31 de janeiro, último dia do ano. 
Acabemos então com esta Festa!
Acabemos o ano, não a festa.


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Espada que trespassa

























Oitava de Natal – 29 de dezembro

Depois da celebração de Santo Estêvão, de São João Evangelista, dos Santos Inocentes, nesta oitava de Natal, a contemplação do martírio continua hoje com a figura de Maria, Mãe de Jesus.
O profeta Simeão anuncia esse martírio continuado de Maria.
Ela é mártir e vítima porque em plena comunhão com o seu Filho… sofre com ele, é atingida pelos mesmos golpes, suporta as mesmas provocações.
Ela é co-redentora, é vítima em comunhão com o seu Filho que veio para ser imolado.
Ela manteve-se de pé no Calvário porque o seu Filho também estava de pé pregado na cruz.

Assim pregava o Pe. António Vieira, no Colégio dos Jesuítas no Maranhão, no século XVII:
“Um dos mesmos cravos com que foi crucificado Cristo, vi eu, e beijei, é da grossura quase de um dedo, e de cumprimento pouco maior.
Com estes cravos começaram a pregar primeiro a mão esquerda, depois a direita, ultimamente os pés, estirando aquele sagrado corpo com tanta força e desumanidade.
Faziam eco no coração da lastimosa Mãe.
No corpo do Filho davam marteladas divididas.
Porque umas feriram os pés, outras a mão direita, outras a esquerda; porém na Senhora toda batiam e descarregavam juntas no mesmo lugar, porque todas feriam o coração.
Por isso Simeão chamou de espada.
Para o corpo do Filho a cruz era cruz, os cravos eram cravos, os martelos eram martelos, mas para o coração da mãe a cruz era espada, os cravos eram espada, os martelos eram espada, porque todos penetravam suas entranhas e lhe atravessavam o coração.”

Conclusão
Celebrar o Natal não é simplesmente uma questão sentimental. é algo exigente que nos pede coragem, determinação e sacrifício.
Não basta contemplar a ternura de um Deus Menino, é preciso identificar-se com Ele que se fez vítima e expiação.
Não podemos ficar apenas no ambiente festivo e contemplativo do Natal, é preciso identificar-se com Cristo que veio para se imolar por todos nós em oblação ao Pai.
É preciso unir o Natal à Paixão, Belém à Cruz, a Vida à ressurreição num mesmo mistério.


























quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Natal (60)


Fila para ver Jesus
porque sem Jesus não há Natal
e sem Natal não há Jesus

O tempo de Natal se aproximava,
a neve começara a cair.
Muita gente comprava os seus presentes
nas longas filas das lojas do Shopping.

As crianças à espera do Pai Natal
com muita emoção e alegria
não saiam dos seus lugares
para não perderem tal felicidade.

Estava eu a olhar para uma montra
quando alguém puxou pelo meu casaco.
Era um menino de sorriso meigo
que olhou para mim e me perguntou:

- Onde está a fila para ver Jesus?
Em que loja posso encontrá-lo?
Se vamos celebrar o seu nascimento
por que é que não o vemos por aqui?

Fiquei perplexo por aquela abordagem,
por aquela mensagem tão oportuna.
Esse rico menino fez-me despertar
para o grande mistério do Natal.

Limpei as lágrimas dos meus olhos
e olhei para lhe agradecer,
mas ele desaparecera depressa
como se fosse um sonho ou uma visão.

Quem sabe se ele tinha asas
ou se era o próprio Jesus que apareceu?
Só sei que eu fui repetindo todo o dia:
- Onde está a fila para ver Jesus?

Onde está a fila para ver Jesus?
Está numa loja deste Shopping?
O Pai Natal trouxe-me presentes,
mas Jesus deu a sua vida por mim!
(tradução do inglês e adaptação livre de uma canção de Becky Kelley
adaptação de desenho original de Jasiel Botelho)



















Mensagem semelhante foi partilhada pelo Papa Francisco na audiência do dia 27 de dezembro ao recordar que “Sem Jesus não há Natal… Nos nossos dias, assistimos a uma espécie de desnaturalização do Natal. Em nome de um falso respeito por quem não é cristão, muitas vezes esconde-se a vontade de marginalizar a fé, eliminando qualquer tipo de referências ao nascimento de Jesus. Sem Jesus não há Natal. É outra coisa.”


Flores em botão


Festa dos Santos Inocentes, Mártires

Três flores
Nestes primeiros dias da oitava de Natal a liturgia vai-nos ajudando a compor um bouquet de flores para o Deus Menino. São flores vermelhas, tingidas com o sangue do martírio.
Primeiro foi uma flor viçosa, no auge do seu esplendor, Santo Estêvão.
Depois foi uma flor consumida pela idade que se desfez em pétalas de amor e entrega, São João Evangelista.
Agora são as flores em botão… as crianças inocentes imoladas prematuramente que compõem o ramalhete de flores no altar do Menino Jesus.
E eu? Que espécie de flor quero oferecer a Deus?
Mais que flores, é preciso oferecer-lhe já os frutos da minha vida e da minha caridade...

Três espadas
O Pe. Dehon convida-nos hoje a “lançar um olhar sobre as pequenas vítimas imoladas por Herodes, os Santos Inocentes.
Deixemo-nos imolar pela espada do sacrifício, da obediência, da abnegação…”

























quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Consumir-se


Festa de São João Evangelista

Nos primeiros dias da oitava de Natal a liturgia convida-nos a contemplar a vida e o martírio.
Primeiro temos alguém que desejou e alcançou o martírio (na vontade e na ação) – Santo Estêvão.
Depois temos quem desejou mas não alcançou o martírio (na vontade mas não na ação) – São João Evangelista.
Por fim temos aqueles que não desejaram mas alcançaram o martírio (na ação mas não na vontade) – Os Santos Inocentes.

Jesus entregou a sua vida nascendo no meio de nós.
E nós entregamos a nossa vida consumindo-nos por Ele.

O símbolo de São João é a águia.
Como verdadeira águia, São João subiu para as alturas.
Tal foi o seu martírio, a entrega da sua vida, a sua consumação.
























terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Nasceu para servir


Festa de Santo Estêvão

Era um dos primeiros sete diáconos escolhidos pelos Apóstolos para servirem a Cristo nos irmãos…
Diácono quer dizer aquele que serve, o servo dos outros.
Logo após o Natal a Igreja, no primeiro dia da oitava, propõe-nos o exemplo de alguém que é servo, que aprendeu de Jesus, acabado de nascer, a servir como Ele.
O martírio de Santo Estêvão lembra-nos que é preciso aprender a servir como Jesus, que veio para servir e não para ser servido. Santo Estêvão aprendeu isso na vida e na morte.
Ele morreu como diácono para nos ensinar a viver servindo… 
morreu como servo para nos ensinar a viver como diáconos.


Natal (59)


Audiência de Natal

No dia de Natal Nosso Senhor deu a sua primeira audiência a quem? 
Aos pequenos e aos pobres… aos pastores que eram os últimos da sociedade de então. (Cf. Pe. Dehon, NQ 6, 1892)



















Os pastores foram os primeiros a receber o anúncio e os primeiros a fazer o anúncio.
Foram os primeiros a ser evangelizados e os primeiros a evangelizar, anunciados e anunciadores.
Anuncio-vos uma grande alegria, disse-lhes o anjo.
Por fim, os pastores regressaram da gruta, glorificando e louvando a Deus…



domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal (58)


Mensagem do Superior Geral dos Dehonianos, 
Pe. Heiner Wilmer, para o Natal 2017

Sinais de presença
Cristo veio, vem e virá

10 sinais de presença

. Colocamos no centro de tudo a atenção a um Deus que em Cristo nunca nos abandona.
. Contemplamos o que conteceu, o que acontece e o que acontecerá.
. Não celebramos uma recordação, mas uma profecia.
. Na noite de Natal o sentido da história tomou outro rumo: de Deus para o homem, do grande para o pequeno, do céu para baixo, da cidade para uma gruta, do templo para o campo de pastores.
. A história começa novamente a partir dos últimos.
. O Natal é o maior acto de fé de Deus na humanidade: confia o seu filho nas mãos de Maria.
. O estábulo e a manjedoura são um “não” aos modelos mundanos, um “não” à fome de poder, um “não” ao “assim vão as coisas”.
. O Natal não é uma festa sentimental, mas o julgamento do mundo e a nova ordem de todas as coisas.
. Cristo nasce para que se nasça.
. O Criador que tinha moldado Adão com a argila do solo faz-se Ele próprio argila desta nossa terra.




















Todos os caminhos vão dar ao presépio de Jesus
no Centro Missionário.






















Natal (57)


Assim quero anunciar o SANTO NATAL de 2017
aos meus familiares, confrades, amigos e paroquianos.


























Natal (56)


As uvas do Menino Jesus

Ao entrar no Carmelo de Lisieux Santa Teresinha recebeu a incumbência de ornar com flores uma imagem do Menino Jesus e ficava feliz quando recebia flores para esse fim.
Já doente oferecia uvas e vinho ao Menino Jesus e gostava de acariciar a sua imagem.
A infância de Jesus acompanhou Teresinha toda a sua vida. A sua relação com Jesus foi um Natal continuado. Para ela o Natal era todos os dias.

Nos seus Últimos Conselhos e Recordações de 25 de Julho de 1897, sessenta e poucos dias antes do seu falecimento, podemos ler:
“Olho para as uvas e penso – são bonitas, e têm aspeto de serem boas. 
Depois como um bago; esse não o dou ao Menino Jesus, é Ele que mo dá a mim.”
Para além da ternura e da cumplicidade entre Teresinha e o Menino Jesus, podemos ver a relação das uvas à eucaristia (vinho da nova Aliança) e à Paixão (sangue derramado como sacrifício e sofrimento tanto Dele como dela própria)
“A primeira vez que me deram uvas na enfermaria, disse ao Menino jesus: Que boas são as uvas! Não compreendo que espereis tanto tempo para me levar, já que sou um pequeno cacho de uvas e dizem que estou tão madura!"
Na explicação dos Brasões:
“A videira que separa em dois o brasão, é a figura d’Aquele que se dignou dizer-nos: Eu sou a Videira e vós os ramos. Quero que me produzais fruto.
Os dois ramos que contornam, um a Santa Face, outro o Menino Jesus, são a imagem de Teresa, que não tem senão um desejo aqui em baixo: o de se oferecer como um cachinho de uvas para refrescar Jesus Menino, para O divertir, para se deixar espremer por Ele conforme os seus caprichos e poder também matar a sede ardente que sentiu durante a sua paixão.”