sexta-feira, 29 de julho de 2022

O melhor e o mais difícil


Memória de Santa Marta, Maria e Lázaro

1ª Reflexão

Marta, Maria e Lázaro são uma família, a família de Betânia. Mas são apenas irmãos. Sim, são uma família de irmãos pois assim devemos ser todos. Todos irmãos, pois, filhos do mesmo Pai.

 

2ª reflexão

Quem é que não tem inveja dessa família que acolhia assiduamente Jesus na sua casa. Quem é que não tem pena de não poder servir a Jesus como eles? Quem é que não gostaria de oferecer a sua casa para Jesus descansar e restaurar as suas forças?

Pensando bem, eu não tenha inveja de nada disso.

Porquê?

Porque a minha sorte é muito maior. Eles é que devem ter inveja nossa, pois eles recebiam Jesus em sua casa e nós podemos receber no nosso coração na sagrada comunhão.

Eles recebiam Jesus durante alguns dias e nós podemos recebê-lo sempre.

Eles acolhiam quando Jesus passava, isto é, quando Jesus queria. E nós podemos receber Jesus quando nós quisermos.

 

3ª reflexão

A melhor parte e a parte mais difícil

Imaginem comigo esta cena:

Maria sentada aos pés de Jesus ouvia-o com atenção enquanto a sua irmã Marta atarefava-se com muito serviço.

Quando Jesus, por breves segundo, tomava uns goles de água fresca, Maria aproveitou a ocasião para lhe dizer:

- Mestre, não me leves a mal ter de interromper as tuas palavras, mas não acha melhor chamar Marta para que se sente também aqui ao meu lado para juntas saborearmos a tua presença e as tuas palavras?

- Maria, Maria – disse Jesus – Estás equivocada. Marta escolheu a parte mais difícil que lhe será sempre bem valorizada.

E Jesus continuou:

- Há quem primeiro trate da alma e depois cuide do corpo. Há quem primeiro trate do corpo e depois cuide do espírito. E há quem trate dos dois ao mesmo tempo.

A melhor parte é o que estás a fazer, maria. Cuidar da alma e depois tratar do corpo.

A parte mais difícil é tratar do corpo e depois conseguir cuidar da alma. É o caso de Marta. De facto, depois de tantas tarefas materiais ela ainda conseguirá acolher a palavra e saciar a sua alma. É difícil, mas é possível.

- E quem é que consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo?

- É quem veio não para ser servido, mas para servir. É o Filho do Homem que serve o corpo e a alma…

 

Conclusão:

Cada um tem o seu estilo de vida.

A melhor parte, ou seja, a parte mais fácil, será primeiro ser servido por Deus e depois servir a Deus.

A parte mais difícil, mas não impossível, é primeiro servir a Deus e depois deixar-se servir por Deus.

E a plenitude é apenas servir e não querer ser servido.

São as situações respetivas de Maria, de Marta e do Filho do Homem.

 

Ver também

A arte de bem receber

 

 

Candidatos a Bispo

 

A diocese onde atualmente exerço o meu ministério está sem bispo há quase nove meses. Está a chegar o tempo necessário e suficiente para uma gestação, neste caso de um novo pastor. Então porque tal não acontece? Por falta de candidatos ou por falta de aceitação, dos próprios ou dos outros?

Parece que foram propostos vários nomes para a sucessão pastoral, mas houve sempre alguém que não se revia na pessoa proposta ou tinha sempre algo negativo a apontar.

 

Candidato 1: Noé. Muito velho, (tem 120 anos). Diz que é bom pregador, mas confessou que nunca conseguiu converter ninguém.

Candidato 2: Moisés. Gagueja demais, (esse só aceitaria o convite se puder trazer seu irmão consigo).

Candidato 3: Abraão. Não para em lugar nenhum e já se meteu em problemas com as autoridades.

Candidato 4: David. Cometeu uns pecados imperdoáveis no passado.

Candidato 5: Salomão. É um sujeito muito inteligente, mais não costuma colocar em prática o que sabe.

Candidato 6: Elias. Entra facilmente em depressão se submetido a muito stress.

Candidato 7: Oseias. É um ótimo candidato, mas a sua vida familiar está em pedaços, divorciado, casou-se com uma prostituta.

Candidato 8: Jeremias. Muito emotivo e alarmista (o fulano parece ser uma dor de cabeça).

Candidato 9: Amós. Ele vem da roça (talvez devesse continuar lá)

Candidato 10: João Batista. O sujeito não tem muito tato e se veste como um Hippie (não se sentiria bem com mitra e batina vermelha)

Candidato 11: Pedro. Candidato de temperamento forte, mas meio cobarde (confessou que negou a Cristo três vezes publicamente numa única ocasião, por medo de uma mulher).

Candidato 12: Paulo. Este também não tem tato. Por demais duro, a sua aparência é igual, e as suas pregações são longas demais.

Candidato 13: Timóteo. Tem potencial, mas é muito jovem para a posição.

Candidato 14: Judas. De todos, pareceu ser o mais aceitável. Sujeito prático, cooperador, bom com finanças, pensa nos pobres e se veste bem.

 

Se o Espírito Santo desse ouvidos à estas reclamações, o bispo que ocuparia a nossa sede seria Judas, não o Tadeu, mas o Iscariotes.

Há quem veja defeito em tudo e em todos. Nada lhe agrada. Escolhe, escolhe e acaba apoiando o pior.

Ainda bem que o Espírito Santo vê as coisas doutro ponto de vista, de cima, com certeza.

 

Rezo para que Deus nos envie um bispo segundo o Seu coração.

Acredito piamente que se Deus não escolher um qualificado, vai com certeza qualificar o escolhido.

 

 

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Impressão digital de Deus


5ª feira – XVII semana comum

 

Do livro de Jeremias:

Levanta-te, desce à casa do oleiro para ouvires a minha palavra.

O que viu:

Quando o vaso que estava a moldar não saía bem, o oleiro começava de novo e fazia outro vaso.

O que ouviu:

Como o barro nas mãos do oleiro, assim estais vós na minha mão, ó casa de Israel.

O que concluiu:

Quanto mais o oleiro modela o barro, mais as suas impressões digitais ficam impressas no vaso.

 

Do Evangelho:

Quando acabou de proferir estas parábolas, Jesus continuou o seu caminho.

Jesus falou e disse,

Pegou no chapéu e foi-se.

Isto quer dizer que Jesus semeia e deixa tempo e liberdade para que cada um possa germinar, crescer e dar frutos. Ele propõe, não impõe e como amigo não empata amigo...

 

Ver também:

Parábola do oleiro

Pesca evangélica

Jesus seguiu o seu caminho


quarta-feira, 27 de julho de 2022

O tesouro é que me tem


4ª feira – XVII semana comum

Tesouro escondido ou pérola escondida

É tesouro

Porque dá alegria

Porque dá gosto

Porque dá ganho

 

É escondido

Porque é esforço

Porque pede dedicação

Porque exige conquista

 

É tesouro

Para ser desejado

Para ser valorizado

Para ser guardado

 

É escondido

Para ser revelado

Para ser procurado

Para ser encontrado

 

Esse tesouro escondido é Jesus.

Ele é tesouro

Porque fonte de alegria, de gosto e de ganho.

 

Ele é escondido

Porque exige esforço, dedicação e conquista.

 

Jesus é tesouro

Para ser desejado, valorizado e guardado.

 

Jesus é escondido

Para ser revelado, procurado e encontrado.

 

Porque é que o homem teve de vender tudo o que tinha para comprar o terreno do tesouro ou o negociante teve de vender tudo para comprar aquela pérola?

Para alcançar o que queria. Certo.

Porque o encontrado era de grande valor. Correto.

Mas há outro significado:

Simplesmente para dizer que afinal aquele tesouro é que era o proprietário do homem.

A pérola valiosa é que é o dono do negociante.

De facto, Jesus é o meu tesouro ou a minha pérola.

 

Conclusão:

O tesouro não é meu, eu é que pertenço ao tesouro (Jesus), pois deixei tudo por Ele.

A pérola preciosa não é minha, eu é que sou dessa pérola (Jesus), pois vendi tudo o que tinha.

 

Ver também:

O tesouro de Deus

De mão beijada e calejada

A melhor joia

Coração sábio, santo e simples

Coração de oiro

Pérolas preciosas

Pérolas

Ganhar um tesouro

 

terça-feira, 26 de julho de 2022

O meu avô era Joaquim


Memória de São Joaquim e de Santa Ana, pais de Nossa Senhora

 

Meu avô Joaquim

Tal como Jesus, também eu tenho um avô chamado Joaquim – Joaquim Vieira e Carolina de Jesus, Maria Barreto e Francisco de Quintal.

Joaquim, em hebraico, quer dizer: Favorecido por Javé. De facto, todos os avós ou idosos são favorecidos por Deus.

Ana, também em hebraico, significa: Favor ou graça. De facto, todas as avós são graças atrás de graças para todos.

 

Do Evangelho de hoje:

Muitos profetas e justos quiseram ver e ouvir o que vós vedes e ouvis e não tiveram essa oportunidade… portanto, aproveitai, senão eles acusar-vos-ão de desperdiçar a graça de Deus.

Quando éramos crianças e desperdiçávamos algum pedaço de pão ou deitávamos fora algum alimento, a nossa mãe sempre dizia:

- Isso é um pecado. Há tanta gente a passar fome e vocês a estragar assim a comida. É um pecado contra Deus que fez a comida para todos e uma falta de respeito para com os pobres que passam fome.

Quem desperdiça as oportunidades que Deus lhe dá para ver as suas maravilhas e escutar a sua palavra, está a incorrer o risco de ser acusado de pecado contra Deus e ser acusado por quem queria ver e ouvir e não teve oportunidade.

Portanto, aproveitemos, não desperdicemos, sejamos agradecidos.

Lições dos idosos

- Os idosos são artífices da revolução da ternura (para Francisco na sua mensagem para o II dia Mundial dos Avós e idosos, 2022)

- A fé dos idosos é o catecismo da vida para as novas gerações (Papa Francisco a 23/03/2022).

- Os idosos é fonte de contágio de educação e de delicadeza. Nalgumas comunidades quando um jovem tem um comportamento irreverente ou desadequado, há sempre alguém que pergunta:

- Na tua casa não há nenhum idoso, ou nenhum mais velho?

De facto, o convívio com os mais idosos, modela o nosso comportamento de respeito, de boa educação e de delicadeza.

- Os idosos ajudam-nos a ter uma visão global da vida. Ensina-nos a temperar o ardor dos nossos impulsos e a ver que a nossa vida, as nossas energias e o nosso vigor têm um declínio. Há que ter humildade em todas as fases da vida.

 

Ver também

Dia dos Avós e dos Idosos

O abraço dos avós

As avós

Dia dos avós

Joaquim e Ana

A sobremesa da vida

Avós do Pe. Dehon

Uma graça de Deus


 

domingo, 24 de julho de 2022

O Pai Nosso de cada dia


Ano C – XVII domingo comum

Jesus ensina onde, como e com que palavras rezar, mas não diz quando rezar, isto é, quantas vezes ao dia ou à semana.

Onde – em qualquer lugar pois Jesus estava a rezar em certo lugar. Não diz explicitamente onde porque qualquer lugar pode transformar-se em lugar de oração.

Como – Quando rezardes, fecha-te no quarto…

Com que palavras – Dizei…

E quando? – Devemos quando temos vontade? De facto alguém ao ver Jesus a rezar sentiu vontade de fazê-lo também e por isso pediu que Jesus o ensinasse. Mas não devemos rezar só quando temos vontade. Santa Teresinha do menino jesus dizia que quando a sua alma estava numa aridez e não sentia nem vontade nem gosto na oração, bastava-lhe rezar um Pai Nosso muito devagarinho e entusiasmava-se logo.

Por outro lado, o pedir o pão de cada dia indicia que devemos rezar essa oração cada dia. É precisa rezar o Pai Nosso de cada dia, para alcançar o Pão Nosso de cada dia.

Em 1990 as Paulinas editaram um livro sobre a oração do Pai Nosso. Ao mostrar a capa a um amigo disse-me alarmado:

- A tipografia enganou-se numa letra.

- Como assim? Está tudo certo. – assegurei-lhe.

- Em vez de um o, escreveram um i, isto é, Pai em vez de Pão.

- Está bem assim. O livro chama-se o Pai Nosso de cada dia e não o Pão Nosso de cada dia.

É precisa rezar o Pai Nosso de cada dia, para alcançar o Pão Nosso de cada dia.

É preciso rezar cada dia.

É preciso agradecer cada dia.

É preciso pedir cada dia.

Ser filho cada dia.

Ser irmão cada dia.

 

Certa vez um homem rico prometeu a seu filho uma mesada anual.

Cada ano, no mesmo dia, ele daria ao filho todo o valor.

Depois de um certo tempo, o pai só via o filho no dia em que este vinha receber a sua mesada.

Então o pai mudou o seu plano e passou a dar ao filho o suficiente para um dia. Assim o filho retornaria no dia seguinte para buscar novamente a sua mesada.

Daquele dia em diante o pai via o seu filho todos os dias.

 

O que é melhor fazer, dar cem vezes cem dólares, ou dar mil vezes um dólar?

É melhor dar mil vezes um, porque quanto mais eu faço uma coisa mais isso entra dentro de mim, mais interiorizo. Não é para me acostumar, mas para interiorizar e manter uma relação sempre viva.

 

É por isso que nós pedimos o pão de cada dia rezando um Pai Nosso de cada dia

 

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Procurar e ser encontrado


Festa de Santa Maria Madalena

Disse Jesus:

- Mulher, porque choras?

Ela respondeu:

- Se foste tu que levaste Jesus, diz-me onde o puseste para eu O ir buscar.

Disse-lhe Jesus:

- Maria!

Ela respondeu em hebraico:

- Rabuni! Que quer dizer Mestre.

 

Procurou e foi encontrada

Primeiro Jesus chama-a disfarçadamente de mulher, para confirmar a sinceridade do seu amor.

Depois interroga sobre a causa da sua dor. Assim aumenta-lhe o seu desejo.

Maria ao mencionar o nome de Jesus, a quem procurava, mais se inflamou no amor que lhe tinha.

Depois Jesus chama-a pelo seu nome Maria. Depois de a ter tratado pelo nome comum de mulher, sem que ela O tenha reconhecido, chama-a pelo seu nome próprio. Foi como se lhe dissesse abertamente: ‘reconhece aquele que te conhece a ti. Não é de modo genérico que te conheço, mas pessoalmente.’ Por isso Maria, ao ser chamada pelo seu nome, reconhece quem lhe falou e imediatamente lhe chama Mestre. Era ele a quem procurava externamente e era Ele que a ensinava interiormente a procurá-lo.

 

Conclusão:

Jesus, antes e depois da sua ressurreição, outrora como ainda hoje, continua a ser o mesmo mestre, o mesmo pastor que conhece as suas ovelhas pelo seu próprio nome. É ele que nos procura, que nos chama e vem ao nosso encontro e nos desperta o desejo de o encontrarmos.

Que Maria Madalena nos ensine a procurar o Senhor e a deixar-nos encontrar por Ele.

 

Maria Madalena é a encarnação do Salmo 62

Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água.

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida;
por isso, os meus lábios hão de cantar-Vos louvores.

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.

Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
Unido a Vós estou, Senhor,
a vossa mão me serve de amparo

 

 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

O semeador à beira-mar


4ª feira – XVI semana comum

 

Jesus saiu de casa

Foi para a beira-mar

Sentou-se num barco

E do mar pregou:

Saiu o semeador a semear...

- Então Jesus vai até ao mar para falar do campo?

Deveria ser mais realista e falar do campo no campo, e do mar no mar.

Porquê não fez isso?

- Para mostrar que isso não dizia respeito nem ao campo nem ao mar

Nem à agricultura nem à pesca

Nem ao trigo nem ao peixe.

Dizia respeito ao coração e à Palavra de Deus.

 

- E porque é que o texto começa por dizer que Jesus saiu de casa?

- Para mostrar que é preciso desinstalar-se para acolher a Palavra de Deus no coração. É preciso sair para a Palavra entrar.

 

domingo, 17 de julho de 2022

A arte de bem receber


Ano C – XVI domingo comum

Hospitalidade, hotel, hospital e hostilidade são palavras da mesma família. Têm todas a ver com ESTRANHO, ESTRANGEIRO = HOSTES

Hospitalidade é acolher um estranho no seu coração.

 

1ª leitura – Hospitalidade de Abraão

Salmo – Hospitalidade de Deus

Evangelho – Hospitalidade de Marta e de Maria

 

Hospitalidade de Abraão

- Abraão correu ao encontro dos três personagens que passavam junto da sua tenda. Acolher é tomar a iniciativa, é antecipar-se a servir, sem que os outros precisem de pedir seja o que for.

- Enquanto comiam Abraão estava de pé junto da porta. Acolher é estar pronto para servir. Prontidão é hospitalidade e hospitalidade é prontidão.

 

Hospitalidade de Marta e de Maria

- São duas irmãs, para nos lembrar que assumimos as duas posições ou as duas personagens. Nós somos ao mesmo tempo Marta e Maria. A escuta e o serviço, a ação e a contemplação são sempre irmãs.

- As duas ações, serviço e escuta, ação e contemplação, ocorrem ao mesmo tempo e não uma após a outra. Acolher é ser ativo na contemplação e contemplativo na oração – contempla e ativa = contemplativo. São sempre contemporâneos.

 

Ver também:

Nivelar por cima

Hóspede e hospedeiro

Receber Jesus em casa

Alojamento local

Chaves de Santa Marta

Por entre panelas

Santa Marta

Dois mundos

Parar para escutar

Marta e Maria

Marta, Marta

Em defesa de Marta

Falar, escutar, servir

Ora et labora

Não precisa justificar-se

Aprendensinar

 

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Contratador de cansados


5ª feira – XV semana comum

Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos...

Em geral nós contratamos ou convidamos os que nos podem ajudar:

- os fortes

- os espertos

- os decididos

- os sábios

- os disponíveis

- os saudáveis.

 

Jesus não faz isso.

Ele só convida ou contrata:

- os cansados

- os humildes

- os simples

- os sobrecarregados

- os oprimidos

- os rejeitados.

 

Ele não contrata especialistas, mas especializa os contratados.

Ele escolhe os infelizes, porque torna felizes os escolhidos.

Trabalhar para Jesus não cansa, alivia.

 

Então, se hoje eu me sinto cansado, desanimado, oprimido e sobrecarregado, não vou ficar triste porque é a prova de que Deus me chama para o seu serviço.

 

Ver também:

O saber ocupa lugar

Manso e humilde

Pregação telegráfica

Aprender

Aprendei de mim

Aprender a ser

Sem fadiga

Vinde a mim

Cruz leve

 

domingo, 10 de julho de 2022

O nome do bom samaritano

 

O nome do bom samaritano

 

Ano C – XV domingo comum

Três filosofias diferentes

Podemos constatar três filosofias na parábola do Bom Samaritano, três maneiras diferentes de como viver e relacionar-se com os outros. Cada filosofia está representada pelos personagens da história que Jesus contou.

1ª – A primeira filosofia que identificamos na história, é a filosofia dos bandidos, que podemos chamar de filosofia da subtração. Há pessoas que passam pela vida e se dedicam em subtrair dos outros, sugar o máximo os seus semelhantes. Aproveitar o máximo da vida, dos outros e deste mundo. Tirar todos os recursos da terra, extorquir tudo quanto pode, sem pensar nos outros nem no amanhã. É a filosofia dos bandidos desta parábola.

2ª – A outra filosofia é a da conservação ou da indiferença daqueles profissionais da religião que passaram ao lado, sacerdote e levita. Fecharam-se em si mesmo, conservaram-se estáticos ou passivos, conservaram os olhos fechados (viram, mas fingiram não ter visto) porque o seu coração conservava-se fechado. – Isso não é nada comigo, continuo indiferente na minha estrada.

3ª – A filosofia da doação, a experiência do dar, foi assumida pelo samaritano. Consiste em ir ao encontro de quem precisa, usar misericórdia sem perguntar se merecia ou não, sem esperar recompensa, sem saber o nome nem revelar o seu próprio nome.

A filosofia do samaritano é a de Jesus, a experiência de Jesus vivenciada pelo samaritano. Jesus não só dá, mas dá-se a si mesmo, entrega a sua vida.

Semelhanças entre o bom samaritano e Jesus:

- O samaritano compadeceu-se do ferido, Jesus compadeceu-se de nós.

- O samaritano desceu da sua montada para socorrer o ferido; Jesus desceu muito mais, desceu do céu, veio ao mundo para nos salvar.

- O samaritano tratou as feridas do homem caído. Jesus também trata das feridas do nosso coração.

- O samaritano derramou óleo e vinho sobre as feridas. Jesus unge-nos com o óleo da consolação e com o vinho da esperança e da alegria (unção do Espírito Santo e o vinho da nova aliança que é o seu sangue).

- O samaritano levou o homem ferido até um lugar onde ele pudesse ser cuidado e ficar bom. Jesus leva-nos para a sua igreja, onde podemos ser ficar e ser encorajados.

- O samaritano pagou o tratamento daquele homem com duas moedas de prata; Jesus pagou pela nossa salvação com a sua própria vida.

- E por último, o samaritano prometeu voltar. Jesus também prometeu que um dia voltaria para nos levar para o céu.

Esta é a vida feita doação.

 

Sem nome

Um padre, no norte da Europa, estava a viajar a pé, em pleno inverno, quando foi apanhado por um violento nevão. Os ventos eram fortes e logo ele viu-se perdido e prestes a congelar até a morte. Desesperado, sentou-se sem saber o que podia fazer. Exatamente naquele momento, um homem passou por aquele lugar num veículo puxado por cavalos. Vendo o padre ali obstruído, colocou-o sem demora no seu carro levando-o até o vilarejo mais próximo, onde tinha a certeza de que receberia os cuidados necessários. Quando o homem se preparava para continuar o seu caminho, o sacerdote perguntou:

- Diga-me qual é o seu nome porque desejo rezar por si e lembrá-lo sempre diante de Deus, com gratidão eterna pelo que me fez.

O homem que o salvara respondeu:

- Vossa reverência é um sacerdote. Por favor, diga-me o nome do Bom Samaritano.

- Eu não posso dizer, porque o seu nome não aparece no Evangelho – respondeu o padre.

Então o homem concluiu:

- Vou então ocultar o meu nome até que me diga o nome do bom samaritano.

De facto, nem o homem assaltado, nem aqueles que o assaltaram, nem o sacerdote e o levita, nem mesmo o samaritano têm nome nesta parábola.

Porquê?

Porque podem ser cada um de nós, eu ou tu. O nome de cada um deles pode ser o nosso próprio nome.

Mas querem saber mesmo qual o nome do bom samaritano?

Eu tenho a certeza que se chama JESUS CRISTO.

À margem

Na parábola do bom samaritano, quando Jesus perguntou quem parecia ter sido o próximo do homem assaltado, o doutor da lei, em vez de responder “o samaritano”, como tinha ouvido, disse: “aquele que usou de misericórdia para com ele”.  

Todo esse rodeio, apenas para não proferir a palavra samaritano, que era um estrangeiro ou sectário.

Isto que dizer várias coisas:

- Pode indicar que o bem desfaz qualquer fronteira, raça ou outras distinções e por isso deixou de haver samaritanos e judeus, mas apenas quem usa de misericórdia…

- Por outro lado pode indicar que ele fez o bem não por ser samaritano, mas por ter um coração misericordioso.

- Por fim pode querer dizer simplesmente que o doutor da lei tinha dificuldade em aceitar o facto de ter sido um samaritano a fazer o bem em oposição ao sacerdote ou levita.

 

Ver também:

O coração do bom samaritano

Jesus samaritano

Vai e faz o mesmo

Um samaritano bom

Versão alegórica

Bom samaritano

Ver com o coração

Fazer o mesmo