quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Adivinha qual é o dia


- Qual é o dia qual é ele em que ao longo do último milénio morreu menos gente?

- Tenho a certeza que foi o dia 29 de fevereiro.

 

- Também posso perguntar em que mês as mulheres falam menos?

- Tal como toda a gente, falam menos no mês de fevereiro.

 

- E em que dia é que elas falam menos?

- No dia 29 de fevereiro, pois falam só de quatro em quatro anos.

 

- Faço anos hoje, 29 de fevereiro. Não me dás os parabéns?

- E em que ano nasceste?

- Em 1999.

- És um grande mentiroso!

- Porquê? Não acreditas em mim?

- Não podes ter nascido num dia que não existiu.


Ver também:

Qual é o maior mês do ano?



 

Destinos diferentes


5ª feira – II semana da quaresma


A parábola do homem rico e do pobre Lázaro

REFLEXÕES AVULSO 

 

1ª – Deus ama os pobres

Assim pregou o Papa Bento XVI – No Evangelho deste dia (Lc 16, 19-31), Jesus narra a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. O primeiro vive no luxo e no egoísmo, e quando morre, vai para o inferno. Ao contrário, o pobre, que se alimenta com as migalhas que caem da mesa do rico, quando morre é levado pelos anjos para a casa eterna de Deus e dos santos.

Mas a mensagem da parábola vai além: recorda que, enquanto estivermos neste mundo, devemos ouvir o Senhor que nos fala mediante as sagradas Escrituras e viver segundo a sua vontade, caso contrário, depois da morte, será demasiado tarde para se corrigir.

Portanto, esta parábola diz-nos duas coisas: a primeira é que Deus ama os pobres e eleva-os da sua humilhação; a segunda é que o nosso destino eterno está condicionado pela nossa atitude, compete a nós seguir o caminho que Deus nos mostrou para alcançar a vida, e este caminho é o amor, entendido não como sentimento, mas como serviço aos outros, na caridade de Cristo.

 

2ª – Ao lado dos pobres, sempre

Nascido em 17 de outubro de 1912 em Forno di Canale (hoje Canale d'Agordo), na província de Belluno, norte da Itália, e falecido em 28 de setembro de 1978 no Vaticano, Albino Luciani foi Papa apenas por 34 dias, um dos pontificados mais breves da história. Era filho de um operário socialista que trabalhava há muito tempo como emigrante na Suíça. No bilhete escrito pelo seu pai, dando-lhe o consentimento para entrar no seminário, lê-se: Espero que quando fores padre, fiques ao lado dos pobres, porque Cristo estava ao lado deles. Palavras que Luciani colocaria em prática durante toda sua vida.

 

3ª – Não se esqueça dos pobres

Estas foram as primeiras palavras dirigidas pelo Cardeal brasileiro Cláudio Hummes àquele que estava a seu lado e que tinha sido eleito papa nesse momento e que tomou o nome de Francisco.  

Se Deus não se esquece dos pobres, quem somos nós para os ignorarmos. A indiferença é um pecado.

 

4ª – Os ricos pecadores

Porque é que na Igreja sempre nos convidam a rezar pela conversão dos pobres pecadores e nunca pela conversão dos ricos pecadores?

É porque não se pode rezar pelos ricos?

Ou será que os ricos não têm conversão possível?

Até mesmo na oração há descriminação entre pobres e ricos?

Será que todos os pecadores são pobres ou porque todos os pobres são pecadores?

E vale a pena rezar por um condenado?

Do inferno pode sair alguém?

Para evitar isto, devemos rezar simplesmente pelos pecadores sem explicitar mais nada, isto é, rezar sem julgar nem condenar nada e ninguém.

Rezar pelos pecadores é rezar por todos.

Um dia, um bispo foi visitar uma idosa acamada.

Ao despedir-se pediu que ela não se esquecesse de rezar pelo seu bispo.

- Sim, sim, Sr. Bispo. Eu todos os dias rezo pelos pobres pecadores.

 

Ver também:

Nem pobres nem ricos

O pecado da indiferença

 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A paciência de Jesus


4ª feira – II semana da quaresma

A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus e prostrou-se (com humildade) para lhe fazer um pedido.

Jesus (com paciência) apesar de já saber o que lhe pedia mesmo antes de ouvir) perguntou-lhe:

- Que queres?

Ela disse-lhe:

 Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda.

Jesus (com paciência) respondeu:

- Não sabeis o que estais a pedir.

De facto, ela pedia não porque queria que os seus filhos ficassem ao lado de Jesus (ou mais perto dele) mas porque queria que eles ficassem acima dos outros discípulos.

Por isso os outros dez discípulos indignaram-se contra os dois irmãos.

Então Jesus (com paciência) declarou-lhes:

- A minha marca é o serviço e essa deve ser também a marca dos meus discípulos.

Conclusão:

A marca de Cristo e do Cristão é amar.

Jesus tem muita paciência para escutar, explicar, apaziguar, ensinar, repetir, perdoar…

É preciso muita paciência.

 

Ver também:

As cinco ilusões de Salomé

O sonho de qualquer mãe

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Acompanhar, subir e ver

Ano B – II domingo da quaresma

1 – Acompanhar

Jesus convidou Pedro, Tiago e João para o acompanharem para que nunca esqueçamos que é Ele a nos acompanhar sempre.

Convidou 3 dos seus discípulos porque representam a comunidade.

Juntos e na companhia de Jesus seremos capazes de escalar montanhas, vencer obstáculos, ultrapassar barreiras e dificuldades.

A melhor companhia não é individual, mas comunitária.

 

2 – Subir

Juntos subiram a um alto monte.

Geograficamente foi o monte Tabor, na Galileia, mas simbolicamente é o monte do Calvário, da cruz.

Com a sua Transfiguração Jesus está a apontar para o outro lado do sofrimento e da cruz.

O monte Tabor aponta para o Monte Calvário e o Calvário aponta para o Tabor.

A melhor maneira de subir é acompanhado e leva sempre a uma transfiguração.

 

3 – Ver

Quando acompanhamos alguém, quando subimos com esforço e damos volta à nossa vida, passamos a ver melhor. Não foi Jesus que mudou a sua figura. Os olhos dos discípulos é que ficaram diferentes:

- Porque alargaram os seus horizontes, vendo mais além.

- Porque aprofundaram o seu olhar até ao íntimo do seu coração e do coração de Outro.

- Porque passaram a ver as coisas numa outra perspetiva, isto é, do jeito de Deus ou como Deus vê.

 

Ver também:

Os degraus do Monte Tabor

A primeira romaria

 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A melhor oferta é o perdão


6ª feira – I semana da quaresma
1ª reflexão
A melhor oferta que Deus quer receber é o perdão entre os irmãos.
O melhor abraço que Deus quer é o abraço entre dois reconciliados.
A melhor oração é amar.
O melhor jejum é partilhar o pão com o irmão.
 
2ª reflexão
Se fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti… vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta.
Jesus fez tal e qual.
De facto, ele vive o que ensina e ensina o que vive.
No altar da cruz ele deu primeiro o seu perdão: - Pai, perdoai-lhes que não sabem o que fazem.
Depois ofereceu o seu sacrifício: - Pai, nas vossas mãos entrego o meu espírito.
Agradeçamos este exemplo de Jesus.
 
3ª reflexão
O melhor coração, o mais precioso coração, não é o de ouro, o que sabe ser generoso, ou o que resiste mais.
O melhor coração não é simplesmente o que ama mais, mas o que perdoa mais.
Quem perdoa mais é o que tem melhor coração.
 

 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Uma cadeira de pedra


Festa da Cadeira de São Pedro, Apóstolo
1ª reflexão
Em fevereiro os antigos romanos honravam a memória dos seus idos ou defuntos, com um banquete em redor da sua cátedra (cadeira reservada ao defunto) para significar que ele estava presente no banquete.
Desde o século IV os cristais começaram a honrar uma ‘cadeira’ mais espiritual: a de Pedro, chefe da Igreja de Roma, reconhecendo a missão única que Jesus lhe confiou, salientando o fundamento visível da unidade da Igreja, a obediência e a solidariedade para com o Papa. Na celebração dos cristãos, a cadeira de Pedro nunca está vazia.
 
2ª reflexão
Conta-se que no norte de Portugal, numa cidade conhecida como a capital do móvel, onde abundam fábricas de mesas e cadeiras, um bom cristão foi ter com o pároco.
- Senhor padre. Há já vários anos que em fevereiro aqui na igreja é feito um peditório para a cadeira de São Pedro. Parece que os carpinteiros ainda não conseguiram fazê-la. Para fazer uma cadeira é preciso assim tanto dinheiro e tanto tempo? O Senhor padre pode encomendar essa cadeira aos nossos carpinteiros, que fazem isso depressa e bem e até de graça.
A ingenuidade deste cristão expressa perfeitamente o objetivo desta festa da Cadeira de São Pedro:
- Participar e colaborar com o múnus de Pedro.
- Manter a unidade e a solidariedade com o Papa.
- Obedecer e servir o servo dos servos da Igreja
 
3ª reflexão
A liturgia reconhece a figura plurifacetada de São Pedro.
Há uma festa para celebrar e contemplar as várias realidades:
- A barca de São Pedro
- A cadeira de São Pedro
- As chaves de São Pedro
- O peixe de São Pedro
- O galo de São Pedro
- As cadeias de São Pedro
- A cruz de São Pedro
- O túmulo de São Pedro
- A basílica de São Pedro
Sem contar com a negação de Pedro, a pesca de Pedro, a profissão de fé de Pedro, o milagre de Pedro, a pregação de Pedro.
São oportunidades diferentes, mas complementares para contemplar o mistério e ministério que Jesus entregou a Pedro.
 
4ª reflexão
Na Basílica de São Pedro em Roma a Cátedra ou Cadeira de são Pedro, é uma obra do escultor italiano Gian Lorenzo Bernini, feita entre 1647 e 1653. É feita em bronze, sustentada pelas estátuas de quatro doutores da Igreja. Dois do Ocidente, Santo Agostinho e Santo Ambrósio, e dois do Orientes, São João Crisóstomo e Santo Atanásio.
Mais do que madeira ou de bronze eu quero contemplar uma cadeira de pedra, feita da mesma matéria que Pedro, firme como rocha, duro mas recetivo, pedra viva da construção do Senhor.
 
Ver também:
O perfil de Simão Pedro

Aqui há gato


Neste dia 22 do 2 partilhamos 22 curiosidade sobre os gatos.
 
O1 – Hoje é o dia do gato – 22/02
No Japão, a onomatopeia para o miar é “nyan nyan nyan“, que se parece com o som de “ni” (dois, em japonês). A partir do jogo de palavras e por sugestão da indústria de ração, em 1987 ficou estabelecido que 22 do 2 (fevereiro) seria o Dia do Gato.
 
02 – O mundo é como um gato
03 – Na Bíblia não há gatos
Os gatos nunca são mencionados na Bíblia. Tal explica-se como reação à veneração dos felinos no Egito. A sua ligação aos deuses do paganismo fez com que fosse ignorado pelas Escrituras. Já bastava a  omnipresença de imagens felinas nos hierógrafos egípcios .
 
04 – A domesticação dos gatos
Terá começado há cerca de 9.000 anos, no Próximo Oriente e depois no Egito. Os gatos seguiram os humanos por toda a parte, desde as férteis planícies do Egito, até aos barcos dos vikings.
 
05 – Diferença de cão e gato
Um antigo professor de Filosofia explicou, numa certa ocasião, a diferença entre gatos e cães com uma parábola curiosa:
Um cão olha para o dono e pensa: "este tipo alimenta-me, trata de mim, dá-me abrigo, brinca comigo e leva-me a passear. Ele deve ser Deus!"
Já o gato, por seu lado, olha para o dono e pensa: "Este tipo dá-me comida e água, dá-me abrigo, brinca comigo e deixa-me fazer o que quero. Eu devo ser Deus!"
O gato tem tudo para ser declarado o símbolo da autoestima.
 
06 – Sábio, mas selvagem
O historiador francês Taine escreveu: "conheci muitos pensadores e muitos gatos, mas a sabedoria dos gatos é infinitamente superior."
Theophile Gautier disse que "Deus criou o gato para dar ao homem o prazer de acariciar um tigre".
 
07 – O gato é como uma rosa
Note-se a semelhança entre as suas armas de defesa. Falamos na garra do gato e no espinho da rosa. No entanto, a forma da unha felina é muito semelhante à forma do espinho da rosa. É, aliás, de tal modo parecida que podemos até trocá-los e dizer: as patas felinas têm espinhos; os caules das rosas têm garras.
Tocar um gato é como tocar uma rosa. Não deveremos fazê-lo de qualquer maneira, mas com calma e jeito.
Gatos e rosas são elegantes, delicados e harmoniosos. Estão connosco há milénios.
 
08 – Padroeira dos Gatos
É Santa Gertrudes de Nivelles, que nasceu na Bélgica no ano 626. Conta-se que quando freira, Santa Gertrudes tinha visões. E nessas visões, via as almas do Purgatório transformadas em gatos negros, que depois se tornavam dourados, o que simbolizava a salvação das suas almas. Por esse motivo, esta santa é invocada para pedir proteção contra pragas de ratos, para perder o medo de roedores e também para pedir proteção para os gatos, naturais caçadores de ratos.
 
09 – Oração pelos gatos
Bondosa Santa Gertrudes,
a ti que és a protetora dos gatos e de todos os felinos,
peço com especial fervor e devoção
que protejas o (dizer o nome do gato) de todo e qualquer mal
e de toda e qualquer dor ou doença.
Protege-o contra pessoas maldosas,
mantendo-o sempre abrigado e em segurança.
Toma conta do (dizer o nome do gato) todos os dias,
trazendo-o de volta ao seu lar se algum dia se perder.
Concede-lhe, a ele e aos seus donos,
 uma vida boa, feliz e com saúde,
livre de qualquer dificuldade. Ámen.
 
10 – Adivinha
- Como é que se tira o leite à gata?
- Retirando o prato para o lado.
 
11 – Politicamente correto:
Em vez de cantar como antigamente, podemos adaptar a letra para não ofender o gato:
Atirei o Pau ao gato-to
mas o gato-to
não morreu-eu-eu
Dona Chica-ca
assustou-se-se
com o berro
com o berro que o gato deu
Miauuu!!!!
 
A primeira alternativa foi:
Atirei o peixe ao gato-to
Mas o gato-to
Não comeu-eu-eu
Dona Chica-ca
Admirou-se-se
Do berro
Do berro que o gato deu
Miauuuu.
 
Mas é preciso de facto não assustar nem a Dona Chica nem atirar o peixe.
Então pode ficar assim:
Atirei um beijo ao gato-to
E o gato-to
Não se moveu-veu-veu
Dona Chica-ca
Admirou-se-se
Do miau,
do miau
Que o gato deu.
Miauuuu.
 
Ou então, para os mais fundamentalistas:
Não atirei o pau ao gato-to
porque isso-so
não se faz, não se faz
O gatinho-nho
é bonzinho-nho
e devemos
proteger os animais
Miauuu.
 
12 – Ditado popular
Quem não tem cão
Caça como gato,
Isto é, caça sozinho.
 
13 – À noite todos os gatos são pardos, mas de dia são de todas as cores
Era uma vez um gato xadrez
Caiu da janela e foi só uma vez.
 
Era uma vez um gato azul
Levou um susto e fugiu para o sul.
 
Era uma vez um gato vermelho
Entrou no banheiro e fez careta no espelho.
 
Era uma vez um gato amarelo
Esqueceu de comer e ficou meio magrelo.
 
Era uma vez um gato verde
Ele era preguiçoso e foi deitar na rede.
 
Era uma vez m gato colorido
Brincava com os amigos e era muito divertido
 
Era uma vez um gato laranja
Ficou doente só queria canja.
 
Era uma vez um gato marrom
Olho pra gata e fez ronron.
 
Era uma vez um gato rosa
Comeu uma sardinha deliciosa.
 
Era uma vez um gato branco
Era tão sapeca que pulou no barranco.
 
Era uma vez um gato xadrez
Quem gostou desta história que conte outra vez.
 
(Bia Villela)
 
14 – Os dois gatos de Bocage
Dois bichanos se encontraram
Sobre uma trapeira um dia:
(Creio que não foi no tempo
Da amorosa gritaria).
 
De um deles todo o conchego
Era dormir no borralho;
O outro em leito de senhora
Tinha mimoso agasalho.
 
Ao primeiro o dono humilde
Espinhas apenas dava;
Com esquisitos manjares
O segundo se engordava.
 
Miou, e lambeu-o aquele
Por o ver da sua casta;
Eis que o brutinho orgulhoso
De si com desdém o afasta.
 
Aguda unha vibrando
Lhe diz: ''Gato vil e pobre,
Tens semelhante ousadia
Comigo, opulento, e nobre?
 
Cuidas que sou como tu?
Asneirão, quanto te enganas!
Entendes que me sustento
De espinhas, ou barbatanas?
 
Logro tudo o que desejo,
Dão-me de comer na mão;
Tu lazeras, e dormimos
Eu na cama, e tu no chão.
 
Poderás dizer-me a isto
Que nunca te conheci;
Mas para ver que não minto
Basta-me olhar para ti.''
 
''Ui! (responde-lhe o gatorro,
Mostrando um ar de estranheza)
És mais que eu? Que distinção
Pôs em nós a Natureza?
 
Tens mais valor? Eis aqui
A ocasião de o provar.''
''Nada (acode o cavalheiro)
Eu não costumo brigar.''
 
''Então (torna-lhe enfadado
O nosso vilão ruim)
Se tu não és mais valente,
Em que és sup'rior a mim?
 
Tu não mias?'' - ''Mio.'' - ''E sentes
Gosto em pilhar algum rato?''
''Sim.'' - Eo comes?'' - ''Oh! Se como!...''
''Logo não passa de um gato.
 
Abate, pois, esse orgulho,
Intratável criatura:
Não tens mais nobreza que eu;
O que tens é mais ventura.''
 
15 – O gato de Fernando Pessoa
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
 
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
 
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Em vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
 
(Fernando Pessoa, Cancioneiro)
 
16 – O gato de Vinícius de Moraes
Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, para
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga
 
17 – Ode ao gato de   Pablo Neruda
Os animais foram
imperfeitos,
compridos  de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, vóo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
 
O homem quer ser peixe e pássaro
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

 
18 – Prosa cão, poesia gato
A prosa é um cão e a poesia é um gato. Tal como os cães a prosa é fiel e escorreita, simples e útil; pode vir dum modo mais lento e langoroso, como um cão ao sol, ou saltitante a raiar a histeria, como um cão excitado, mas percebe-se sempre onde ela quer chegar, seja pelo focinho ou, como é mais certo, pela cauda.
Prosa cão, poesia gato.
Já a poesia é toda ela gato: difícil de aturar, inexpressiva para quem não a conhece, esguia, sinuosa e insinuante e, tal como a aristocracia, só serve para fazer o bonito.
 
19 – Os Gatos de Fialho de Almeida
Série de folhetos críticos inspirados pelas Farpas de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. No curioso prefácio, Fialho de Almeida justifica o título da obra, comparando o crítico ao gato, "nervoso e ágil, refletido e preguiçoso", com "o rom-rom e a garra, a língua espinhosa e a callinerie", e propõe-se desempenhar a sua tarefa "miando pouco, arranhando sempre e não temendo nunca". Os numerosos e por vezes extensos artigos que preenchem os seis volumes, todos sumariados, ocupam-se de uma variedade de temas: acontecimentos político-sociais (a incúria do Governo português na proteção da arte, o Ultimato inglês de 1890, o republicanismo da cidade do Porto); notas de viagem; crónicas de exposições artísticas e acontecimentos teatrais; críticas de arte (a Columbano, Silva Porto, Malhoa, etc.); reflexões sobre a literatura contemporânea (artigos sobre Guilherme de Azevedo, os "simbolistas e decadistas cá da casa", etc.); algumas narrativas; e ainda vários fait divers.
Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronron e a garra, a língua espinhosa e a calinerie. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e preguiçoso; artista até ao requinte, sarcasta até à tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes, e terrível com agressores e adversários.
Um pouco lambareiro talvez perante as belas coisas, e um quase nada cético perante as coisas consagradas: achando a quase todos os deuses pés de barro, ventre de jiboia a quase todos os homens, e a quase todos os tribunais, portas travessas. – Amigo de fazer jongleries com a primeira bola de papel que alguém lhe atire, ou seja, um tratado, ou seja, um código.
Paciente em aguardar; manso e apagado, com um ar de mistério, horas e horas, a sortida dum rato pelos interstícios dum tapume, e pelando-se, uma vez caçada a presa, por fazer da agonia dela, uma distração: ora enrolando-a como um cigarro, entre as patinhas de veludo: ora fingindo que lhe concede a liberdade, e atirando-a ao ar, recebendo-a entre os dentes, roçando-se por ela e moendo-a, de a deixar num picado ou num frangalho.
Desde que nosso tempo englobou os homens em três categorias de brutos, o asno, o cão e o gato – isto é: o animal de trabalho, o animal de ataque, e o animal de humor e fantasia – por que, não escolhemos nós, o travesti do último? É o que se quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da escravidão do asno, e das dentadas famintas do cachorro.
Razão por que nos achará aqui, leitor, miando pouco, arranhando sempre e não temendo nunca.
 
20 – Humor infantil:
Uma criança ao constatar que o gato estava a ronronar:
- Ó mãe, o gato foi dormir e deixou o motor a trabalhar.
 
21 – Pensamentos de gatos
Gato que não morde, arranha.
Bonitas palavras não engordam gatos.
Em casa de vilão, nem gato, nem cão.
A curiosidade matou o gato.
De noite todos os gatos são pardos.
Gato escaldado de água fria tem medo.
Olho no prato, outro no gato.
Um gato vai para o mosteiro, mas permanece gato.
O gato tem sete vidas.
Quando o gato está fora, os ratos brincam.
Quem não tem cão, caça com gato.
Brigar como cão e gato.
Comprar gato por lebre.
Gato escondido com rabo de fora.
Não é por aí que o gato vai às filós.
Quem guarda com fome, o gato come.
Cair como gato é cair de pé.
Quando o gato cala é porque comeu a língua.
O gato nunca ri, nem chora; está sempre pensando.
Para escreve sobre os homens, é preciso ter em casa um gato.
Se os gatos pudessem falar, eles nunca o fariam.
O gato adora peixe, mas detesta pé molhados.
 
 
22 – Ver também:
Sermão aos gatos
 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Com quem somos parecidos


4ª feira – I semana da quaresma

Aqui está quem é maior do que Jonas.

 

Jesus é maior que Jonas na imortalidade

Jonas esteve 3 dias no ventre da baleia e  depois saiu para cumprir a sua missão, para depois morrer como todos os humanos.

Jesus esteve 3 dias no seio da terra e depois ressuscitou para nunca mais morrer e nos dar a vida eterna.

 

Jesus é maior que Jonas no poder

Jonas pregou a conversão dos ninivitas para que pudessem ser perdoados.

Jesus pregou a conversão de todos para os perdoar.

Jonas mandava os ninivitas se arrependessem mas não podia perdoar-lhes os seus pecado e salvá-los porque só Deus tinha poder para tal.

Jesus não só convida à conversão, como também dá o seu perdão e a salvação.

 

Jesus é maior que Jonas no tempo

Jonas terá vivido nos anos 400 antes de Cristo.

Apesar disso Jesus é maior porque é eterno, pois vive desde sempre.

Parece que Jonas nasceu primeiro, mas afinal Jesus existe desde toda a eternidade. Não é Jesus que é parecido com Jonas, mas Jonas é que foi criado à imagem e semelhança de Jesus.

 

Jesus é maior que Jonas na sua mensagem

Porque Jonas anuncia a universalidade, a salvação e a misericórdia para todos, mas vive o que prega.

Jesus não só anuncia a mensagem com a sua palavra, mas também com o seu exemplo e com a sua vida. Jesus ensina o que vive e vive o que ensina.

 

Jesus é maior que Jonas na responsabilidade

Jonas procura cumprir a missão que lhe entregam, não convencido daquilo que faz. Prefere ficar na baleia, descansando, ou à sombra do rícino sem assumir a sua responsabilidade.

Jesus não se poupou nem à morte na cruz para realizar o projeto de salvar tudo o que estava perdido.

 

Conclusão:

Com quem nos parecemos mais?

Com Jonas ou com Jesus.

Quando queremos ficar escondidos e descansados, sem vontade para colaborar, somos como Jonas.

Quando não aceitamos o arrependimento, o perdão e a vida nova dos irmãos, somos tal como Jonas.

Quando cumprimos apenas com a palavra e não com as obras e não damos bom exemplo, somos iguais a Jonas,

Quando pensamos apenas neste mundo esquecendo que pertencemos à eternidade, somos parecidos com Jonas.

Quando não estamos dispostos a sofrer e não acreditamos naquilo que fazemos ou no que Deus espera de nós, somos iguais a Jonas.

Isto faz-nos parecidos com Jonas, mas nós nascemos para ser parecidos com Jesus Cristo, feitos à sua imagem e semelhança, porque só ele é o nosso salvador.

 

À margem:

Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo…

A conversão, o arrependimento e a mudança de vida são para serem vistos e não apenas para serem ditos, prometidos ou escutados.

Deus quer ver e não escutar apenas, quer observar o que nós fazemos e não ouvir promessas ou boas intenções.

 

Ver também:

Jesus maior que Jonas

 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Rezar com uma só palavra


3ª feira – I semana da quaresma

Em sete frases:

REZAR É PEDIR SÓ O NECESSÁRIO – Mt 6,7-15 – é por isso que Jesus ensina a rezar o PAI NOSSO.

Deus não se faz conhecer pela “quantidade” das ORAÇÕES mas pela qualidade da nossa ORAÇÃO. Não quer que multipliquemos as  palavras, nem enfeitemos com figuras de estilo a nossa oração. Ele vê o nosso coração e nos pede para permanecer diante Dele de mãos abertas, em silencio com verdadeira humildade e nos dará tudo aquilo que precisamos. As muitas palavras ou o excesso de gramática pode cegar os nossos olhos para a presença de Deus Pai na nossa oração.

 

Em sete palavras

Embora Jesus tivesse reduzido a 7 frases a oração do Pai Nosso, podemos reduzi-la ainda mais.

Em 7 palavras:

Pai nosso

Glória

Grandeza

Graça

Pão Nosso

Perdão

Proteção

 

Numa palavra só

Ou então, até podemos resumir o Pai Nosso numa única palavra.

Qual poderá ser?

É AMAR.

Toda a oração do Pai Nosso concentra-se numa só palavra – AMAR.

De facto, a melhor oração é amar.

 

Ver também:

A oração das orações