domingo, 30 de abril de 2023

Vocação: graça e missão


60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

O caminho que cada um tem

para seguir a Cristo

chama-se VOCAÇÂO


A mensagem do Papa Francisco para este dia tem como tema:

VOCAÇÃO: GRAÇA E MISSÂO.

 

De facto, toda a vocação é ao mesmo tempo um dom e uma tarefa,

É um presente e uma conquista,

Algo que se recebe e algo que se oferece.

 

Porque é que hoje os seminários estão cada vez mais vazios, há cada vez menos sacerdotes?

Porque há tamanha crise de vocações sacerdotais?

Infelizmente podemos constatar que há também tanta crise de vocação matrimonial, crise de vocação familiar, crise de vocação de vida cristã.

Então perguntemos: Há crise de vocação sacerdotal porque há crise de vocação matrimonial, ou há crise de vocação matrimonial porque há crise de vocação sacerdotal?

Com certeza que uma causa a outra e vice-versa.

Rezemos para que haja bons sacerdotes e sacerdotes bons.

Rezemos para que haja boas famílias e famílias boas.

E assim ultrapassaremos estas crises de falta de vocações quer matrimoniais quer sacerdotais.

 

As ovelhas do Bom Pastor


Ano A – IV domingo da Páscoa – Dia do Bom Pastor

 

Mais do que um sermão, hoje quero ajudar a educar o olhar.

Quero apontar para a instalação à frente do altar, apreciá-la e descobrir o seu significado.

- Porque é são ovelhas e não outros animais?

- Porque não há pastor sem ovelhas e não há ovelhas sem pastor. Porque é o animal com quem nós nos devemos parecer mais. É um animal único. Os outros fogem, escouceiam, dão chifradas, berram, gritam. A ovelha espera, deixa-se apanhar sem barafustar, sem se defender. É obediente, calma e humilde. Como se deixa levar, precisa de um bom pastor.

 

- Porquê duas ovelhas e não apenas uma?

- Porque as ovelhas lembram-se do que o bom pastor disse - onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles.  O rebanho é um bom exemplo da comunidade dos crentes que se abandona aos cuidados do bom pastor.

 

- Porque tão poucas ovelhas?

- Porque, como rezamos na oração da colecta de hoje somos um pequenino rebanho. Poucos, mas bons.

 

- Porque é que não têm olhos, nem boca, nem nariz?

- Porque estão voltadas para o pastor que está sobre o altar. Nós não vemos o seu rosto porque estão de costas para nós, mas de frente para o Pastor.

 

- Porque só aparecem as suas orelhas?

- Para ouvir melhor o pastor a chamar pelo seu nome.

 

- Porque é que não vemos o seu rosto?

- Porque esse rosto pode ser o meu, o teu ou o rosto de qualquer pessoa. O seu rosto deve ser uma espécie de espelho que reflete o rosto de cada um de nós.

 

- Porque é que não estão de pé?

- Porque rezam – o Senhor é meu pastor nada me falta, leva-me a descansar em verdes prados. Ou então estão sentadas à mesa preparada pelo seu pastor, onde o cálice transborda para reconforto da alma.

 

- Porque é estas ovelhas não têm pormenores ou elementos decorativos?

- Porque mesmo não tendo tudo, nada lhes falta porque o Senhor é tudo para elas.

 

- Porque são brancas estas ovelhas?

- Porque não há ovelhas negras nem ovelhas tresmalhadas no rebanho do Senhor, porque ele procura a ovelha perdida até a encontrar e purificar.

 

- Porque é que estão aos pés do altar?

- Porque são ovelhas prontas para serem oferecidas em sacrifício ou imoladas como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

 

- Porque é que estão alinhadas frente a frente uma para a outra?

- Porque diante de Deus não querem virar as costas para ninguém. Porque amam a Deus seu bom pastor e amam-se uma às outras como ovelhas do mesmo rebanho

 

Ver também:

Os pastores são paistores

 

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Importância de uma viagem


6ª feira – III semana da Páscoa

Na vida de São Paulo tudo acontece no caminho para mostrar que tudo é caminho.

Foi no caminho, na viagem para damasco, que Paulo se encontrou pela primeira vez com Jesus.

Começou essa nova viagem caído por terra e a partir daí nunca mais parou de percorrer o seu caminho com Cristo.

As viagens de Paulo foram funcionais na medida em que os seus trajetos derivam de um objetivo preciso. Fosse a Antioquia, a Éfeso, à Macedónia, Paulo era sempre conduzido pelo mesmo apelo. Cartografava as suas etapas a partir do projeto muito nítido de evangelização. Paulo viajava a partir de um sentido, de uma intencionalidade eclesial. Não era uma simples viagem. Era um estilo de vida e de destino. Paulo é o apóstolo do caminho, das viagens missionárias.

Paulo mostra que o caminho é missionário.

O caminho mostra que Paulo é imparável.

 

A importância das viagens:

Porque é que os homens se deslocam em vez de ficarem quietos? As viagens nunca são apenas exteriores. Não é simplesmente na cartografia do mundo que o homem viaja. Deslocar-se implica uma mudança de posição, uma maturação do olhar, uma abertura ao novo, uma adaptação a realidades e linguagens, um confronto, um diálogo tenso, ou deslumbrado que deixa necessariamente impressões muito fundas. A experiência da viagem é a experiência de fronteira e do aberto, de que o homem precisa para ser ele próprio. A viagem é uma etapa fundamental da descoberta e da construção de nós próprios e do mundo. É a nossa consciência que deambula, descobre cada detalhe do mundo e olha de novo como da primeira vez. A viagem é uma espécie de propulsor deste olhar novo.

Abraão é um viajante. Moisés descobre a sua vocação e missão como mandato de itinerância- Muitos dos profetas de Israel de Elias a Jonas vieram como exilados e banidos. Jesus não tinha onde reclinar a cabeça. Os seus discípulos são enviados para todas as partes da Terra. O termo latino peregrinatio formou-se de per ager, que significa através dos campos, ou de per eger para lá das fronteiras.

É uma maneira de alargar horizontes.

O crente não viaja, peregrina.

 

Ver também:

Paulo caiu por terra

Ler, viajar, escrever

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Pão, pedaço do Céu em mim


5ª feira – III semana da Páscoa

 

Disse Jesus:

Eu sou o pão da vida.

Eu sou o pão vivo que desceu do Céu…

Quando recebo este pão,

recebo um pedaço do Céu

porque o Pão do Céu

desce para dentro de mim.

 

Na comunhão o Céu entra dentro de mim

para que um dia eu possa entrar no céu.

 

Ver também:

Lá no céu tem pão

 

Vocações que nunca passam


A crise de vocações 

e as vocações em crise.

No auge da crise dos abusos sexuais por parte da Igreja um colega sacerdote lamentou-se não ser esta a melhor ocasião para celebrar a semana de oração pelas vocações. Dizia:

- Como é que nós podemos ser credíveis ao apelar aos jovens para seguirem o chamamento ao sacerdócio se alguns padres não têm dado bom exemplo. Nesta paisagem ninguém quer ser sacerdote.

Com humildade respondi-lhe:

- Acredito que este é o melhor momento da história da Igreja para ser padre, porque é um momento em que há apenas uma razão para ser sacerdote ou para permanecer sacerdote – isto é, estar com Cristo. Não é por regalias ou aplausos ou respeito ou posição ou dinheiro ou qualquer outro ganho ou prestígio ou outra qualquer vantagem mundana. Essas coisas ou não existem mais ou estão passando rapidamente. O sacerdote de hoje é obrigado a escolher se quer entregar-se ao Cristo real, que abraçou a pobreza, incluindo a pobreza do lugar-comum, a rejeição. Se algum jovem sente hoje vocação para ser sacerdote e se predispõe a seguir esse chamamento, é porque sente-se livre de qualquer condicionamento pessoal, social ou eclesial. É porque quer centrar-se somente em Deus.

- E porque é que há tanta crise de vocações, porque que é que os seminários estão vazios e cada vez há menos sacerdotes no ativo?

- Há crise de vocações para sacerdotes porque há crise de vocações para a vida familiar, matrimonial ou para a vida cristã. As vocações particulares dos cristãos dentro da Igreja são interdependentes. Não podemos tentar resolver uma crise ou colapso numa vocação determinada enquanto se ignora as outras. As vocações sacerdotais dependem profundamente de famílias construídas sobre casamentos fortes e santos. A vida conjugal e a vida familiar dependem dos sacramentos e ministérios que só os padres podem oferecer. Tanto os sacerdotes como os leigos são sustentados pela oração e pelo testemunho dos religiosos e contemplativos.

É hora de parar de pensar na crise das vocações sacerdotais como se fosse separável da crise do matrimónio e da família cristã ou do colapso pós-conciliar das vocações religiosas das quais a Igreja, pelo menos no Ocidente, ainda não se recuperou. No corpo de Cristo, quando uma parte sofre, todas sofrem com ela. Há crise de vocações sacerdotais porque há crise de vocação familiar. Há crise de vocações matrimoniais porque há crise de vocação sacerdotal.

Centremo-nos em Deus e rezemos para que consigamos ultrapassar esta crise generalizada de vocações.

 

Ver também:

Guardião das vocações

 

terça-feira, 25 de abril de 2023

Segundo São Marcos


Festa de São Marcos, Evangelista

Evangelho de Nosso Senhor Cristo 

segundo São Marcos


Cada um dos evangelistas oferece uma perspetiva de Cristo à medida que são adaptados aos seus destinatários. são quatro maneiras de aprofundar o conhecimento do único Cristo, mas escritas com diferentes sensibilidades, em diferentes lugares e para serem lidas por diferentes pessoas.

Marcos escreveu em Roma e para os romanos, Mateus para uma comunidade com numerosos cristãos do judaísmo, Lucas para os gregos e João fez uma reflexão mais madura sobre o mistério de Cristo.

João Marcos nasceu em Jerusalém, era primo de Barnabé e companheiro dele e de Paulo na sua primeira viagem apostólica. Mais tarde, ele também acompanhou Pedro em suas viagens. O nome da sua mãe era Maria e a última ceia foi celebrada em sua casa, o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no dia de Pentecostes e a primeira comunidade cristã se reuniu.

Marcos é pintado com um leão, porque começa dizendo que Jesus jejuou no deserto e as feras lhe faziam companhia. Nos ícones coptas sempre colocam o famoso farol de Alexandria (cidade onde pregou e morreu) e outras referências ao seu país, como as pirâmides.

Sabemos que escreveu em Roma porque usa muitas palavras latinas e faz referências aos costumes e instituições romanas: censo, centurião, denário, quadrante (moeda que só era usada na cidade), legião, etc.

O Evangelho segundo Marcos é o mais antigo (escrito por volta do ano 60) e o mais curto dos quatro (16 capítulos). Desde a primeira linha, Marcos é claro quanto ao seu objetivo: "Princípio da Boa Nova de que é Jesus, de que é o Messias, de que é o Filho de Deus" (Mc 1,1). Propõe-se falar de Jesus a partir das suas memórias e das de Pedro, para transmitir a sua fé aos outros cristãos de Roma: Jesus é o Messias (salvador prometido a Israel pelos profetas) e é o Filho de Deus (do único Deus, criador de tudo e salvador de tudo) e esta é a Boa Nova (Evangelho).

Toda a primeira parte do Evangelho é marcada pela pergunta contínua que as pessoas se fazem: “Quem é este?”, que perdoa os pecados, que fala com autoridade, que manda no vento e no mar, que vence o demónio…

Exatamente no meio, encontramos que é Jesus quem pergunta aos discípulos: "Quem dizem as pessoas que eu sou?" Dada a diversidade de respostas, pergunta-lhes diretamente: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro dará uma primeira resposta, comprometedora, embora ainda incompleta: "Tu és o Messias" (Mc 8, 29).

Pedro reconhece Jesus como o prometido pelos profetas, o enviado de Deus para salvar Israel. O problema é que os judeus esperavam um messias triunfante, que reinaria e triunfaria sobre os inimigos de Israel, estabelecendo um poderoso reino político e governando outros povos, como Davi.

Jesus, pelo contrário, é o messias, "Servo de Javé" que, como anunciou Isaías, salvará o povo dos seus pecados através do seu sofrimento e da sua morte. É por isso que Jesus, sempre que faz um milagre, pede que não contem a ninguém. É o chamado “segredo messiânico”.

Depois de Pedro confessar que Ele é o messias, Jesus anuncia-lhes o projeto de Deus, com o primeiro anúncio de sua paixão e morte na cruz. A partir daí começa a sua viagem final para Jerusalém, onde se manifestará plenamente a vontade de Deus e onde também se revelará a identidade de Jesus, quando o centurião romano confessa, ao vê-lo morrer: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus”. (Cf. blog do Pe. Eduardo Sanz de Miguel)

 

Ver também:

Marcos, o Evangelista

 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Os meus livros preferidos


Ontem celebrou-se o dia mundial do livro.

Quais os meus livros preferidos?

Foram escritos por 4 escritores diferentes, mas sobre o mesmo tema:

- Um era cobrador de impostos.

- Outro era repórter.

- Este era médico.

- Aqueloutro era pescador numa empresa familiar.

Datas em que escreveram e seus nomes:

- Mateus, entre os anos 60-70 em aramaico e depois traduzido para grego.

- Marcos entre 53-63.

- Lucas a partir de 63.

- João ano 100.

Destinatários dos seus escritos:

- Mateus escreveu para os judeus.

- Marcos para romanos.

- Lucas para gregos.

- João escreveu para todos os cristãos.

Características principais destes escritores e das suas obras:

Mateus – era publicano, cobrador de impostos. (fala de 3 moedas do mais alto valor enquanto marcos fala de moedas de baixo valor, as mais pequenas. Mateus habituado a lidar com dinheiro, refere-se a tributo, moeda de dinheiro, talento, ouro, prata e cobre que não aparecem nos noutros evangelistas.)

Lucas – era médico, de formação grega. Usa termos médicos e história de curas. A palavra mulher aparece em Lucas 43 vezes enquanto em Mateus 30 e em Marcos 19. Palavra pecado aparece em Mateus 5 vezes, Marcos 5, João 4 e em Lucas 16 vezes. Lucas sendo médico, portanto hábil em obstétrica, aquele que de um ponto de vista natural e de formação poderia presumivelmente o último a convencer-se de uma Virgem ser Mãe, contudo é o único a evocar o facto.

Marcos – Filho de uma mulher abastada perto de Jerusalém. Era repórter. Próximo de São Pedro em tudo a quem Pedro chamava filho, (o jovem que fugiu nu no monte das Oliveiras). Refere muitas informações que só Pedro dizia respeito ou sabia, (dormir no Jardim das Oliveiras, 3 vezes amas-me, a sogra de Pedro,

João – sua mãe Salomé era parente de Maria da Nazaré. Impetuoso e nada afetuoso… quem era o maior, fogo para queimar…. Ciúmes, filhos do trovão. 

Os meus livros preferidos são os quatro evangelhos.

Os meus escritores preferidos são portanto os quatro evangelistas.

 

Quais os meus leitores preferidos?

Há 3 personagens que nunca leem um livro sozinhos:

Um é o professor, que ao ler um livro, os seus alunos beneficiam ainda mais do que se eles próprios o tivessem lido. 

Outro é o médico ao ler um livro, ao estudar um novo livro, faz com que todos os seus doentes beneficiem ainda mais do que se eles próprios tivessem lido ou estudo pelo mesmo livro. 

Aqueloutro é o sacerdote. Quando lê um livro, todos os seus dirigidos ou ouvintes, sem saberem ficam tal como se tivessem lido o mesmo livro.

Estas três pessoas são assim os melhores leitores de qualquer livro.

Eu tenho uma dupla sorte - todos os livros que escrevi foram lidos por um professor e por um padre, que por coincidência eram a mesma pessoa (autor, professor e padre).


Qual o melhor livro para ser escrito?

A vida é como um livro. 

Cada dia uma página nova. 

Cada hora uma vírgula. 

Mas nem o lápis pode escrever o futuro nem a borracha apagar o passado. 

E chega um momento em que Deus nos tira o lápis e escreve FIM.

É este o livro que cada um deve escrever, mesmo se for analfabeto.

 

domingo, 23 de abril de 2023

Três lições de Emaús


Ano A – III domingo da Páscoa

1ª lição – Jesus não mente

Ele tinha prometido que onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome, estaria no meio deles.

Dito e feito.

Entre os dois discípulos a caminho de Emaús, apesar de desiludidos e descrentes, Jesus apresentou-se no meio deles e fez-lhes companhia.

Ainda hoje acontece o mesmo.

 

2ª lição – Emaús é uma autêntica missa

O que aconteceu a caminho de Emaús é o que acontece em qualquer celebração da missa.

Reunimo-nos, lamentamo-nos, ouvimos a Escritura, refletimos, sentamo-nos à volta da mesa, Jesus abençoa o pão, reparte e nós sentimos a sua presença. Depois partimos em missão para anunciar o que vivemos.

Os discípulos de Emaús celebraram a missa no caminho para nos ensinar a fazer da missa um caminho que nos leva a Deus e nos traz Deus até nós.

O que se passou em Emaús, passa-se ainda hoje em cada eucaristia.

 

3ª lição – Cristo nunca abandona a nossa comunidade

Os discípulos podem fugir da comunidade, podem abandonar a igreja, mas Deus nunca abandona ninguém. Por mais ferida ou morta que pareça aos nossos olhos, Cristo Ressuscitado vive nesta Igreja.

Hoje, não só em Portugal, mas também um pouco por todo o lado, há muita gente que foge da igreja como os discípulos de Emaús fugiram desiludidos de Jerusalém. Mas Jesus continua a apostar na comunidade que fundou e que o nosso pecado parece querer afundar.

 

Explicação desta lição pelo Pe. José António Pagola:

"Não são poucos os que olham para a Igreja hoje com pessimismo e deceção. Não é o que eles querem. Uma Igreja viva e dinâmica, fiel a Jesus Cristo, verdadeiramente empenhada na construção de uma sociedade mais humana.

Vêem-na imóvel e antiquada, excessivamente ocupada em defender uma moralidade obsoleta que já a poucos interessa, fazendo penosos esforços para recuperar uma credibilidade que parece ser "mínimo baixo". Eles a percebem como uma instituição que quase sempre pronta para acusar e condenar, raramente para ajudar e infundir esperança no coração humano. Muitas vezes sentem-no triste e enfadonha, e de alguma forma sentem – com o escritor francês Georges Bernanos – que “o contrário de um povo cristão é um povo triste”.

A tentação fácil é o abandono e a fuga. Alguns o fizeram há muito tempo, até mesmo de forma ruidosa: hoje afirmam quase com orgulho que acreditam em Deus, mas não na Igreja. Outros se distanciam dela pouco a pouco, "na ponta dos pés e sem fazer barulho": quase ninguém percebe, o carinho e a adesão de outros tempos se esvai em seus corações.

Certamente seria um erro alimentar um otimismo ingénuo neste momento, pensando que tempos melhores virão. Mais grave ainda seria fechar os olhos e ignorar a mediocridade e o pecado da Igreja. Mas o nosso maior pecado seria “fugir para Emaús”, deixar a comunidade e dispersar-se, cada um no seu caminho, afundado na desilusão e no desencanto.

Temos que aprender a “lição de Emaús”. A solução não é sair da Igreja, mas reconectar-se com um grupo cristão, comunidade, movimento ou paróquia onde possamos compartilhar e reacender a nossa esperança em Jesus.

Por mais morta que apareça diante dos nossos olhos, o Ressuscitado vive nesta Igreja. Por isso também aqui fazem sentido os versos de António Machado: Pensei que o meu lar estava apagado, remexi as cinzas... queimei a mão."

 

Ver também:

Da desilusão ao ardor

 

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Pão, partilha e unidade


6ª feira – II semana da Páscoa

 

O pão como símbolo da partilha:

- Jesus viu que uma multidão vinha ao seu encontro.

- Jesus quis dar pão a toda aquela gente.

- Filipe fez logo as contas do que precisava.

- André viu que um rapazinho tinha 5 pães de cevada e 2 peixes.

- O rapazinho partilhou o que tinha.

- Jesus tomou os pães, deu graças e distribui.

- Jesus fez o mesmo com os peixes.

O pão como símbolo de unidade:

- Feito de muitos grãos de trigo moídos e misturados.

- Feito de farinha reunida no mesmo saco.

- Amassado no mesmo alguidar.

- Nunca mais se consegue separar os ingredientes da massa.

- É fusão de água, farinha, fermento e sal.

- É participação pois o fermento leveda toda a massa.

- É colaboração pois uma só pitada de sal tempera todo o pão.

- É partilhado aos pedacinhos.

- Porque há um só pão, que é Cristo nossa força.

- Somos um só povo porque todos participamos do único pão.

- É a soma de muitas migalhas ou mitos miolos.

- É o resultado do esforço de muitas mãos (semeadores, ceifeiros, moleiros, padeiros, servidores).

 

Conclusão:

O episódio da multiplicação dos pães e o pão nosso de cada dia é prefiguração da Eucaristia.

O Pão da Eucaristia é também símbolo da partilha e da unidade.

Comungar o pão da Eucaristia é aprender a partilhar e a viver em união com Deus e com os irmãos.

 

Ver também:

Jesus fala de si

 

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Dia de Oração e de Perdão


Como Igreja em Portugal, em união com todos os bispos portugueses reunidos no Santuário de Fátima, cumprimos hoje uma Jornada Nacional de Oração pelas vítimas de abusos sexuais, de poder e de consciência na Igreja.

Dupla identificação do Bom Samaritano:

A – Quem sofreu abusos sexuais, de poder ou de consciência da parte da Igreja é como o homem da parábola que foi maltratado e que jazia ferido.

A Igreja tem de ser boa samaritana. Tem de cuidar dessas vítimas em atitude de purificação e de reparação.

B – Por outro lado a própria Igreja é aquele homem que está ferido e meio morto. Não podemos abandonar esta mãe ferida, nem o irmão ferido que exige cuidados. Não podemos passar ao lado, fazendo de conta que não se passa nada. O bom samaritano é Jesus que se enche de compaixão e nunca abandona a sua igreja ferida. Que Ele cure todas as feridas e aqueça o coração de todas as vítimas.

 

Atitude do Papa Francisco:

Alguém se abeirou do Papa Francisco, mostrou um postal de La Pietá, de Miguel Ângelo, que se encontra na Basílica de São Pedro e lhe disse:

- Nesta cena Jesus esteve nos braços da sua mãe nos momentos difíceis. Onde está a mãe igreja nos momentos em que alguém foi abusado, perseguido ou maltratado?

Então o papa pediu-lhe o postal dizendo que sempre que olhasse para ele ia lembrar-se de quem o deu, rezaria por ele e assim a igreja estaria perto dele.

 

O nosso compromisso:

Quando vemos que as pessoas, especialmente de Igreja, pregam o bem e o respeito, mas com a vida não dão testemunho do que pregam, o que é que devemos fazer?

Jesus dá a resposta:

- Fazei aquilo que vos dizem e não aquilo que fazem.

Não são os outros que devem viver a Palavra de Deus, mas cada um de nós. Ninguém é mestre, todos somos irmãos e irmãs no caminho para o céu.

 

Em nome da Igreja pedimos perdão às vítimas de todas as formas de abusos e pedimos perdão a Deus por todos os atentados à dignidade humana.

E comprometemo-nos a erradicar de uma vez por todas este pecado, em penitência e humildade, com a ajuda de Deus, evitando todo o mal e fazendo sempre o bem.

 

Clicar aqui para a oração universal desta jornada

 

 

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Só Deus pode amar assim


4ª feira – II semana da Páscoa

- Do Salmo 33

A toda a hora bendirei o Senhor.

Bendirei sempre o meu Senhor.

Bendirei em todo o tempo.

Bendirei em todo o lugar.

Bendirei sem descanso.

Bendirei até no descanso.

 

- Do Evangelho:

O Filho do homem será elevado,

para que todo aquele que acredita tenha nele a vida eterna.

 

Jesus fez grandes milagres:

mudou água em vinho,

acalmou o mar bravio,

deu vista aos cegos,

curou os leprosos,

fez andar os coxos,

ouvir os surdos,

ressuscitou Lázaro,

transfigurou-se diante dos discípulos...

mas não foram nesses grandes momentos da sua vida que ele nos salvou.

Foi na cruz, quando não era aplaudido, não era reconhecido, mas era rejeitado, humilhado.

Quem no momento da dor, da fragilidade levanta os olhos

e acolhe e ama Jesus na cruz tem o perdão e a vida eterna.

Olhar para Cristo na Cruz é reconhecer o nosso Salvador

E agradecer o seu grande amor.

 

Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito…

Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo,

mas para que o mundo seja salvo por Ele.

 

Se fosse para condenar o mundo,

Deus não precisava de enviar o seu filho ao mundo,

Pois bastava deixar s coisas como estavam.

Se Jesus veio ao Mundo foi para salvá-lo

E mostrar o grande amor que Deus nos tem.

 

- O que podemos concluir

O amor não tem limites

Quando alguém ama uma pessoa ou uma coisa, não mede esforços.

Quando uma pessoa não gosta, tem um monte de pretextos.

Quando gosta, não tem nenhuma desculpa.

Se tem amor, não tem limites.

Fazer o mínimo possível é não gostar daquilo que se faz. É fazer só por obrigação. Amar de verdade é difícil, mas é bom.

 

À margem:

O amor verdadeiro diz: 

- Eu preciso de ti, porque te amo.

O amor interesseiro diz: 

- Eu te amo, porque preciso de ti.

 

Ver também:

Deus ama tanto