“O
meu crisma – 01 de junho de 1857
Eu não tinha recebido o sacramento da confirmação em La Capelle. Também não tinha facilidade de o receber em Hazebrouck, onde o arcebispo de Cambrai o ministrava em setembro. Julgou-se, portanto, conveniente levar-me à diocese de Bruges, que não estava longe. Monsenhor Malou, o ilustre Bispo de Bruges, iria dar o Crisma no Colégio de Poperinghe, na festa de Pentecostes. Prepararam-me para lá me levar. Recebi graças nesse sacramento e, todavia, esse dia deixou-me sempre alguma pena. A minha preparação tinha sido medíocre. Era um momento de crise, tinha companheiros defeituosos. Muitas vezes pedi perdão a Nosso Senhor por esta falta de preparação. O Crisma, contudo, sobrevive no carácter sacramental, confio que as graças de sacramento me tenham sido dadas mais tarde.” (CF Pe. Dehon, Notas sobre a história da minha vida, Volume I)
Primeira fotografia que conhecemos de Leão Dehon aos 15 ou 16 anos de idade |
Comentários:
1
- O Pentecostes do Pe. Dehon, o dia do seu crisma ou da sua confirmação, o dia
em que acolheu o Espírito Santo, foi na verdade o dia do Pentecostes de
1857 celebrado a 01 de junho. De facto, o Crisma é sempre o nosso Pentecostes
pessoal, mesmo que seja celebrado noutra data. Neste caso coincidiram os dois Pentecostes, o Litúrgico e o Pessoal.
2
- O local não foi nem a sua terra natal, onde fora batizado e passara a sua infância
e crescera na fé, nem no colégio onde estudava como adolescente. Nem foi em terras
da França, mas na Bélgica, num colégio que ficava a 40 quilómetros do seu colégio
de Hazebrouck. De facto, o local não é determinante para se
receber o Espírito Santo. O importante não é a localização, mas a disposição.
3
- Parece também que não tinha outros colegas consigo nessa celebração. Ele era uma espécie de
intruso no grupo dos crismandos. De facto, o Pentecostes é que nos une em
comunidade, e estreita a nossa pertença à família eclesial. É o Espírito Santo
quem nos une.
4
– Preparou-se apressadamente para essa celebração. Era uma fase de crise na sua vida e a
preparação não foi a melhor nem o exemplo dos seus companheiros de colégio o ajudou. Apesar da preparação medíocre, num momento difícil, o
Pentecostes é sempre um momento de graça. De facto, nós recebemos o Espírito Santo não porque merecemos ou porque somos santos. O Espírito vem até nós não por
sermos dignos, mas para nos tornar dignos.
5
– A graça que recebeu nesse sacramento ter-se-á manifestado mais tarde. De
facto, Deus completa sempre o que por sua graça começou. Tal como os Apóstolos
não se santificaram logo após terem recebido o Espírito no Pentecostes, assim
também o crisma ou a confirmação do Pe. Dehon não foi um ponto de chegada, mas
um ponto de partida, o início de uma nova caminhada. Qualquer conversão é sempre uma conversão ao longo
de toda a vida. Leão Dehon tinha apenas 13 anos quando recebeu o Crisma. Este é
o sacramento da maturidade cristã, não por o recebermos na vida adulta, mas porque nos
torna adultos e responsáveis.
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