quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

A caminho de Belém


Novena de Advento – 17 de dezembro

A caminho de Belém

 

Segundo a tradição foi neste dia 17 de dezembro que José e Maria saíram de Nazaré para viajar até Belém antes do Natal de Jesus.

A viagem durou 9 dias, evocando os 9 meses de gestação, pernoitando sucessivamente em lugares diferentes.

O percurso completo, de norte a sul, foi de 145 quilómetros – 135 de Nazaré a Jerusalém e mais 10 quilómetros de Jerusalém a Belém.

 

1º dia – Preparação e início da viagem – 17 de dezembro

Preparar-se para uma viagem já faz parte da própria viagem. Maria sentiu saudades ao deixar Nazaré. Aí conhecera José, aí conhecera os desígnios de Deus. A partir daí seria conhecida por todas as gerações como Maria de Nazaré, esposa de José, o carpinteiro e pai de Jesus o Nazareno. Mas tinha de partir para cumprir as determinações do imperador para o recenseamento e os desígnios de Deus desde toda a eternidade.

E isto deu-lhes ânimo, a ela e a José, para começarem um longo caminho, porque sabiam que não viajavam sozinhos.

Ó Sabedoria do Altíssimo,

que tudo governais com firmeza e suavidade:

vinde ensinar-nos o caminho da salvação.

 

2º dia – Até ao Monte Tabor – 18 de dezembro

Ao contornar o Monte Tabor, o seio de Maria estremeceu. Não foi pelo facto de estar apenas a adaptar-se à longa estrada, mas por contemplar o cimo do monte. Lá o seu Filho iria iniciar uma outra caminhada até Jerusalém para, passando pelas dores, renascer.

E isto deu-lhe ânimo para aguentar as dificuldades da caminhada, porque experimentava o que mais tarde o seu filho haveria de experimentar sozinho.

Ó Chefe da casa de Israel,

que no Sinai destes a Lei de Moisés:

vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço.

 

3º dia – Do Tabor à cidade de Naim – 19 de dezembro

Ao pernoitar em Naim conheceram uma jovem mulher que acabara de perder o seu marido e estava também prestes a dar à luz o seu filho. A partir desse momento Maria, identificando-se com aquela mulher, nunca deixaria de rezar para que Deus tivesse sempre compaixão dela e da sua criança. Os dois filhos voltariam a encontrar-se novamente…

E isto renovou as forças de Maria para prosseguir com as dores da maternidade sabendo que Deus está sempre ao lado de quem sofre.

Ó Rebento da raiz de Jessé,

sinal erguido diante dos povos:

vinde libertar-nos, não tardeis mais.

 

4º dia – De Naim aos campos da Samaria – 20 dezembro

Ao atravessar os campos da Samaria, Maria pressentiu que o seu filho havia de percorrê-los anunciando a salvação de Deus e que seria desprezado e perseguido. Ao passar por entre os extensos pomares, adivinhava que também atirariam pedras ao seu Filho, como atiravam às árvores que tinham melhor fruto.

E isto fez com que Maria resistisse aos obstáculos da estrada e sentisse desde então o antegozo e a alegria de ver nascer o seu Bendito fruto.

Ó Chave da casa de David,

que abris e ninguém pode fechar,

fechais e ninguém pode abrir:

vinde libertar os que vivem no cativeiro das trevas

e nas sombras da morte.

 

5º dia – Até o poço de Siquém – 21 de dezembro

Aí pôde saciar a sede e refrescar a sua esperança, tal como mais tarde uma mulher samaritana haveria de pedir e receber água viva. Maria descansou na berma do poço como mais tarde o seu Filho havia de descansar e prometer alívio a todos os que se afadigassem, porque o seu jugo seria suave e a sua carga leve.

E isto fez com que Maria se alegrasse pelas maravilhas que Deus continuaria a fazer. E não lhe faltaram forças para continuar em frente sem se queixar ou lamentar.

Ó Sol nascente, esplendor da luz eterna e sol de justiça:

vinde iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte.

 

6º dia – Até à cidade de Necma (hoje Nablus) – 22 de dezembro

Foi uma jornada através do deserto e descampado onde os perigos espreitavam. Maria pressentia que o seu filho seria conduzido ao deserto e ser tentado a desistir do plano de Deus. Pressentia também que aquela estrada o inspiraria à compaixão e à bondade de um bom samaritano para usar de misericórdia para com o seu próximo.

E estes pensamentos encheram de coragem e ternura o coração de Maria e assim continuou a sua subida para Jerusalém a caminho de Belém.

Ó Rei das nações e Pedra angular da Igreja:

vinde salvar o homem que formastes do pó da terra.

 

7º dia – Até onde mais tarde voltariam para Jerusalém à procura do Menino depois de um dia de viagem – 23 de dezembro

Aqui Maria sentiu como que uma espada a trespassar o seu coração. Só o coração de mãe pode saber o que é a angústia de perder o seu Filho. A partir daquele lugar subirá para Jerusalém sempre com o mesmo objetivo: procurar o único bem, Aquele e só Aquele que vale a pena encontrar.

E isto deu-lhe alento para não olhar para trás, mas olhar sempre em frente, porque para a frente é que é o caminho.

Ó Emanuel, nosso rei e legislador,

esperança das nações e salvado do mundo:

vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus.

 

8º dia – Até Jerusalém – 24 de dezembro

Foi a etapa mais dolorosa esta subida para alcançar Jerusalém. Apesar disso, Maria, com o seu filho a bater o ritmo no seu seio, cantava o salmo: Que alegria quando me disseram vamos para a casa do Senhor… Detiveram-se os nossos passos às tuas portas Jerusalém. Quantas vezes teriam a felicidade de subir juntos a Jerusalém! Sentiu um misto de dor e de alegria. Dor por antever ali a paixão e morte do seu Filho e alegria por partilhar a sua glória e ressurreição.

Estas premeditações entusiasmaram ainda mais a alma de Maria de modo que nem sentia o incómodo e a dureza da viagem nem o aproximar-se da hora de dar à luz, glorificando a Deus por tudo o que sofria.

Hoje sabereis que o Senhor vem salvar-nos.

Amanhã vereis a sua glória.

 

9º dia – Até Belém onde chegaram ao início do dia 25 que começa com o pôr do sol – 25 de dezembro

Quantas vezes Maria e José fizeram esta estrada para o sul de Jerusalém, para visitar familiares, regressando às suas origens. Desta vez Maria não pensava tanto no passado, mas sobretudo no futuro, no Filho que estava prestes a nascer. Desta vez viu muitas portas a fechar-se, algumas desculpas, muitas recusas na cidade de David que até então lhes era tão familiar e acolhedora. Maria não quis afligir-se para não perturbar o coração do seu Filho. Ela encontraria um lugar para se encostar e dar à luz. O pior é que mais tarde o seu Filho não encontraria nem uma pedra onde reclinar a cabeça.

E isto foi o suficiente para esquecer as dores da maternidade e sentir a alegria de dar à luz o Filho a quem pôs o nome de Jesus.

Quando o sol aparecer no horizonte,

vereis o Rei dos reis, que procede do Pai,

como esposo que sai do seu tálamo.

 

Nota final

Parece que a viagem tinha chegado ao fim, mas não. Até ali tinha sido Maria a levar Jesus, mas a partir de então será ela a acompanhar o seu Filho por onde quer que Ele vá. Novas viagens surgiram: do céu vieram Anjos, da vizinhança acorreram pastores, do oriente chegaram reis…  

E como sempre todas estas viagens nos dizem respeito…

A exemplo de Maria

façamos da nossa vida uma viagem

e do nosso caminho

verdade e vida.

 

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