domingo, 20 de março de 2016

Palmas e oliveiras

Ano C - Domingo de Ramos

Os ramos que cortaram das árvores os que hoje saíram a receber a Cristo, posto que Mateus não declare quais fossem, João diz que eram de palma, e Lucas de oliveira. E com estes dois afectos que estes ramos significam, devemos nós seguir e acompanhar o Senhor em todos os seus passos, oferecendo esses humildes obséquios a seus sacratíssimos pés. A palma é símbolo da paciência, como a oliveira da misericórdia e compaixão. E tais eram os dois mistérios que encerrava o aparato e diferença daqueles ramos: padecer e compadecer. Acompanhámo-lo: não só hoje mas todos estes dias padecermos alguma coisa com ele, e nos compadecermos dele. (Sermão de dia de Ramos, Maranhão 1656)

Entrou Cristo triunfando em Jerusalém e os que acompanhavam e seguiam o triunfo com aclamações e aplausos, cortavam ramos das árvores, diz o evangelista, e estes ramos como declara o uso e tradição da Igreja, e refere o antiquíssimo Clemente Alexandrino, eram de oliveira e palma. Não pare o triunfo mas reparemos nós a união destes ramos. Os ramos da palma muito bem diziam com o triunfo, porque cada folha dos ramos das palmas é uma espada, porém a oliveira, que antes significava paz que guerra, misericórdia e piedade e não violência nem rigor, porque se ajunta neste triunfo com a palma? Por isso mesmo. Porque a palma significa a vitória, a oliveira significa a misericórdia, e nos triunfos dos cristãos, como no de Cristo, os ramos da palma andam tão unidos e como enxertados nos da oliveira, que da oliveira dependem as palmas, e da misericórdia as vitórias.
Diz o evangelista que os meninos de Jerusalém lançavam os ramos no caminho por onde o Senhor Triunfante havia de passar. E vós da mesma maneira os ramos da oliveira que são as obras de misericórdia aplicai-as aos pés de Cristo, que são no seu corpo místico os pobres e miseráveis. (Sermão da visitação de nossa senhora, Baia, 1638)

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