Ano C - V domingo da quaresma
A) Quatro Olhares
Olhar para trás: 1ª leitura, para ver os resultados que vão aparecendo da nossa caminha, porque Deus faz-nos criaturas novas através da conversão.
Olhar para a frente: 2ª leitura, para ver o que ainda nos falta e para continuar a correr como nos lembra S. Paulo.
Olhar para os lados e para o nosso interior: Evangelho, para sermos misericordiosos para com os outros e reconhecendo os nossos pecados, recebendo assim a graça de Deus.
B) Jesus e a adúltera
Olhar para trás: 1ª leitura, para ver os resultados que vão aparecendo da nossa caminha, porque Deus faz-nos criaturas novas através da conversão.
Olhar para a frente: 2ª leitura, para ver o que ainda nos falta e para continuar a correr como nos lembra S. Paulo.
Olhar para os lados e para o nosso interior: Evangelho, para sermos misericordiosos para com os outros e reconhecendo os nossos pecados, recebendo assim a graça de Deus.
B) Jesus e a adúltera
Conta
o muçulmano Abu Uthman al-Jahiz (+ 868) que um dia Jesus foi visto a sair da
casa de uma prostituta.
Alguém
lhe disse:
- Espírito
de Deus, o que fazes na casa dessa mulher?
- São
os doentes que o médico visita – respondeu ele.
C) Cristo tentado pelos homens
“Cristo foi tentado
pelos homens no episódio da mulher adúltera.
Houve adultério. Apanharam uma mulher culpada. E o cúmplice? Foram dois
os pecadores, e só um culpado?
Antes de tratar com os homens, Cristo conviveu com os animais e foi
tentado pelo demónio.
As feras não quiseram fazer mal, nem lhe fizeram.
O demónio quis-lhe fazer mal, mas não lhe fez.
Os homens quiseram-lhe fazer mal e fizeram-lhe!
O demónio defendemo-nos com a cruz; os homens põem-vos nela.
Os homens são piores inimigos que os demónios.
A minha dúvida é se não piores tentadores. Sim, os homens são piores.
As tentações do demónio vencem-se com um sim ou um não. As dos homens
são como os laços escondidos debaixo de pedras.
A intenção dos homens não era castigar a acusada, senão acusar a Cristo.
Ou Cristo havia de dizer que fosse apedrejada a adúltera ou não. Se
dizia que a apedrejassem convenciam-no de injusto; se dizia que a apedrejassem
parecia que não era misericordioso.
Ou faltava à justiça ou à misericórdia, concluiriam que não era ele o
Messias… que vinha para salvar.
Da primeira tentação do diabo, Cristo livrou-se com facilmente com um
não.
Da segunda também se livrou com outro não.
Agora se dizia não, ia contra a justiça.
Se dizia sim, ia contra a piedade.
Se se mostra rigoroso, falta à piedade.
Se se mostra piedoso, falta à justiça.
Se falta à justiça ou à piedade não é Messias.
Cristo para se defender nas três tentações do demónio bastou-lhe um só
livro das Escrituras. Para se defender das tentações dos homens não lhe
bastavam todas as escrituras… foi-lhe necessário fazer novas escrituras.
São Gregório diz: As Escrituras são os armazéns de Deus.
Jesus escreveu o que podia ter dito em voz alta, porque as palavras
divinas têm mais eficácia para vencer as tentações escritas que ditas.
… Está escrito!
Guardai-vos dos homens.
O diabo anda pelos desertos porque nas cortes os homens tomaram o
ofício.
Guardai-vos dos inimigos.
Guardai-vos dos amigos.
Guardai-vos cada um de si mesmo.
Os três amigos de Job: Foram visitar e consolar. Todos eles príncipes,
todos sábios, amigos. A princípio estiveram mudos por sete dias. Depois falaram
e falaram muito. E fizeram-lhe perder a constância e a paciência. O demónio era
demónio e inimigo. Os homens eram amigos, mas homens. As tentações do demónio
foram para ele coroa, as consolações dos amigos foram não só tentação mas
ruína.
O maior tentador de
todos é cada um de si mesmo: o vosso apetite, a vossa vaidade, a vossa
ambição…
Cristo livrou-se hoje dos homens que o tentaram mas eles não se livraram
de si.
Cristo é o único de quem não nos devemos guardar.
A pecadora ficou ao pé de Jesus, sozinha, em vez de fugir porque ele não
tinha pecado algum, e era maior a segurança da pecadora.
A tentação o fazia compassivo e a isenção do pecado misericordioso.
Quem tem pecado não atire pedras, quem não tem pecado não atira.
Os homens que tinham pecado tentavam, acusavam, perseguiam.
O homem que não tinha pecado escusou, defendeu, compadeceu-se, perdoou,
livrou, absolveu e pecadora.”
(Cf. António Vieira, Sermão do Sábado 4º da Quaresma, Lx 1652)
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