quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Mais do que à Santa Madalena


5ª Feira - XXIV Semana Comum


Hoje a reflexão é feita através de uma parábola escrita por santa Teresinha do Menino Jesus (Manuscrito A, 152-156).
“Não tenho mérito nenhum por não me ter entregado ao amor das criaturas, uma vez que fui preservada dele apenas pela grande misericórdia de Deus!...
Reconheço que, sem Ele, teria podido cair tão baixo como Santa Madalena. A profunda palavra de Nosso Senhor a Simão ressoa com uma grande doçura na minha alma. Bem sei: ‘Aquele a quem menos se perdoa, ama menos’, mas também sei que Jesus me perdoou mais que a Santa Madalena, porque me perdoou antecipadamente, impedindo-me de cair. Ah! Como gostaria de poder explicar o que sinto!...
Eis um exemplo que traduzirá um pouco o meu pensamento. – Suponho que o filho dum grande médico encontra no caminho uma pedra que o faz cair, e que, na queda, ele fratura um membro. O pai acorre imediatamente, levanta-o com amor, trata das feridas, empregando para tal todos os recursos da sua arte. Uma vez completamente curado, esse filho tem muita razão para amar o pai!
Mas vou fazer ainda outra suposição. – Tendo o pai sabido que no caminho do filho havia uma pedra, apressa-se a ir à frente dele e retira-a, sem ser visto por ninguém. Certamente, este filho, objeto da sua previdente ternura, não sabendo a desgraça de que o pai o livrou, não lhe testemunhará o seu reconhecimento, e amá-lo-á menos do que se tivesse sido curado por ele… Mas, se vier a saber do perigo do qual escapou, não o amará ainda mais?
Pois bem, eu sou essa filha, objeto do amor previdente de um Pai que não enviou o seu Verbo para resgatar os justos, mas os pecadores. Quer que O ame, porque me perdoou, não muito, mas tudo. Não esperou que eu O amasse muito como Santa Madalena, mas quis que eu soubesse como me tinha amado com um amor de inefável previdência, para que agora O ame loucamente!...
Ouvi dizer que nunca se encontrou uma alma pura que amasse mais do que uma alma arrependida. Ah! Como gostaria de desmentir essa palavra!...”



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