A
Via-sacra da água e a água da via-sacra
2013 Ano Internacional da Cooperação da Água
1ª Estação - Jesus
é condenado à morte
Lavar as mãos
O
tribunal, ao condenar um inocente que só tinha feito o bem, incorreu numa
notória injustiça. Apesar disso, ninguém protestou, ninguém procurou defender a
verdade, ninguém quis ficar ao lado do inocente. Todos quiseram lavar as suas
mãos, livrando-se de qualquer responsabilidade naquela condenação injusta.
Ao
contemplarmos Pilatos e todos os outros a lavar as suas mãos, podemos concluir
que nem tudo pode ser lavado pela água. Há determinadas coisas que a água não
limpa.
Examinemos
a nossa consciência. Procuremos defender sempre a verdade. A água não lava
tudo. Só a verdade nos purifica e nos liberta.
2ª Estação - Jesus
carrega com a cruz
Faz-te ao largo
Em
várias ocasiões Jesus caminhou pelo mar adentro. Costumava atravessar para
outra margem na companhia dos seus discípulos.
Nesta
estação Jesus encetou outra travessia, não no madeiro de um barco, mas de uma
cruz. E desta vez viajou sozinho, pois parecia que todos o abandonavam.
Ele
convidou os seus amigos a fazerem-se ao largo, a ir mais além, a passar para o
outro lado do mar.
Nas
nossas travessias, saibamos ir mais além, firmes no mastro que é a cruz de
Cristo.
Apesar
de ninguém ter estado, nesta estação, a seu lado, nas nossas travessias Ele
está sempre connosco.
3ª Estação - Jesus
cai pela 1ª vez
Água da chuva
Tal
como a chuva que cai e não volta ao céu sem ter primeiro regado e fecundado a
terra, também o Verbo de Deus caiu à terra e a regou com o seu sangue.
Jesus
caiu por terra não tanto porque as suas forças eram poucas ou a cruz era
demasiado pesada. Ele caiu porque a terra precisava de ser regada, purificada e
alimentada com o seu sangue redentor.
Se
a nossa terra ou a nossa vida está árida e seca, não é por falta de água, pois
Cristo continua a cair qual chuva fortificante. Nós é que muitas vezes queremos
saciar a nossa sede noutras fontes que não nos dão a vida para a eternidade.
4ª Estação - Jesus
encontra a sua mãe
Água benta
A
proximidade de Maria mãe de Jesus foi uma bênção e um alento para Jesus. O nome
de Maria tem a mesma raiz que a palavra Mar. Maria é a estrela do mar, é a
fonte de água benta.
Não
sabemos se foi Jesus quem Se aproximou de Maria ou se foi Maria quem se
aproximou de Jesus nesta estação. Tal como não sabemos se somos nós que
recebemos água benta ou se é a água benta que nos recebe.
Sempre
que alguém se aproxima de Maria, ou sempre que Maria se aproxima de nós, somos
abençoados, pois dela emana uma fonte sagrada de água de todas as graças.
5ª Estação - Jesus
é ajudado pelo Cireneu
Dar um copo de água
Jesus
um dia prometeu recompensar a generosidade nem que fosse de um simples copo de
água. Simão de Cirene deu muito mais. Ele ajudou a levar a cruz de Cristo. Por
isso não deixará de receber a sua recompensa que é a alegria da doação, a
felicidade da caridade e a gratidão da generosidade.
Quem
faz o bem prolonga-se na eternidade através do bem realizado, porque o bem para
ser bem tem de ser eterno. É essa a recompensa prometida a quem der nem que
seja um copo de água.
Saibamos
partilhar o que temos e somos, saibamos saciar a sede de Deus e saibamos
agradecer todos os benefícios que o Senhor nos faz.
6ª Estação - Jesus
encontra Verónica
Suor do rosto
Jesus
no caminho do Calvário, com o peso da cruz, os obstáculos da calçada, as
provocações dos agressores, o calor do sol, avançava coberto de sangue e suor.
Já na noite anterior, na antevisão da sua paixão, havia suado gotas de sangue.
Toda a gente olhava para Jesus, mas ninguém reparava no seu suor ou se reparava
ninguém se atrevia a aproximar-se e a aliviá-lo.
No
Paraíso, o homem foi condenado a trabalhar para comer o pão com o suor do seu
rosto, por causa da sua desobediência. Na paixão, é Jesus que redime o homem
com o suor do seu rosto para restaurar a sua obediência.
Que
o suor do nosso rosto seja sinal do nosso empenho para sermos dignos de
alcançar a redenção de Cristo.
7ª Estação - Jesus
cai pela 2ª vez
Água da humildade
Diz-se
que a água é tão humilde que procura sempre os lugares mais baixos. Assim
Jesus, ao cair pela segunda vez, mostra que é a encarnação perfeita da
humildade. Ele veio para servir e não para ser servido. Ele é manso e humilde
de coração. É por isso que como a água humilde, Jesus deixa-se escorregar pela
terra, na sua humildade, para que todos possam ser regados, purificados e
vivificados.
Para
além desta humildade a água é exemplo de constância. É humilde porque cai, é
constante porque “água mole em pedra dura, tanto dá, até que fura. É por isso
que Jesus caiu pela segunda vez, porque é humilde, e levantou-se da queda
porque é persistente.
É
preciso ser humilde e constante para que as quedas possam transformar-se em
canções e regar as raízes para que nova vida possa brotar, erguer-se e florir
numa nova e eterna primavera.
8ª Estação - Jesus
encontra as mulheres de Jerusalém
Água nos olhos
Um
grupo de mulheres de Jerusalém chorou com Jesus. Os seus olhos ficaram rasos de
água. Jesus agradeceu-lhes mas aconselhou-as a estar atentas aos seus filhos…
Jesus
chamou assim a atenção para aquilo que às vezes nos acontece. Se a nossa vida é
dura, se as tormentas são dolorosas, se a noite é de trevas, então os nossos
olhos podem encher-se de lágrimas. Mas atenção: se não pararmos de nos
lamentar, se não deixarmos de chorar, as nossas lágrimas impedir-nos-ão de ver
as novas realidades, como diz uma canção popular – se choras por teres perdido
o sol, as lágrimas vão impedir-te de ver as estrelas.
Que
Jesus nos ajude a secar as lágrimas de tantos olhos para podermos olhar mais
além.
9ª Estação - Jesus
cai pela 3ª vez
Água do Dilúvio
Jesus
estava de rastos outra vez. Jesus parecia a chuva de um dilúvio que não parava
de cair e inundava tudo. Caiu, mas não foi para tirar a vida, mas sim para
salvar. A sua paixão foi um novo dilúvio… foi a purificação da humanidade. A
sua cruz foi a nova arca de Noé.
É
preciso navegar pelas águas imensas… Não haverá perigo, mesmo se as ondas forem
encapeladas, desde que a água não entre para dentro do barco.
Assim
a nossa vida. Também podemos cair tantas vezes, ser atingidos por tantos
dilúvios ou inundações, mas que esse mal não entre dentro do nosso coração.
Ao
contemplarmos esta terceira queda de Jesus aprendamos a resistir às quedas sem
nos deixar abater interiormente.
10ª Estação - Jesus
é despojado das suas vestes
Água transparente
Diz-se
que a água é transparente, é modesta, não tem cor, nem cheiro… A água não é
vaidosa, mas apresenta-se com toda a simplicidade e verdade.
Jesus
ao ser despojado das suas vestes foi como a água pura, verdade revelada,
coração sincero.
Também
nós somos chamados a viver na verdade e na sinceridade, pois só os puros de
coração verão a Deus.
Apesar
da água ser transparente, ela só deixa ver o fundo de um poço quando está
serena e pacífica.
Que
a nossa mansidão seja transparente para podermos ver no fundo do nosso interior
as marcas da nossa filiação divina, a imagem e semelhança de Deus.
11ª Estação - Jesus
é crucificado
Tenho sede
Jesus
no alto da cruz pediu água para saciar a sua sede, para que nunca tenhamos medo
de Lhe pedir água de vida eterna.
Ele
mostrou-Se com sede, para que não nos esqueçamos de beber da sua fonte.
Jesus
continua a ter sede de almas santas, tal como nós temos sede de Deus.
E
se algum de nós morre de sede, não será por falta de água, mas sim por não
querer beber.
Jesus
ao dizer que tem sede recorda-nos que só quem tiver fome e sede de justiça será
saciado e entrará na bem-aventurança eterna.
Sempre
que tivermos sede de água, lembremo-nos da sede de justiça que só o Senhor nos
pode saciar, pois sem a sua ajuda nada podemos alcançar.
12ª Estação - Jesus
morre na cruz
Fonte de água viva
Um
dos soldados chegando junto de Jesus abriu-Lhe o peito, donde saiu sangue e
água.
O
Coração de Jesus é a fonte de água viva… É uma fonte inesgotável de todas as
graças. Jesus de coração aberto é manancial de amor. Do seu lado aberto nasce a
Igreja, a Eucaristia e os sacramentos.
Sempre
que alguém leva no seu coração a Cruz de Cristo ou o Cristo na Cruz , leva consigo uma fonte de
vida nova. É uma espécie de fonte portátil… acessível a todos, em qualquer
tempo ou em qualquer lugar ou situação.
Que
o nosso coração seja também uma fonte inesgotável de amor a Deus e ao próximo.
13ª Estação - Jesus
é descido da cruz
Água parada
Jesus
ficou inerte nos braços da sua mãe. Mais do que um mar agitado, o coração da
sua mãe manteve serenidade. E nos seus braços o corpo de Jesus morto, é como a
água estagnada. E sabemos que a água parada ou estagnada é água estragada,
elemento morto. Mas no caso de Jesus isso não é verdade, pois ao terceiro dia
ressuscitará conforme as Escrituras.
Apesar
de nesta estação se parecer com água estagnada, Jesus não conheceu a corrupção.
Ao
contemplarmos Jesus que não sofreu corrupção, saibamos viver sem que a
corrupção nos conheça. Só assim estaremos unidos a Jesus, como a Senhora da
Piedade estava unida ao seu filho.
14ª Estação - Jesus
é sepultado
Vapor de água
Jesus
ao ser sepultado no túmulo foi como alguém que se escondeu por detrás de uma
nuvem para depois, oportunamente Se revelar como homem novo.
De
facto a água ao evaporar-se, parece que desparece, mas continua a ser água,
apenas muda o seu estado.
Tal
aconteceu com Jesus. Através da sua paixão e morte, Ele não despareceu, apenas
mudou de estado… Ficou escondido por detrás de uma nuvem. Mas tal como o sol
surgindo por detrás das nuvens, depois de um dia cinzento, assim Jesus
ressurgirá após a ocultação do cinzento do seu sepulcro.
Nós
também somos convidados a deixarmo-nos elevar, como água a evaporar-se,
aspirando sempre aos valores do alto.
15ª Estação - Jesus
Ressuscita
Renascer pela água e
pelo espírito
Jesus
ao ressuscitar convida-nos a ressuscitarmos todos com Ele.
A
maneira de ressuscitarmos hoje com Ele é deixar-se renascer pela água e pelo
espírito. É através da água do Batismo que podemos renascer e fazer Páscoa na
nossa vida.
É
através do Espírito que podemos viver essa nova dimensão da nossa adesão à
ressurreição de Cristo em nós.
Recordemos
a água batismal que nos fez nascer para a vida.
Participemos
na ressurreição de Cristo, deixando-nos sepultar nas águas do Batismo para que
possamos viver sempre com Cristo ressuscitado.
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