3ª Feira - III Semana Quaresma
Quantas
vezes devo perdoar?
Sempre,
porque perdoar é libertar-se a si mesmo e libertar quem nos ofendeu.
Quando
alguém me atira uma pedra, posso assumir 2 atitudes:
Ou
retiro-me silencioso e desimportado, deixando a pedra onde caiu…
Ou
guardo a pedra para devolver ao agressor numa outra oportunidade.
Pensando
melhor, não sei se vale a pena guardar a pedra no bolso para atirá-la de volta,
por vários motivos:
1º
porque no meu bolso será um peso morto a dificultar a minha caminhada para onde
quer que eu vá. E se eu fizer isso com todas as pedras que me atiram será bonito!
2º
porque cada vez que eu tentar abraçar alguém, ambos sentiremos algo de estranho
a incomoda uma maior aproximação. E correrei o risco de magoar sem querer…
3º
porque se eu quiser guardar algo de mais precioso no meu bolso já não haverá
mais espaço para tal. Se o meu bolso já estiver cheio de pedras, como poderei
guardar as coisas boas?
4º
porque posso cansar-me e frustrar-me inutilmente: se o meu agressor desaparecer
da minha vista e nunca mais aparecer, terei carregado em vão a pedra para lhe
retribuir.
Tal
acontece com as ofensas que me fazem:
Se
as guardo, ficarei mais pesado e cansado.
Se
as quero devolver ao ofensor, perderei o meu tempo imaginando planos e
oportunidades. Tenho de aproveitar o tempo para fazer outras coisas mais
positivas.
Se
não me liberto delas, continuo magoado e triste. Até os meus amigos
ficarão prejudicados com essa minha falta de alegria.
E
se eu insistir nos meus intentos, verei passar o tempo, talvez perderei de
vista o meu ofensor, não terei oportunidade de retribuir e tornar-me-ei uma pessoa amarga e infeliz… porque
não plenamente realizada.
Perdoar
é libertar-se.
Quem
perdoa ao seu agressor é verdadeiramente uma pessoa livre.
Perdoar
é uma questão de inteligência, de liberdade, de amor e de felicidade.
Perdoar sempre?
Ensinaram-me
um dia que:
Deus
perdoa sempre;
Os
homens perdoam às vezes;
A
natureza nunca perdoa.
Mas
afinal, Jesus nega isto.
No
seu ensino e no exemplo de vida:
Deus
perdoa sempre;
Os
homens perdoam sempre que querem;
E
é sempre a natureza que perdoa.
De
facto na natureza podemos constatar que:
A
pedra bruta perdoa as mãos que a ferem com o cinzel, transformando-se em estátua
perfeita.
O
grão de trigo perdoa o agricultor que o atira para a terra, multiplicando-se em
muitos grãos.
O
ferro deixa-se dobrar sob altas temperaturas e à martelada e perdoa aqueles que
o modelam, retribuindo segurança e consistência.
Perdoar
é um imperativo de tudo e de todos, de todos os tempos e lugares…
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