terça-feira, 5 de março de 2013

Perdoar é libertar-se


3ª Feira - III Semana Quaresma


Quantas vezes devo perdoar?
Sempre, porque perdoar é libertar-se a si mesmo e libertar quem nos ofendeu.

Quando alguém me atira uma pedra, posso assumir 2 atitudes:
Ou retiro-me silencioso e desimportado, deixando a pedra onde caiu…
Ou guardo a pedra para devolver ao agressor numa outra oportunidade.

Pensando melhor, não sei se vale a pena guardar a pedra no bolso para atirá-la de volta, por vários motivos:
1º porque no meu bolso será um peso morto a dificultar a minha caminhada para onde quer que eu vá. E se eu fizer isso com todas as pedras que me atiram será bonito!
2º porque cada vez que eu tentar abraçar alguém, ambos sentiremos algo de estranho a incomoda uma maior aproximação. E correrei o risco de magoar sem querer…
3º porque se eu quiser guardar algo de mais precioso no meu bolso já não haverá mais espaço para tal. Se o meu bolso já estiver cheio de pedras, como poderei guardar as coisas boas?
4º porque posso cansar-me e frustrar-me inutilmente: se o meu agressor desaparecer da minha vista e nunca mais aparecer, terei carregado em vão a pedra para lhe retribuir.

Tal acontece com as ofensas que me fazem:
Se as guardo, ficarei mais pesado e cansado.
Se as quero devolver ao ofensor, perderei o meu tempo imaginando planos e oportunidades. Tenho de aproveitar o tempo para fazer outras coisas mais positivas.
Se não me liberto delas, continuo magoado e triste. Até os meus amigos ficarão prejudicados com essa minha falta de alegria.
E se eu insistir nos meus intentos, verei passar o tempo, talvez perderei de vista o meu ofensor, não terei oportunidade de retribuir e tornar-me-ei uma pessoa amarga e infeliz… porque não plenamente realizada.

Perdoar é libertar-se.
Quem perdoa ao seu agressor é verdadeiramente uma pessoa livre.
Perdoar é uma questão de inteligência, de liberdade, de amor e de felicidade.

 
Perdoar sempre?
Ensinaram-me um dia que:
Deus perdoa sempre;
Os homens perdoam às vezes;
A natureza nunca perdoa.

Mas afinal, Jesus nega isto.
No seu ensino e no exemplo de vida:
Deus perdoa sempre;
Os homens perdoam sempre que querem;
E é sempre a natureza que perdoa.

De facto na natureza podemos constatar que:
A pedra bruta perdoa as mãos que a ferem com o cinzel, transformando-se em estátua perfeita.
O grão de trigo perdoa o agricultor que o atira para a terra, multiplicando-se em muitos grãos.
O ferro deixa-se dobrar sob altas temperaturas e à martelada e perdoa aqueles que o modelam, retribuindo segurança e consistência.

Perdoar é um imperativo de tudo e de todos, de todos os tempos e lugares…

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