quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Discurso da Lua


A) Festa Litúrgica do Beato João XXIII
Angelo Roncalli foi eleito Papa a 28 de outubro de 1958 e tomou o nome de João XXIII. Perante os cardeais justificou assim esta escolha do nome:
“Escolho João… um nome doce para nós, pois é o nome do nosso pai; querido para mim, porque é o nome da humilde igreja paroquial onde fui batizado; o nome solene de inúmeras catedrais espalhadas pelo mundo, incluindo a nossa basílica de Roma. Vinte e dois Joões já tivemos como papas e quase todos tiveram um breve pontificado. Nós preferimos esconder a pequenez do nosso nome por detrás desta magnífica sucessão de papas romanos.

B) 50 Anos da abertura do Concílio
Em 1962 foi o dia da abertura do Concílio Vaticano II
Um dos discursos mais célebres do Papa João XXIII é o conhecido Discurso da Lua. Na noite de 11 de outubro de 1962, dia da abertura do Concílio Vaticano II, a Praça de São Pedro estava cheia de fiéis. A multidão queria saudar o Papa e este partilhou a sua satisfação pela abertura da primeira sessão do Concílio que contava com a participação de 2540 prelados de todo o mundo, de várias centenas de peritos ou consultores teológicos e de várias dezenas de observadores ortodoxos e protestantes. Embora tivesse há pouco tempo conhecimento que tinha um cancro no estômago, João XXIII fez questão de dirigir as celebrações, sem que ninguém notasse essa debilidade. Nessa noite saudou assim os fiéis:
 
“Caros filhinhos, oiço as vossas vozes. A minha é apenas uma, mas condensa a voz do mundo inteiro. Todo o mundo está aqui representado. Parece que até a lua antecipou-se esta noite – observai-a no alto – para contemplar este espetáculo. É que encerramos uma grande jornada de paz. Sim, de paz: Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade.
A minha pessoa não conta para nada, quem vos fala é um irmão, que se tornou pai por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto – paternidade e fraternidade – é graça de Deus, tudo, tudo. Continuemos, pois, a amar-nos, a querer-nos bem, a querer-nos bem; olhando-nos mutuamente no encontro, recolhendo aquilo que nos une, deixando de lado qualquer coisa que nos possa criar dificuldade: nada. Fratres sumus.
Esta manhã aconteceu um espetáculo que nem a basílica de São Pedro, que tem quatro séculos de história, alguma vez pôde contemplar.
Honremos as impressões desta noite. Que os nossos sentimentos permaneçam sempre como agora os manifestamos diante do Céu e da terra. Fé, esperança, caridade, amor de Deus, amor de irmãos. E assim, todos juntos, mutuamente apoiados, na santa paz do Senhor, nas obras do bem.
Quando regressardes a casa, encontrareis os vossos meninos. Fazei uma carícia às vossas crianças e dizei: «esta é a carícia do Papa». Encontrareis algumas lágrimas por enxugar, fazei alguma coisa… dizei uma boa palavra: «o Papa está connosco, especialmente nas horas de tristeza e de amargura».
E assim, todos juntos, animemo-nos, cantando, suspirando, chorando mas sempre, sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta, para avançarmos e retomarmos o nosso caminho.
E, agora, tende a gentileza de atender à bênção que vos dou e também à boa-noite que me permito desejar-vos.”

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