A) Festa Litúrgica do
Beato João XXIII
Angelo
Roncalli foi eleito Papa a 28 de outubro de 1958 e tomou o nome de João XXIII.
Perante os cardeais justificou assim esta escolha do nome:
“Escolho
João… um nome doce para nós, pois é o nome do nosso pai; querido para mim,
porque é o nome da humilde igreja paroquial onde fui batizado; o nome solene de
inúmeras catedrais espalhadas pelo mundo, incluindo a nossa basílica de Roma.
Vinte e dois Joões já tivemos como papas e quase todos tiveram um breve
pontificado. Nós preferimos esconder a pequenez do nosso nome por detrás desta
magnífica sucessão de papas romanos.
B) 50 Anos da abertura do Concílio
Em
1962 foi o dia da abertura do Concílio Vaticano II
Um
dos discursos mais célebres do Papa João XXIII é o conhecido Discurso da Lua.
Na noite de 11 de outubro de 1962, dia da abertura do Concílio Vaticano II, a
Praça de São Pedro estava cheia de fiéis. A multidão queria saudar o Papa e
este partilhou a sua satisfação pela abertura da primeira sessão do Concílio
que contava com a participação de 2540 prelados de todo o mundo, de várias
centenas de peritos ou consultores teológicos e de várias dezenas de
observadores ortodoxos e protestantes. Embora tivesse há pouco tempo conhecimento que tinha um cancro
no estômago, João XXIII fez questão de dirigir as celebrações, sem que ninguém
notasse essa debilidade. Nessa noite saudou assim os fiéis:
“Caros
filhinhos, oiço as vossas vozes. A minha é apenas uma, mas condensa a voz do
mundo inteiro. Todo o mundo está aqui representado. Parece que até a lua
antecipou-se esta noite – observai-a no alto – para contemplar este espetáculo.
É que encerramos uma grande jornada de paz. Sim, de paz: Glória a Deus e paz
aos homens de boa vontade.
A
minha pessoa não conta para nada, quem vos fala é um irmão, que se tornou pai
por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto – paternidade e fraternidade – é
graça de Deus, tudo, tudo. Continuemos, pois, a amar-nos, a querer-nos bem, a
querer-nos bem; olhando-nos mutuamente no encontro, recolhendo aquilo que nos
une, deixando de lado qualquer coisa que nos possa criar dificuldade: nada. Fratres
sumus.
Esta
manhã aconteceu um espetáculo que nem a basílica de São Pedro, que tem quatro
séculos de história, alguma vez pôde contemplar.
Honremos
as impressões desta noite. Que os nossos sentimentos permaneçam sempre como
agora os manifestamos diante do Céu e da terra. Fé, esperança, caridade, amor de
Deus, amor de irmãos. E assim, todos juntos, mutuamente apoiados, na santa paz
do Senhor, nas obras do bem.
Quando
regressardes a casa, encontrareis os vossos meninos. Fazei uma carícia às
vossas crianças e dizei: «esta é a carícia do Papa». Encontrareis algumas
lágrimas por enxugar, fazei alguma coisa… dizei uma boa palavra: «o Papa está
connosco, especialmente nas horas de tristeza e de amargura».
E
assim, todos juntos, animemo-nos, cantando, suspirando, chorando mas sempre,
sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta, para
avançarmos e retomarmos o nosso caminho.
E,
agora, tende a gentileza de atender à bênção que vos dou e também à boa-noite
que me permito desejar-vos.”
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