segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Efeméride (1)


11 de Outubro

100 Anos
No dia 11 de Outubro comemoram-se os 100 anos da Ordenação Episcopal do primeiro Bispo da Congregação que também foi o primeiro missionário SCJ. Trata-se de D. Gabriel Grison ordenado bispo a 11 de Outubro de 1908 em Roma com destino à Diocese de Stanley-Falls como Vigário Apostólico, actual Kisangani no Alto Congo. Manteve-se no cargo até 1934 quando lhe sucedeu outro dehoniano, o Bispo D. Camilo Verfaillie.

50 Anos
Em 1958, também no dia 11 de Outubro outro bispo da Congregação tomou posse da mesma Diocese como Vigário Apostólico, D. Nicolau Kinsch. No ano seguinte é designado Arcebispo mantendo-se aí até resignar em 1967. A partir de então não houve mais bispos dehonianos nessa diocese.

Primeiro Missionário
O Bispo D. Gabriel Grison é considerado também o primeiro missionário dehoniano. De facto foi ele o primeiro a partir para a missão do Equador, na América Latina em 1888. Depois da expulsão dos missionários do Equador em 1896, o Padre Gabriel Grison partiu no ano seguinte para abrir a primeira missão africana da Congregação no Congo Belga, onde se manteve como missionário e depois também como bispo desde 1908 até 1942, ano da sua morte.
Escreveu as memórias da sua primeira missão no Equador e uma “Crónica de Stanley-Falls” publicada em 1936 na revisa “O Reino do Coração de Jesus” de Lovaina (Bélgica).

Primeiro Bispo
D. Gabriel Grison foi o primeiro bispo dehoniano de toda a Congregação. Segundo o actual Elenchus a nossa Congregação já deu à Igreja 40 bispos, dos quais 22 vivos (incluindo os dois únicos Cardeais, o Brasileiro Óscar Scheid e o Polaco Estanislau Nagy).
Mártires
Quando D. Gabriel Grison morreu em 1942 com 81 anos de idade, já 52 missionários o tinham precedido na morte, grande parte em idade jovem.
Para a sua sepultura escolheu um espaço à frente da Gruta de Lurdes no exacto lugar onde celebrou a sua primeira missa de Natal na Missão de S. Gabriel quando chegou às terras africanas. O Papa João Paulo II, visitando o Congo em 1980, rezou ajoelhado na campa de D. Gabriel Grison.
Recordando os seus missionários que sacrificaram a sua vida, o Padre Dehon escreveu em Fevereiro de 1925 nas notas quotidianas: “Alguns morreram generosamente na missão no Congo, no Brasil”.
Nos “Souvenirs” ao recordar os “nossos defuntos” o Fundador confessou que “um santo cardeal lhe dizia que só pelo facto de terem ido para longe, expondo-se a uma morte iminente, estes missionários mereciam a palma do martírio”.
Mais tarde o martírio continuou mais explícito: Durante a rebelião dos Simbas, após a proclamação da independência do Zaire a 30 de Junho de 1960. Dos 144 missionários assassinados, 29 foram dehonianos.


Bilhetes de Identidade
D. Gabriel Grison:
Nasceu a 24 de Dezembro de 1860 em Verdún
Ordenado Presbítero a 30 de Novembro de 1883 = 125 anos
Primeira Profissão a 13 de Setembro de 1887
Partiu para o Equador a 10 de Novembro de 1888
Expulsão do Equador a 12 de Junho de 1896
Partiu para o Congo a 6 de Julho de 1897
Ordenado Bispo a 11 de Outubro de 1908 = 100 anos
Resignou em 1934
Morreu a 13 de Fevereiro de 1942
Era de estatura pequena, mas robusta, de temperamento nervoso, inteligente, com uma vontade tenaz e um coração generoso. Possuía uma alma poética que se entusiasmava diante das belezas da natureza. Era um excelente mestre, especializado em Ciências Naturais e tocava bem guitarra.

D. Camilo Verfaillie:
Nasceu a 4 de Julho de 1892
Primeira Profissão a 23 de Setembro de 1912
Ordenado Presbítero a 13 de Julho de 1924
Ordenado Bispo a 27 de Maio de 1934
Resignou em 1958 = 50 anos
Morreu a 22 de Janeiro de 1980

D. Nicolau Kinsch:
Nasceu a 31 de Outubro de 1904
Primeira Profissão a 22 de Setembro de 1926
Ordenado Presbítero a 12 de Julho de 1931
Ordenado Bispo a 11 de Outubro de 1958 = 50 anos
Resignou em 1967
Morreu a 23 de Março de 1973

Documentos

Carta do Pe. Dehon : 28.03.1908 Destinataire : Madame von Christierson Inventaire : 1152.09 AD : B104/1
Madame, … A nossa Congregação acaba de obter uma grande graça da Santa Sé. A nossa missão do Congo foi erigida Vicariato Aostólico, e o Pe. Grison, da nossa Congregação, foi nomeado bispo. Recebei os meus respeitosos votos. L. Dehon


Carta do Pe. Dehon : 13.10.1908 (mardi) Destinataire : Louis Julliot Inventaire : 861.01 AD : B62/4
Mon cher Louis,… Neste momento, estamos todos reunidos em Roma. Nós tivemos no Domingo a sagração de D. Grison. Isto é narrado no Jornal La Croix. Foi o Cardeal Gotti que fez a sagração. Ele tinha uma bela assistência : quatro bispos, prelados, príncipes romanos, o embaixador da Bélgica, etc. Que bela cerimónia ! As promessas do novo bispo, a prostração, as unções, a imposição das mãos, a bênção da mitra, da cruz, do anel, com as fórmulas que explicam o simbolismo, tudo isto impressiona vivamente. O Pe. Mathias está aqui, o Pe. Jeanroy, o Pe. Falleur, o Pe. Duborgel. Eles vão visitar as sete basílicas, as catacumbas, etc. etc. Terão assim muito que contar durante todo o inverno. Hoje haverá uma grande recepção na nossa casa. Amanhã, haverá uma segunda audiência do Papa. Ele já ofereceu a D. Grison uma bela cruz peitoral em ouro, ornamentada com filogramas, pérolas e safiras. Mais dois ou três dias e toda a gente regressará. Eu ficarei até 15 de Novembro… Teu devotado L. Dehon

O Adeus de D. Grison ao Pe. Dehon
Das lembranças de D. Philippe, escritas em 1952, em alemão, traduzidos em italiano pelo Pe. Lellig para o Pe. Memolo, segundo parece demasiado literalmente o que torna a sua leitura difícil. (pp. 286.296):
“Quando D. Grison veio de férias tive a ocasião de ver uma cena inesquecível.
Antes de ir embora houve uma última discussão com o Fundador sobre a questão sempre escabrosa do dinheiro para as missões. Depois o Bispo partiu. Cada dia estava informado, como se disse atrás, sobre o estado da doença do Pe. Dehon. Ao chegar, entrando comigo na câmara mortuária, e vendo-o no ataúde, caiu de joelhos chorando como uma criança e eu disse-lhe: “Olhe, isto é para si a recordação do Fundador”. Sobre o crucifixo estava gravado: “Fortis ut mors est dilectio” que quer dizer: “O amor é forte como a morte”. Mais tarde o bispo escreveu-me do Congo: “Você sabia muito bem do que eu tinha necessidade quando me deu o crucifixo.
A Superiora Geral das Servas do Coração de Jesus tinha oferecido a cada Padre um crucifixo igual na primeira profissão perpétua…”

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