domingo, 21 de fevereiro de 2021

Como vencer a tentação


Ano B – I domingo da quaresma

Neste Primeiro Domingo da Quaresma o Evangelho é sempre o das Tentações de Jesus, tanto no ciclo A como B ou C.

Este ano em que acompanhamos São Marcos, o trecho do evangelho +e diminuto e conciso. Diz apenas que Jesus esteve 40 dias no deserto e foi tentado. Passado esse retiro começou a pregar.

 

A nossa reflexão hoje, será mais sobre o que não diz e Evangelho de hoje, do que aquilo que ele diz.

Ele não diz o que é uma tentação, quantas vezes Jesus foi tentado, em que consistiam as tentações, como é que Jesus as venceu.

 

a) O que é uma tentação

É uma inclinação, um atrativo ou uma solicitação para fazer algo que não está certo. Pode vir do interior (pensamentos) do exterior (dos outros ou das circunstâncias).

 

b) Quantas tentações teve Jesus?

Mão apenas as 3 primeiras no deserto, mas também, quando Pedro queria impedi-lhe de ri para Jerusalém para sofrer a paixão, outra no Jardim das Oliveiras ao rezar para que o Pai afastasse o cálice de dor que se aproximava, ou então no alto da cruz quando lhe diziam: Se és Deus, desce dessa cruz e acreditaremos em ti. Foi a última das 6 tentações.

 

c) Em que consistiram as tentações de Jesus?

- Tentação do pão… ser servido em vez de servir

- Tentação da fama… atira-te daqui abaixo e todos te aplaudirão

- Tentação do poder…  tudo te darei se prostrado me adorares

- Tentação de seguir pelo caminho fácil… não vás para Jerusalém

- Tentação de contornar a vontade do Pai… Afasta de mim este cálice

- Tentação de desistir… retirar-se e deixar tudo nas mãos do inimigo

 

d) Como venceu Jesus as tentações?

- Mudando de assunto… Não só de pão.

- Recordando a palavra de Deus… Também está escrito.

- Confiando no Pai e mantendo a calma… Faça-se a vossa vontade.

 

Esta foi a sua receita para vencer a tentação.

Esta pode ser a nossa receita para vencer as nossas tentações.

 

Anexo 1

Não só de pão vive o homem,

mas de toda a Palavra que vem da boca de Deus.

 

Não só no bem-estar vive o homem,

mas também entre tantos contratempos e incómodos de todos os níveis.

 

Não só de alegria e de felicidade vive o homem,

mas com todos os sofrimentos e dores da sua contingência humana.

 

Não só de glória vive o homem,

mas também da cruz de cada dia na via-sacra até ao calvário.

 

Não só vive neste mundo o homem,

Mas também viverá no noutro mundo por toda a eternidade.

 

Não só o homem vive neste mundo

Mas também Deus e os seus anjos com ele aqui convivem.

 

Não só de palavras vive o homem,

Mas de também de pão e de tantas atenções de que precisa.


Não só de pão vive o homem,

Mas também.

 

Anexo 2

Sermão do Pe. António Vieira em Lisboa, 1655

 

Como o demónio dos remédios fez tentação, nós das tentações façamos remédio fazendo das pedras pão e dos precipícios caminhos.

O demónio na primeira tentação pedia a Cristo que fizesse das pedras pão e na segunda que fizesse dos precipícios caminhos.

Que coisa são as tentações senão pedras e precipícios?

Pedra em que tropeçamos e precipícios donde caímos.

O demónio do pão fez pedras e dos caminhos fez precipícios porque dos remédios fez tentações.

Eu às avessas das pedras ei de fazer pão e dos precipícios caminho, porque das tentações hei de fazer remédios.

Nas duas primeiras tentações Jesus é tratado como filho de Deus.

Na terceira é tratado como simples homem.

Tu, demónio, me ofereces todos os reinos do mundo. Grande oferecimento é, mas bem sabes tu que Alexandre Magno não durou mais que seis anos no seu império, e outros imperadores durara muito menos, e algum houve que durou só três dias. Por seis anos, ou por vinte anos, ou por quarente a que possa viver, e esses incertos, hei eu de entregar a minha alma? Não é boa partida.

Pois se o demónio, que não é interessado como eu, dá o mundo só por pôr a minha salvação em dúvida, eu por que porei em dúvida a minha alma e a minha salvação, ainda que seja por todo o mundo?

Como está Cristo na cruz? Despido, afrontado, atormentado, morto: despido pela minha alma, para que eu estime mais a minha alma que o interesse. Afrontado pela minha alma para que estime mais a minha alma que os gostos. Morto pela minha alma para que eu estime mais a minha alma que a vida.

 

Ver também:

Interiorizar o deserto

Pedra e Pão

Lições do deserto

Ser tentado

Vencer o deserto

Purificação da memória

 

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