segunda-feira, 2 de abril de 2018

Jesus apareceu à sua Mãe


2ª feira da Oitava da Páscoa

Santo Inácio de Loiola, nos seus Exercícios Espirituais, afirmou que a primeira aparição do Senhor Ressuscitado foi a Maria, sua Mãe:
“Primeiro apareceu à Virgem Maria, que ainda que não se diga na Escritura, se tem por dito ao referir que apareceu a muitos outros... ”
Uma coisa é certa: Jesus Ressuscitado apareceu primeiro às santas mulheres… Maria, sua Mãe, com certeza não ficou à margem dessa experiência.

Inspirados nesta sugestão, imaginemos como pode ter sido essa primeira aparição:

No primeiro dia da semana, Maria, mãe de Jesus, foi a primeira a acordar em casa de José de Arimateia. Todos os discípulos do Senhor e ele mesmo costumavam ficar ali quando subiam a Jerusalém. Tudo ficava desarrumado quando vinham à festa da Páscoa. Ninguém trabalhava no dia de sábado, a não ser Maria que não deixava de recolher túnicas e mantos, pondo um pouco de ordem na casa para que ninguém tropeçasse.
Nessa manhã Maria levantou-se cedo, tinha o seu coração oprimido e seus olhos vermelhos pelas intensas lágrimas derramadas. Tinha passado todo o sábado em oração a Deus Todo-poderoso pelo seu filho.
Era ainda escuro quando foi para a cozinha atravessando a sala invadida pelos apóstolos. Todos dormiam e ressonavam numa polifonia dirigida por Pedro, pois era o mais ruidoso.
Começou a acender a lareira com alguns paus secos… queria amassar um pouco de farinha para preparar o pão quando se lembrou de Jesus que gostava de comer a massa ainda crua. Aprendera de José, seu pai, e dizia que o melhor fermento era o que fazia levedar a massa dentro de cada um e não dentro do forno.
Bateram à porta. Era Jeremias, o pequeno pastor, que trazia um pouco de leite que o pai mandara. Maria recebe-o carinhosamente e disse-lhe que esperasse um minuto, pois estava prestes a sair a primeira fornada de pão. O pequeno começou a ajudá-la a manter o lume aceso.
Chegou também Madalena para convidar Maria a ir ao sepulcro embalsamar o corpo de Jesus. Maria disse-lhe:
- Vai indo. Assim que eu termine esta amassadura de pão e deixe algo quente para estes rapazes, vou logo ter contigo.
E Madalena saiu apressadamente a caminho do sepulcro.
Assim que ficou pronta a primeira fornada Jeremias recebeu um pão a escaldar nas mãos, sorriu para Maria e saiu para a casa.
Maria sentia o seu coração a arder dentro do peito e voltando-se de repente para a lareira viu Jesus junto do alguidar da massa por cozer. Perturbou-se um pouco, duvidou, teve medo, mas recompôs-se e sorrindo disse:
- És sempre o mesmo… gosto muito de te ver comer a massa crua.
- Foi o pai José que me ensinou a comer assim – respondeu-lhe o filho a sorrir.
Jesus olhava-a com carinho e apontando para a sala onde dormiam os seus apóstolos disse:
- Cuida deles. Sê para todos eles o que foste para mim.
E Maria fechou os olhos, exultou de alegria e cantou:
- A minha alma glorifica o Senhor…
Os discípulos acordaram e vieram até à cozinha atraídos pela voz de Maria e pelo cheiro do pão fresco.
Abrindo os olhos, Maria viu-se rodeada apenas pelos apóstolos, mas não lhes contou nada da sua experiência com Jesus, com medo de precipitar as coisas…
Os discípulos perceberam que desde aquela manhã Maria estava diferente e que transbordava do seu coração uma misteriosa alegria.
Nisto chegaram Madalena e a outra Maria dizendo que Jesus estava vivo… Pedro e João nem ouviram todo o relato e desataram a correr para o sepulcro…  
Maria, mãe de Jesus, apenas sorria.
Só quando os apóstolos se encontraram com Jesus Ressuscitado é que perceberam a origem dessa misteriosa alegria de Maria, ou da Mãe Maria, como espontaneamente  começaram a chamar-lhe.










(Mosaico Resurrexit tertia die, foto de LawrenceOP-Fan. Texto - adaptação livre de uma reflexão de Hermann Rodríguez Osorio, S.J.)

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