quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Bakhita

De Escrava a Santa

A) Lição de Fé
Josefina Bakhita consagrou-se para sempre a Deus, a quem ela chamava com carinho "o meu Patrão!"
Vendo o sol, a lua e as estrelas, dizia comigo mesma: “Quem é o Patrão dessas coisas tão bonitas? E sentia uma vontade imensa de vê-Lo, conhecê-Lo e prestar-lhe homenagem”.
Com a idade, chegou a doença longa e dolorosa: "Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus. Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai eterno, agora podes julgar. E a São Pedro: Fecha a porta, porque fico".


B) Lição de Esperança
“Em que consiste esta esperança? … Pois bem, chegar a conhecer Deus, o verdadeiro Deus: isto significa receber esperança…
O exemplo de uma santa da nossa época pode, de certo modo, ajudar-nos a entender o que significa encontrar pela primeira vez e realmente este Deus. Refiro-me a Josefina Bakhita, uma africana canonizada pelo Papa João Paulo II.
Nascera por volta de 1869 – ela mesma não sabia a data precisa – no Darfur, Sudão.
Aos nove anos de idade foi raptada pelos traficantes de escravos, espancada barbaramente e vendida cinco vezes nos mercados do Sudão.
Por último, acabou escrava ao serviço da mãe e da esposa de um general, onde era diariamente seviciada até ao sangue; resultado disso mesmo foram as 144 cicatrizes que lhe ficaram para toda a vida.
Finalmente, em 1882, foi comprada por um comerciante italiano para o cônsul Callisto Legnani que, ante a avançada dos mahdistas, voltou para a Itália. Aqui, depois de «patrões» tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um «patrão» totalmente diferente – no dialecto veneziano que agora tinha aprendido, chamava «paron» ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um «paron» acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo «Paron» supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela «à direita de Deus Pai». Agora ela tinha «esperança»; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta esperança, ela estava «redimida», já não se sentia escrava, mas uma livre filha de Deus…
A 9 de Janeiro de 1890, foi baptizada e crismada e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza.
A 8 de Dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos na Congregação das Irmãs Canossianas e desde então, a par dos serviços na sacristia e na portaria do convento, em várias viagens pela Itália procurou sobretudo incitar à missão: a libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a «redimira», não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos…”
(Cf. CARTA ENCÍCLICA SPE SALVI, nº 3, de BENTO XVI, Roma, 2007)

C) Lição de Caridade
Por mais de cinquenta anos, esta humilde Filha da Caridade, dedicou-se às diversas ocupações na congregação, sendo chamada por todos de "Irmã Morena". Ela foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs estimavam-na pela generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido.
A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população.
Dizia: “Se voltasse a encontrar aqueles comerciantes que me raptaram e torturaram, me ajoelharia para beijar as suas mãos, porque se isto não tivesse acontecido, hoje não seria cristã e religiosa.”  
As suas últimas palavras foram: "Nossa Senhora!". Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia 8 de Fevereiro de 1947.

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