A) Lição de Fé
Josefina Bakhita consagrou-se para sempre a
Deus, a quem ela chamava com carinho "o meu Patrão!"
Vendo o sol, a lua e as estrelas, dizia
comigo mesma: “Quem é o Patrão dessas coisas tão bonitas? E sentia uma vontade
imensa de vê-Lo, conhecê-Lo e prestar-lhe homenagem”.
Com a idade, chegou a doença longa e dolorosa:
"Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os
meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus.
Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai eterno, agora podes
julgar. E a São Pedro: Fecha a porta, porque fico".
B) Lição de Esperança
“Em
que consiste esta esperança? … Pois bem, chegar a conhecer Deus, o verdadeiro
Deus: isto significa receber esperança…
O
exemplo de uma santa da nossa época pode, de certo modo, ajudar-nos a entender
o que significa encontrar pela primeira vez e realmente este Deus. Refiro-me a
Josefina Bakhita, uma africana canonizada pelo Papa João Paulo II.
Nascera
por volta de 1869 – ela mesma não sabia a data precisa – no Darfur, Sudão.
Aos
nove anos de idade foi raptada pelos traficantes de escravos, espancada
barbaramente e vendida cinco vezes nos mercados do Sudão.
Por
último, acabou escrava ao serviço da mãe e da esposa de um general, onde era
diariamente seviciada até ao sangue; resultado disso mesmo foram as 144
cicatrizes que lhe ficaram para toda a vida.
Finalmente,
em 1882, foi comprada por um comerciante italiano para o cônsul Callisto
Legnani que, ante a avançada dos mahdistas, voltou para a Itália. Aqui, depois
de «patrões» tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita
acabou por conhecer um «patrão» totalmente diferente – no dialecto veneziano
que agora tinha aprendido, chamava «paron» ao Deus vivo, ao Deus de Jesus
Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam
ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia
dizer que existe um «paron» acima de todos os patrões, o Senhor de todos os
senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor
também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e
precisamente pelo «Paron» supremo, diante do qual todos os outros patrões não
passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda,
este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora
estava à espera dela «à direita de Deus Pai». Agora ela tinha «esperança»; já
não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande
esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou
esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta
esperança, ela estava «redimida», já não se sentia escrava, mas uma livre filha
de Deus…
A
9 de Janeiro de 1890, foi baptizada e crismada e recebeu a Sagrada Comunhão das
mãos do Patriarca de Veneza.
A
8 de Dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos na Congregação das Irmãs
Canossianas e desde então, a par dos serviços na sacristia e na portaria do
convento, em várias viagens pela Itália procurou sobretudo incitar à missão: a
libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que
devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível
de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a «redimira», não podia
guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos…”
(Cf.
CARTA
ENCÍCLICA SPE SALVI, nº 3, de BENTO XVI, Roma, 2007)
C) Lição de Caridade
Por mais de cinquenta anos, esta humilde
Filha da Caridade, dedicou-se às diversas ocupações na congregação, sendo
chamada por todos de "Irmã Morena". Ela foi cozinheira, responsável
do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs estimavam-na pela
generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido.
A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população.
A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população.
Dizia: “Se voltasse a encontrar aqueles
comerciantes que me raptaram e torturaram, me ajoelharia para beijar as suas
mãos, porque se isto não tivesse acontecido, hoje não seria cristã e
religiosa.”
As suas últimas palavras foram: "Nossa
Senhora!". Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia 8 de Fevereiro de 1947.
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