Alguém queixava-se que na Madeira as pessoas não vivem a Páscoa tão profundamente como no resto de Portugal. Aqui não há o costume de nesta época pintar as casas, lavar tudo, enfeitar com cuidado, aprumar os jardins, cuidar das estradas. Não há fortes tradições na culinária, doces, bebidas como no Natal. Parece que na Madeira a Páscoa não é tão valorizada. Quem assim pensa, engana-se. É que os madeirenses estão mais empenhados na preparação interior do que na exterior.
Ao escutar o apelo de Cristo: É na tua casa que quero celebrar a Páscoa, há quem prepare a mesa, renove a loiça, enfeite a toalha. Parece que os madeirenses preferem arranjar antes a sua alma, confessar-se, recolher-se e deixar que Cristo aconteça. Tanto mais que aqui entre nós, diferenciando-se do resto do território nacional, o povo, ao fazer as saudações próprias da quadra pascal, usam o plural, desejando BOAS PÁSCOAS. De facto a Páscoa não se limita a um dia. Alarga-se também a Páscoa de Cristo à Páscoa de cada cristão.
Finalmente, ela nunca é um acto individual, mas comunitário e daí, o uso do plural. A sensibilidade religiosa madeirense expressa estas dimensões através de um simples voto de BOAS PÁSCOAS.
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