Solenidade
da Epifania do Senhor
Os
Magos não só deram 3 presentes ao Deus Menino, como também nos podem dar 3
lições:
1ª
– Vieram do Oriente,
isto é, de longe.
Não
interessa quão longe ou quão perto nós possamos estar para nos encontrarmos com
o nosso Deus. Não interessa as dificuldades que temos de ultrapassar, os
desertos que vamos atravessar ou as fronteiras que devemos derrubar para nos
encontrar com Deus.
2ª
– Passaram por Jerusalém, isto é, pela cidade da Paz.
Jerusalém
é Jeru-Shalom, cidade da Paz, ou então Jesus-Shalom, Jesus é a nossa Paz. Quem
quer chegar perto de Deus tem de passar pela paz, tem de se converter em homens
de boa vontade a quem os anjos cantando lhes desejaram a paz.
3ª
– Seguiram uma estrela, isto é, deixaram-se guiar.
Quem
pensa que já sabe tudo, quem não ouve nem vê os outros, não pode ir longe, não
chega à beira de Jesus. Os magos olharam para o alto, deixaram-se iluminar e
puseram-se a caminho, avançando guiados pela estrela, por aquilo que Deus
semeia neste mundo para levar os homens até Deus.
4ª
– A estrela parou
sobre o lugar onde estava o Menino.
A
estrela baixou do céu à terra para que a Terra pudesse ser o espelho ou reflexo
do Céu. É por isso que as estrelas que Deus põe no nosso caminho estão semeadas
no caminho que trilhamos. Os outros são estrelas para nós e nós estrelas para
eles. Juntos encontraremos o Messias.
5ª
– Os magos eram companheiros, isto é, eram comunidade.
Ninguém
chega sozinho perto de Jesus. É preciso unir-se aos outros, é preciso formar
comunidade.
6ª
– Ofereceram presentes – Ouro, incenso, mirra.
Cada
um ofereceu estes três presentes. Nós ainda hoje podemos oferecer o oiro do
nosso coração, o incenso da nossa oração, a mirra da nossa humildade ou
condição humana.
7ª
– Depois regressaram
à sua terra por outro caminho.
Isto é, regressaram diferentes, melhores e por isso fizeram um caminho diferente. O caminho foi diferente porque eles iam outros, melhores, diferentes, com uma melhor versão de si mesmos.
À
margem 1:
Encontra-se
em Bolonha na Basílica de Santo Estêvão o que é considerado o presépio mais
antigo do mundo, esculpido em madeira de tília e olmo por um escultor
desconhecido no século XIII, talvez o Mestre do Crucifixo (1291). As cinco
estátuas em tamanho natural retratam a Virgem sentada com o Menino nos seus braços,
São José em pé e os três Reis Magos: dois deles com 1,60 m de altura quando
estão de pé, enquanto o mais idoso, ajoelhado, com 1,10 m de altura, está sem
coroa, para simbolizar que diante da realeza de Deus, a realeza humana cai. O
Senhor vem nos visitar e nós podemos visitá-lo. Não há uma idade exata para que
isso aconteça, não há distâncias que não possam ser ultrapassadas, não há
momentos que não sejam oportunos para se encontrar com o Deus Menino.
À
margem 2:
Na
realidade os Magos são as crianças ou as crianças são os Magos. Elas são os
magos, a magia da vida de Deus que nasce num mundo ameaçado, mas onde continua
a aparecer magos como Elifaz, Bildad e Sofar (tradição de Job) ou como
Belchior, Gaspar e Baltasar (nomes posteriores dos magos). São sábios simples e
humildes, não reis guerreiros, não vêm conquistar países, com drones de morte,
mas oferecer e expandir os dons da vida, ouro que brilha, incenso que perfuma e
mirra que fortalece e cura. Vêm resgatar o menino perseguido, ameaçado de
morte: o menino que querem matar, acusado de intruso, de emigrante ameaçador,
apesar de recém-nascido.
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