quinta-feira, 12 de maio de 2016

Cervejaria Dehon











A família Dehon possuía uma fábrica de cerveja, mesmo ao lado da sua casa em La Capelle.
- Desde criança, o Pe. Dehon conviveu com esta bebida.
- Durante as férias de 1861, com 17 anos, foi aprender inglês em Londres, durante 3 meses. Aí constatou que “os ingleses tomam chá de manhã e à tarde. Comem ao meio-dia carne assada, especialmente de vaca. A sua cerveja é forte… O inglês não sabe «matar o tempo». Ele vai sim à taberna para beber cerveja ou gin, mas não passa aí o tempo” (NHV I). Só um entendido na matéria era capaz de fazer estas comparações.
- No verão de 1863, depois dos exames de Direito, durante 4 meses viajou pela Alemanha, Dinamarca, Noruega e Suécia, na companhia do seu amigo Palustre. “Chegávamos a Viena no dia 28 de Outubro. Meu irmão Henrique viera juntar-se-nos em Munique. Ele faria connosco o resto da viagem. Ele tinha como objetivo estudar na Baviera e na Áustria a indústria da cervejaria. (HNV I)
- Os gostos de Henrique eram parecidos com os do seu pai no que se refere ao fabrico de cerveja, amanho dos campos e criação de cavalos. Assim a cervejaria passou para as mãos de Henrique.
- Tal como o avô e o pai também Henrique dedicou grande parte da sua vida ao serviço da administração local. Concentrado na atividade política, tornou-se Conselheiro Geral do Aisne, vendendo nessa altura a cervejaria ao amigo Leão Harmel. A compra da cervejaria e da casa dos Dehon foi a oferta de casamento do seu filho mais novo Alphonse Harmel a 13 de maio de 1898.  Este engenheiro agrónomo e produtor de cerveja permaneceu na casa e no negócio durante décadas com a esposa Margarida e os seus 14 filhos. Durante a I Guerra Mundial Alphonse Harmel foi levado como refém para a Alemanha. Foi libertado por intervenção do Papa Bento XV junto do imperador Guilherme II (Jornal La Croix de la Drôme 30/04/1916). Alphonse morreu a 5 de junho de 1937 aos 67 anos.
- Hoje só consegui identificar uma cervejaria Dehon no outro lado do Atlântico, em Lavras (Minas Gerais, Brasil).















- Bitter ou Amarguinha.
Para concluir, outra curiosidade: a receita do tradicional bitter do Seminário de Corupá (Santa Catarina) segundo a lenda, é do Padre Gabriel Lux, pioneiro SCJ no Brasil.
Seguindo a tradição das Grandes Abadias e Mosteiro Europeus, o Seminário de Corupá apresentou uma de suas receitas mais nobres. Criado pelo Padre Alemão Gabriel Lux e guardada a sete chaves nos últimos oitenta anos, o Bitter, até então reservado aos religiosos do seminário, é um amaro de ervas, de excelente sabor e de notório equilíbrio, que agrada o mais refinado paladar.
A sua elaboração obedece a uma apurada seleção de ingredientes, ajustado tempo de produção e respeito rigoroso do tempo de envelhecimento, obtendo uma bebida de inigualável sabor. Nos últimos anos à fórmula original foram acrescentadas ingredientes tipicamente regionais agregando ao produto um sabor notadamente tropical. Além do sabor diferenciado e embalagem exclusiva desenvolvida especialmente para o produto, é produzido de forma artesanal, o que faz com que cada unidade seja exclusiva. Além disso, o rótulo envelhecido e os elementos visuais utilizados na embalagem remetem às origens do produto.
Apresentado em embalagens exclusivas de 750ml, 500ml e 250ml não deixa de ser uma boa opção de presente. Pode ser apreciado como aperitivo ou digestivo puro ou com gelo ou até mesmo acompanhando a elaboração da brasileiríssima caipirinha.
Tradição, excelência e qualidade: indicativos de um produto único para um público diferenciado.
Todos os produtos são comercializados na Loja de Souvenirs do próprio Seminário.
(Cf. http://www.seminariodecorupa.com.br/?ministries=adega. Acesso em 11.05.2016.)











Não se sabe o nome da cerveja fabricada pela Cervejaria Dehon. Talvez Cerveja Dehon! Tenho as minhas dúvidas, pois o jovem Dehon investigou em 1862 que Hon é um nome celta que significa curso de água e ninguém gostaria de associar água à cerveja... Hon é ainda hoje o nome de um riacho, afluente do Schelda (NQ XI).
Até ao início do século XX a cervejaria chamava-se “Brasserie Dehon - Longuet”. É referência evidente ao casal Henrique Dehon e Laura Longuet, unidos matrimonialmente em 1864.
Segundo o cartaz publicitário de 21 de março de 1908, o novo proprietário Alphonse Harmel, mudara-lhe o nome para “Brasserie de La Capelle”.
E não vendia apenas cerveja, mas também vinhos, cidra, aguardentes, licores e xaropes. Tinha fabrico próprio num edifício amplo de dois andares.


Proponho, em honra destas memórias históricas, que façamos um brinde com cerveja que se poderia chamar: Cerveja de hon fundador.

Vamos então bebemorar!



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