Do Sonho à Realidade
Ser Padre foi para mim um sonho, desde a minha infância. Durante a juventude foi um ideal e agora tornou-se uma realidade viva.
Não sei ao certo quando é que comecei a desejar ser padre. Foi acontecendo aos poucos. Uma criança não tem condições para escolher uma vocação, mas eu tinha o direito de sonhar. Não surpreendi a minha família no dia em que lhe disse que gostaria de ir para o Seminário. Entrei, assim, para o Colégio Missionário, no Funchal, aos onze anos. Seguiu-se uma longa vida de pequenos passos. Aos vinte anos fiz a minha Profissão Religiosa, assumindo, com voto público, a observância dos três conselhos evangélicos – pobreza, castidade e obediência. Agora sinto grande alegria ao viver estes momentos fortes da minha Ordenação Sacerdotal.
Serei padre para o serviço da Igreja e da humanidade. Configurado com Cristo, Mestre, Sacerdote e Rei, sou enviado para ensinar, não a minha palavra mas a de Deus; para santificar, não pelos meus gestos, mas pelas acções que o Senhor deixou, os Sacramentos; e para presidir, não com o meu poder, mas o poder do Senhor, como serviço à unidade dos irmãos.
A minha Ordenação Sacerdotal não é só um ponto de chegada. É sobretudo um ponto de partida. Vou tornar-me cada vez mais padre, conforme for actuando e deixando que o Espírito actue em mim. Sei que a minha vocação não é um favor que faço a Deus; é a resposta ao imenso favor que Deus me fez chamando-me para o seu serviço.
Sei que esta vocação não é o refúgio dos que não se sentem inclinados para o Matrimónio, mas o lugar estabelecido dos que, normalmente inclinados à vida familiar, consagram o seu amor à família dos filhos de Deus. Não é também o caminho dos desiludidos, mas o caminho daqueles em cuja alma se acende o ideal do Evangelho. Sei também que a vocação é uma aventura nobre e arriscada ao serviço da verdade e do amor.
O infinito de Deus causa-me vertigens, quando olho para o abismo da minha pequenez humana. De facto, não tenho a fé de Abraão nem sou líder como Moisés. Não tenho a força de Sansão nem a coragem e a humildade do rei David. Deste, em comum só tenho o nome. Não tenho a sabedoria de Salomão nem tão pouco o zelo e o ardor de São Paulo, nem o espírito pobre de São Francisco de Assis, nem o espírito reparador e a sensibilidade do Padre Dehon. Os meus pais sacrificaram-se mais do que eu; os meus colegas de Seminário tiveram mais entusiasmo; os meus confrades, maior dedicação; e os padres que conheço têm maior dinamismo. Os leigos com quem trabalho são mais corajosos do que eu. Sou um homem comum, com defeitos, que Deus chama para o seu serviço. Só me resta confiar n’Ele, pois sei que a vocação não +e o caminho dos que confiam nas próprias forças, mas o caminho dos que se abandonam e apoiam constantemente em Deus.
Como membro da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), ponho-me com disponibilidade ao serviço da Igreja nas diversas tarefas. Que o Coração de Jesus e a Virgem Maria me ajudem a ser bom padre, autêntico profeta do Amor e servidor da reconciliação.
12 de Agosto de 1984,
Pe. José David Quintal Vieira, SCJ
Não sei ao certo quando é que comecei a desejar ser padre. Foi acontecendo aos poucos. Uma criança não tem condições para escolher uma vocação, mas eu tinha o direito de sonhar. Não surpreendi a minha família no dia em que lhe disse que gostaria de ir para o Seminário. Entrei, assim, para o Colégio Missionário, no Funchal, aos onze anos. Seguiu-se uma longa vida de pequenos passos. Aos vinte anos fiz a minha Profissão Religiosa, assumindo, com voto público, a observância dos três conselhos evangélicos – pobreza, castidade e obediência. Agora sinto grande alegria ao viver estes momentos fortes da minha Ordenação Sacerdotal.
Serei padre para o serviço da Igreja e da humanidade. Configurado com Cristo, Mestre, Sacerdote e Rei, sou enviado para ensinar, não a minha palavra mas a de Deus; para santificar, não pelos meus gestos, mas pelas acções que o Senhor deixou, os Sacramentos; e para presidir, não com o meu poder, mas o poder do Senhor, como serviço à unidade dos irmãos.
A minha Ordenação Sacerdotal não é só um ponto de chegada. É sobretudo um ponto de partida. Vou tornar-me cada vez mais padre, conforme for actuando e deixando que o Espírito actue em mim. Sei que a minha vocação não é um favor que faço a Deus; é a resposta ao imenso favor que Deus me fez chamando-me para o seu serviço.
Sei que esta vocação não é o refúgio dos que não se sentem inclinados para o Matrimónio, mas o lugar estabelecido dos que, normalmente inclinados à vida familiar, consagram o seu amor à família dos filhos de Deus. Não é também o caminho dos desiludidos, mas o caminho daqueles em cuja alma se acende o ideal do Evangelho. Sei também que a vocação é uma aventura nobre e arriscada ao serviço da verdade e do amor.
O infinito de Deus causa-me vertigens, quando olho para o abismo da minha pequenez humana. De facto, não tenho a fé de Abraão nem sou líder como Moisés. Não tenho a força de Sansão nem a coragem e a humildade do rei David. Deste, em comum só tenho o nome. Não tenho a sabedoria de Salomão nem tão pouco o zelo e o ardor de São Paulo, nem o espírito pobre de São Francisco de Assis, nem o espírito reparador e a sensibilidade do Padre Dehon. Os meus pais sacrificaram-se mais do que eu; os meus colegas de Seminário tiveram mais entusiasmo; os meus confrades, maior dedicação; e os padres que conheço têm maior dinamismo. Os leigos com quem trabalho são mais corajosos do que eu. Sou um homem comum, com defeitos, que Deus chama para o seu serviço. Só me resta confiar n’Ele, pois sei que a vocação não +e o caminho dos que confiam nas próprias forças, mas o caminho dos que se abandonam e apoiam constantemente em Deus.
Como membro da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), ponho-me com disponibilidade ao serviço da Igreja nas diversas tarefas. Que o Coração de Jesus e a Virgem Maria me ajudem a ser bom padre, autêntico profeta do Amor e servidor da reconciliação.
12 de Agosto de 1984,
Pe. José David Quintal Vieira, SCJ
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