11 de outubro de 1908, dia da sagração do Bispo Gabriel Grison, em Roma,
como Vigário Apostólico de Stanley Falls
Congo Belga
Che bello vescovetto
che abbiamo fatto!
Assim conclui o Pe. Dehon as páginas do seu
diário sobre a sagraçãoepiscopal de D. Grison, o primeiro bispo dehoniano, com
a expressão carinhosa do Papa Pio X: Que belo bispinho fizemos nós! (NQ 24) De facto D.
Gabriel Grison era um homem pequeno (pouco mais de um metro e sessenta), mas um grande sacerdote e um enorme bispo.
“Outubro 1908
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No dia 1 de outubro, partida para Roma. Atraso dos comboios. Dormida em Dijon.
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No dia 1 dormida em Génova. Estes hotéis têm frequentemente uma situação
triste. O barulho faz com que seja quase impossível dormir lá.
No
dia 3 chegada a Roma. Alegro-me com a nova Jerusalém, a cidade dos Papas, dos
Apóstolos, mártires e santos. Roma fala à alma mais do que outra qualquer
cidade do mundo. É a cidade santa. Ela tem mistérios e recordações do Presépio
e de Belém em Santa Maria Maior. Em São João é o mistério eucarístico, é o Cenáculo
com a mesa da Última Ceia e as ordenações. Em Santa Cruz é o Calvário. Em São
Pedro é a glória, é a ressurreição, é o céu. A cúpula é bela como o céu. Os
anjos vivem lá. Os santos estão lá glorificados nas suas relíquias e nas suas imagens.
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No dia 7 (4ª feira) bonita audiência do Papa com D. Grison. Pio X mostra-se bom
como um pai. Ele fala sobre a missão, o seu progresso, as suas dificuldades, da
administração belga, das Irmãs Missionárias a quem estima muito. Ele fala sobre o
futuro da Bélgica, da união necessária, especialmente em Liége. Ele oferece a
D. Grison uma bela cruz decorada com filigrana e pedras preciosas.
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No dia 11 é a bela festa da sagração de D. Grison na Capela de Santa Helena na
casa das Irmãs Franciscanas Missionárias. O Cardeal Gotti faz a sagração, assistido
por D. Gilbert e D. Virili. O arcebispo russo Symora está também presente, bem
como o ministro da Bélgica, o príncipe Rospigliosi, etc. O eleito promete
observar as virtudes cristãs, especialmente a humildade e a paciência. Promete
ser clemente e misericordioso para com os pobres, estrangeiros e todos os que
sofrem necessidade. O bispo é um juiz da fé: O bispo deve julgar, interpretar,
consagrar, ordenar, servir, batizar e confirmar.
O
prefácio é soberbo, recorda a consagração de Arão e os poderes do bispo.
A
unção é comparada à de David. O báculo é o bastão do pastor.
O
anel é um símbolo da força e um sinal de aliança com a Igreja de Deus.
A
mitra é um capacete de defesa e de salvação. Os seus dois bicos indicam que ele
deve tirar a sua força do Antigo e do Novo Testamento.
As
luvas lembram as que valeram a bênção a Jacob. O simbolismo litúrgico está
cheiro de poesia.
Após
a cerimónia, o beberete.
O jantar na casa do Cardeal com os bispos, o
mestre de cerimónia e alguns prelados. O Cardeal recebe como o melhor do mundo.
Ele edifica-nos com a sua piedade e a sua seriedade. Ele recita as orações
antes e depois das refeições com a fórmula religiosa.
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No dia 13, jantar no Seminário francês. Recebemos D. Gilbert, o arcebispo de
Olinda e mais vinte convidados. Amáveis brindes de D. Grison e do Padre
Superior de Santa Clara.
- No dia 14 nova audiência. O Santo Padre é afável e paterno. Em bom latim, ele cumula
o Monsenhor de bênçãos. Ele diz-me esta
expressão significativa: Che bello vescovetto che abbiamo fatto! – Que belo bispinho fizemos nós!”
A missão de Falls foi erigida em Prefeitura
Apostólica a 3 de outubro de 1904 com o Pe. Grison como Prefeito e em Vicariato
Apostólico em 10 de março de 1908. O Pe. Grison foi nomeado Vigário
Apostólico sendo sagrado Bispo em Roma a 11 de outubro de 1908. Jubilou-se em 1933, permanecendo no
Congo onde faleceu a 13 de fevereiro de 1942. Foi sepultado junto à gruta de
Lourdes na Missão São Gabriel, por ele fundada.
Ver também publicação neste Quintal do Vieira a 13 de outubro de 2008
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