Para assinalar a efeméride partilho o que escrevi há dias para o boletim das Irmãs Vitorianas nas comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal.
Assim reza a história
A Venerável Irmã Wilson faz parte
da história da Diocese do Funchal e a Diocese do Funchal faz parte da história
e da santidade da Irmã Wilson.
Aqui a Irmã Wilson fez história,
pois nunca se contentou em ver apenas as coisas acontecerem, mas sempre fez as
coisas acontecerem. Em linguagem de hoje podemos dizer que ela foi uma pessoa
pró-ativa, criativa ou inovadora. Em linguagem eclesiástica dizemos que foi uma
pessoa carismática. De facto, é próprio das grandes almas descobrir as
principais necessidades do seu tempo e dedicar-se-lhes.
Sem ser exaustivos podemos
ilustrar esta relação em várias dimensões.
- Fez história ao fundar uma congregação… suponho que a única até
hoje fundada nestas bandas. Consagrou-se e fez consagrar-se.
- Fez história ao descentralizar os serviços de assistência social,
tanto na área da saúde como na educação e catequese. Atrevo-me a dizer que ela
foi a primeira regionalista ou autonomista, no sentido mais rigoroso das
palavras. Semeou comunidades, escolas e centros de saúde por toda a diocese,
sobretudo nos lugares de maior carência.
- Fez história ao protagonizar a epopeia da caridade na assistência
aos afetados pelas sucessivas epidemias, nomeadamente da varíola em 1907.
- Fez história ao ser a primeira mulher a receber a condecoração do
grau de Cavaleiro da Ordem de Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito.
- Fez história convertendo-se e convertendo a Madeira, não tanto por palavras, mas pelo exemplo e pelo coração.
- Fez história ao fundar o
primeiro pré-seminário na diocese do Funchal. Ela devia ser declarada a
patrona diocesana das vocações sacerdotais, religiosas e missionárias.
- Fez história porque foi a primeira causa de beatificação instaurada
aqui na diocese.
E podíamos continuar o elenco da
história que a Irmã Wilson fez acontecer…
Mais importante do que tudo isto
que fez a Irmã Wilson e do que continuam a fazer as suas herdeiras, as Irmãs
Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, o que realmente conta não é tanto o
que ela fez, mas quem era. Ela fez o que fez, porque foi quem foi.
- Foi uma cidadã do mundo. Nasceu na Índia, cresceu na Inglaterra, estudou
na França, visitou a Itália e a Terra Santa, trabalhou na Suíça… e veio para
ficar para sempre neste pequeno torrão do Atlântico. Aqui se adaptou à
realidade local, sonhou, chorou, lutou e venceu em perfeita encarnação ou
inculturação. Foi madeirense de alma e de coração.
- Foi uma pessoa inquieta, sempre à procura da melhor maneira de ser
útil, de deixar rasto do seu viver, sempre atenta aos apelos de Deus na Igreja
e no mundo.
- Foi alguém que atendia todo o homem e o homem todo. Não se
contentou em prestar auxílio só ao corpo, mas também à alma, não só ao
espírito, mas à pessoa toda.
- Foi uma mulher de grandes causas, alguém que sempre se envolvia e
fazia envolver-se. Nunca caiu na “tentação de Noé – isto noé
comigo, ou, já fiz a minha parte e o resto é com os outros, já noé para mim.” Sempre fez com que
todos fizessem acontecer, pois todos deviam ser responsáveis por tudo e por
todos.
- Foi alguém que nunca ficou parada. Foi criança hiperativa, jovem
inquieta e arrojada, adulta empreendedora, idosa ativa… Sempre teve algo para
realizar, um desafio a assumir, uma nova missão a cumprir, um ideal a abraçar. Nem no céu está parada, porque lá
continua a ser aquela que sempre foi na terra.
A Venerável Irmã Wilson ainda
hoje continua a fazer história e a somar Vitórias.
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