Já é tradição caracterizar o dia do nascimento do Pe. Dehon, 14 de Março de 1843, como jornada das vocações dehonianas. É um dia de oração, um dia para celebrar a nossa vocação como dehonianos para assim responder à pergunta: como podemos traduzir o carisma do Pe. Dehon para o nosso tempo de modo que possa estimular-nos a uma particular inserção no nosso mundo? Por outras palavras, como seria o Pe. Dehon hoje? Como seremos nós Dehon hoje?
O que é que torna o Pe. Dehon duradoiro?
Ponto de partida
É próprio dos grandes corações, dos grandes homens, descobrir a principal necessidade de cada tempo e dedicar-se-lhe com todas a alma e todas as forças.
Segundo a proposta do Governo Geral dos SCJ ou Dehonianos, este sexénio (2009-2015) caracteriza-se por 3 prioridades na congregação:
- Espiritualidade = Fazer experiência de Deus ao estilo do Pe. Dehon
- Formação = Ser pessoas a caminho e em permanente construção.
- Internacionalidade = Atenção à globalização, viver a Igreja como Comunhão, ser sinal dos tempos como Aldeia global numa crescente solidariedade.
Este ano o Superior Geral escolheu exactamente a internacionalidade como centro de atenção.
Quem foi o Pe. Dehon?
- Um Cidadão do Mundo
. Desde novo tomou o gosto pelas viagens… Deu a volta ao mundo… Aprendeu a conhecer o mundo sem se deixar contaminar… As viagens são uma fonte inesgotável de estudo… Viajando ficamos mais perto dos homens e vemos como estes vivem perto de Deus…
- Um Cristão Católico
. Catolicidade da Igreja. Foi formado sacerdote num Seminário internacional em Roma, e foi sobretudo a partir da sua experiência no Concílio Vaticano I que sentiu mais de perto a universalidade, comunhão e diversidade da igreja. A partir daí nunca mais parou em contactos, serviços e sensibilidades universais.
- Um Fundador Mundial
. Fundou uma congregação que em breve tempo se tornou de direito pontifício, isto é, não limitada a uma diocese mas extensiva a todo o mundo. Em 1923 a Congregação já se tinha implantado nos 4 continentes: Europa, América do norte e do Sul, África e Ásia (Indonésia). O Pe. Dehon sentia-se um autêntico missionário através da acção dos missionários que enviava a todos os cantos do mundo. Significativo é o facto de que o Pe. Dehon chegou a comprar um terreno em Nazaré na Palestina para a congregação marcar presença no império turco-utomano. Do mesmo modo surpreendente é a tentativa de marcar uma presença no Afeganistão com religiosos holandeses em 1921.
- Um Irmão Universal
. Viveu e promoveu a união entre povos, nações e pessoas: O Espírito do Coração de Jesus não é um espírito de divisão e de guerra: é preciso a todo o custo terminar com qualquer diferendo entre pessoas, comunidades, províncias, instituições… Não haja divisões entre nós. Amemos todas as nações… Não haverá nações no céu.
Conclusão
Viver a vocação dehoniana hoje é
- ser cidadão do mundo,
- viver a plena comunhão eclesial
- expressar a solidariedade universal
- eliminar todas as barreiras mundiais
Como?
1ª – Não através de viagens, dando a volta ao mundo, mas fazendo com que o mundo dê uma volta. Hoje não é preciso dar a volta ao mundo, mas o mundo precisa de dar uma volta através do nosso testemunho.
2ª – Sem sair do local onde Deus nos plantou, podemos promover a união e a fraternidade universal. Podemos estar fisicamente longe de muitos irmãos, povos e projectos, mas que eles estejam bem perto no nosso coração. Para ser um irmão universal não é preciso ir até aos outros, basta que os outros venham até nós, e sobretudo que estejam no nosso coração.
Assim através de nós o Pe. Dehon continuará vivo e activo, no seu carisma, na sua internacionalidade e na sua santidade.
Lamento
Gostaria eu de acrescentar um outro aspecto, aos 4 referidos acima (cidadão do mundo… irmão universal), mas infelizmente ainda não nos permitem. Gostaria de evocá-lo como:
- Santo Universal
Tudo está preparado para tal, mas há algum receio, não sei de quê nem de quem. Em todo o caso tenho para mim que estará na glória eterna, na plena comunhão dos santos no céu.
Desafio
Fiz umas contas de cabeça de quantos quilómetros viajou o Pe. Dehon ao longo de toda a sua vida… tudo somado vai mais além da distância entre a terra e a lua. Espero que algum especialista confirme isto… Ele foi um homem sempre em viagem, por mar, terra, a pé, a cavalo, de barco, de comboio, carro, a todos os cantos do mundo, ao mais alto das montanhas como aos vales mais profundos, florestas, deserto, canais, rios, nas mais variadas circunstâncias, entre tempestades de neve, de areia, inundações, incêndios, terramotos e cataclismos, entre bombardeamentos, guerras e revoluções etc… Devorou quilómetros e quilómetros… Toda a sua vida foi uma viagem contínua e a soma de todos esses quilómetros levou não apenas até à Lua, mas tenho a certeza, muito para além… levou-o até ao CÉU.
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