4 de Julho
Quem semeia boas obras,
recolhe flores...
O MILAGRE DA RAINHA SANTA ISABEL
E o bom rei Dinis, se bem que muito caridoso,
De uma esmola por vezes a censurava suavemente,
Vendo trazer para ela, sobre a mesa,
Legumes grosseiros sem condimento.
Ora, um dia em que o rei, nas florestas vizinhas,
Com todos os seus vassalos caçava o javali,
A princesa, levando pães da sua cozinha,
No seu vestido os meteu como num avental.
E tendo apenas a sua afável graça por companhia,
Atravessou sem rumor a cerca do castelo;
Alimentando com uma só mão os velhos da montanha,
E com a outra segurando o seu vestido e o seu manto.
Mas eis que o Rei regressando da caça
Com os seus escudeiros, a encontra de súbito,
Curvado sob o peso, por entre a populaça,
E os pajens desviavam a cabeça com desdém.
E o bom rei lhe diz, um pouco irado: Minha senhora!
Como estais longe; mete-nos dó ver-vos assim.
Isso que trazeis aí, assim fatigada e pálida
Sem vos incomodar demasiado, poderei eu saber o que é?
E do seu cavalo, para a Santa ele se inclina…
Um pouco confusa então, mas com um ar calmo e doce,
Ela deixou cair o seu longo manto branco
E lhe diz: “Meu senhor, são rosas para vós!”
De facto, das grandes pregas do seu manto, rosas
Caíram aos seus pés em ramalhete suave-florido.
Umas em botão, outras todas abertas
E o bom rei Dinis pegou numa chorando.
“Isabel, diz ele, a fé não tem obstáculo.
Destas rosas o próprio Deus misturou as cores
Para agradar aos seus eleitos, Ele pode fazer um milagre
Vós semeais boas obras, vós recolheis flores!”
E o bom rei Dinis com a castelã
De rosas nos braços, regressou à mansão
E os perfumes divinos espalhados sobre a planície
Vinham beijar a sua fronte com a brisa da tarde…
Este milagre das rosas é cantado por um gracioso poeta, M. Edward Moutier de Rouen, no seu belo livro: “A Ideal Juventude” e citado em “Para além dos Pirinéus”, Por L. Dehon, Superior dos Sacerdotes do Coração de Jesus, H. & L. Casterman, Éditeur Pontificaux, Paris, Rue Bonaparte, 66, Tournai (Belgique)
sexta-feira, 4 de julho de 2008
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