segunda-feira, 17 de setembro de 2018

...uma palavra e serei salvo


2ª feira – XXIV semana comum

Desde o século XII foi costume rezar 3 vezes a oração batendo com a mão no peito, antes de receber a Comunhão do Corpo de Cristo, inspirada no episódio do Centurião que pediu a cura do seu servo:
- Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo.
Desde a reforma litúrgica de 1970 basta uma só vez, sem bater no peito.


Senhor, eu não sou digno
Os judeus diziam que ele era digno de ser atendido.
O próprio dizia-se não merecedor, mas o seu servo merecia…
E nós?

Continuamos a repetir porque:
- Queremos receber a Jesus, não porque somos mais dignos do que os outros, mas porque Deus pode tornar-nos diferentes.
- Não porque sejamos bons, mas porque queremos ser melhores.
- Não porque merecemos, mas porque confiamos na sua misericórdia.
- Não somos dignos o suficiente, porque só Deus é grande e só ele pode fazer maravilhas em nós.
- Só Deus pode salvar-nos, pois ninguém se salva por si mesmo.

Mas dizei uma palavra e serei salvo.
Que palavra será essa?
O evangelho sugere 3 palavras possíveis:
- Vai (falar de Deus aos homens)
- Vem (falar dos homens a Deus)
- Faz (obras de penitência e conversão)

Estas 3 palavras são transversais em todo o Evangelho:
- Vai e faz o mesmo... Vai em Paz... Vai e não tornes a pecar.
- Vem e segue-me... Vem e aprende de mim...
- Faz penitência... Faz o mesmo... Faz aos outros o que queres que te façam a ti... 

Apesar de indignos, nós comungamos, porque confiamos em Deus.
Apesar de indignos, nós pregamos a Boa Nova aos outros.
Apesar de indignos, nós rezamos pelos outros a Deus.
Apesar de indignos, nós procuramos que Deus converta o nosso coração.





domingo, 16 de setembro de 2018

No caminho


Ano B – XXIV domingo comum

Selecionamos 3 pequenas lições, entre muitas, da Liturgia da Palavra deste domingo

- No caminho Jesus perguntou-lhes... 
Jesus ensina pelo caminho para fazer do caminho um ensino.
Cada estrada é uma lição e cada lição é um caminho.
Sair, partir, avançar, progredir… sempre em movimento, em ação.
Seguir a Cristo…

- Quem sou eu para Deus
O mais importante não é o que Pedro diz a Jesus mas o que Jesus diz a Pedro.
Jesus quer saber o que os homens pensam dele para que estes estes possam esperar o que Deus pensa deles.
O que dirá Deus de mim, qual o seu projeto para mim…

- A fé sem as obras é morta
Que obras fazemos para vivificar a nossa fé?
1 oração por dia, 1 missa por semana, 1 obra caridade por mês, 1 confissão por ano.



sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Todos na cruz e a cruz de todos


Quarenta dia após a Transfiguração do Senhor, com a qual Jesus apontou e preparou os discípulos para o mistério da Sua cruz, celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz, no aniversário da dedicação da sua Basílica em Jerusalém.


















De Santa Teresa Benedita da Cruz no seu livro A ciência da cruz:
“A cruz não é um fim em si mesma: ela eleva-nos para as alturas e revela-nos as realidades superiores. Por isso ela não é somente um símbolo; ela é a arma poderosa de Cristo; é o cajado de pastor com que o divino David sai ao encontro do Golias infernal e com o qual bate fortemente à porta do Céu e a abre.”

A cruz
- é um meio e não um fim
- é um instrumento e não apenas um símbolo
- é uma escada que nos eleva até Deus
- é uma janela que revela a verdade da terra e do céu
- é uma arma poderosa contra o inimigo
- é um cajado de pastor
- é uma chave que abre as portas do céu.




















De autor desconhecido:
Olhar o crucifixo nos momentos difíceis

Quando estiveres ferido ou magoado,
Olha para a cruz e verás que alguém sofreu mais do que tu.

Quando estiveres deprimido e ofendido
Olha para a cruz e alargarás o teu horizonte

Quando te sentires cansado e desanimado
Olha para a cruz e não cairás por terra.

Quando pensares que isto é o fim do mundo
Olha para a cruz e verás que não há páscoa sem quaresma.











De autor não identificado:
O meu crucifixo

Quando caio, levanta-me
Quando choro, consola-me
Quando sofro, anima-me
Quando tremo, acalma-me
Quando por ele chamo, responde-me.


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Boca de Ouro


Memória de São João, o Crisóstomo, bispo de Constantinopla e Doutor da Igreja do século IV.
As suas palavras eram tão eloquentes que mereceu o cognome de Boca de Ouro ou Crisóstomo.
A sua boca era de ouro porque dela saíam palavras preciosas, palavras divinas, palavras santas que a todos animavam e edificavam.













Três ensinamentos desta Boca de Ouro:

O marido e a mulher devem ser semelhante às mãos e aos olhos.
Quando as mãos ficam feridas, os olhos choram.
E quando os olhos choram, as mãos enxugam as lágrimas e consolam…
(Comentário meu – De facto a sabedoria popular diz que entre marido e mulher não se deve meter a colher, nem o garfo, nem a faca… porque eles têm todas as capacidades para viverem em harmonia perfeita e resolverem os seus problemas.)

Tu não desejas tanto o perdão dos teus pecados quanto Deus deseja perdoar-te. Pede-lhe perdão!
(Comentário meu – Não há motivo para não pedir perdão…. Às vezes penso que Deus permite que eu faça uma asneira só para ter oportunidade de me perdoar…)

O homem mais poderoso é aquele que reza porque participa do poder de Deus.
(Comentário meu – Eu pensava que o homem mais forte era o sacerdote, porque conseguia levantar a Deus… e afinal qualquer pessoa que reza é tão forte que consegue mover a Deus…)



quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Selfie de Jesus























As bem-aventuranças são uma autêntica selfie ou autorretrato de Jesus, mas ele não quer ficar sozinho na fotografia.

4ª feira – XXIII semana comum

Santo Agostinho explica as Bem-Aventuranças com passagens da Escritura.
O que significa seguir, se não imitar? Prova disso é que Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, como diz o Apóstolo, para que Lhe sigamos os passos (1P 2, 21).

Felizes os pobres em espírito:
Imitai Aquele que, sendo embora rico, Se fez pobre por vossa causa (2Co 8, 9).
Felizes os mansos:
Imitai Aquele que disse: aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11, 29).
Felizes os que choram:
Imitai Aquele que chorou sobre Jerusalém (Lc 19, 41).
Felizes os que têm fome e sede de justiça:
Imitai Aquele que disse: o Meu alimento é fazer a vontade dAquele que Me enviou (Jo 4, 34).
Felizes os misericordiosos:
Imitai Aquele que socorreu o homem que fora atacado pelos salteadores e que jazia à beira da estrada, desesperado e meio morto (Lc 10, 33).
Felizes os puros de coração:
Imitai Aquele que não teve pecado e em cujos lábios não se encontrou malícia (1P 2, 22).
Felizes os pacificadores:
Imitai Aquele que disse acerca dos que O perseguiam: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23, 24).
Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça:
Imitai Aquele que sofreu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os Seus passos.
Vejo-Te, ó bom Jesus, com os olhos da fé que abriste em mim, vejo-Te gritando e dizendo, como se pregasses ao género humano: «Vinde a Mim e aprendei de Mim».
(Cf. Santo Agostinho in Tratado sobre a Virgindade)



terça-feira, 11 de setembro de 2018

Os apóstolos de Jesus e o Jesus dos apóstolos


3ª feira - XXIII semana comum

Os apóstolos de Jesus:
De seguidores passaram a enviados.

O Jesus dos apóstolos:
Reza, ensina, cura, chama, envia.

“Chamou os discípulos e escolheu doze entre eles a quem deu o nome de apóstolos.”
Discípulo é aquele que segue.
Apóstolo é aquele que é enviado.
Todo o apóstolo é discípulo.
Nem todo o discípulo é apóstolo.
Para ser apóstolo é preciso seguir o mestre a ponto de ser enviado em seu lugar.

“Toda a multidão procurava tocar Jesus, porque saía dele uma força que a todos sarava.”
Tocar alguém é fazer-lhe uma carícia… é manifestar carinho e amor.
Era essa a força que saía de Jesus e que a todos curava.
As pessoas pensavam que tocavam em Jesus, mas afinal era Jesus quem os tocava e curava com o seu amor.


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Ensinava o que fazia e fazia o que ensinava


2ª feira – XXIII semana comum

Mão direita paralítica
Somos todos homens e mulheres de mãos paralíticas.
Mão paralítica significa incapacidade de realizar uma obra, um gesto de amor, de operar, de fazer o bem.
Jesus curou a mão daquele homem porque pensava em nós.
Ele quer curar a nossa mão paralítica, a nossa dificuldade em fazer o bem.
Mão estendida é mão curada.
Mão curada é mão estendida.

Jesus curou em dia de sábado
O Decálogo propunha que se respeitasse o dia de Sábado, mas também propunha antes louvar o Senhor com as mãos puras e coração puro, com todas as capacidades e forças...
Havia conflito entre Jesus e os fariseus. 
Jesus atendia sobretudo ao primeiro mandamento enquanto os fariseus valorizavam mais o terceiro para respeitar o dia de sábado.
Jesus ao curar a mão daquele homem estava a proporcionar-lhe a oportunidade de cumprir o primeiro mandamento, isto é, de adorar e louvar o Senhor de mãos puras, com todas as suas capacidades.
Os fariseus estavam mais preocupados em santificar o dia de sábado enquanto Jesus estava mais empenhado a santificar o homem… e assim purificado, o seu louvor seria perfeito.
Ao ter as mãos puras aquele homem podia cumprir plenamente não só o primeiro mandamento como também o terceiro... santificando o dia do Senhor.
O louvor perfeito é ter um coração puro e fazer o bem.




domingo, 9 de setembro de 2018

Abrir para entrar e sair

Ano B – XXIII domingo comum























Effatá – abre-te

A 25 de janeiro de 1959, o Papa São João XXIII, consultou e anunciou a um grupo de cardeais a convocatória e a celebração do que seria o Concílio Vaticano II (1962-1965).
Reunidos os cardeais, João XXII mandou abrir algumas janelas da sala. Alguns cardeais inquiriram a razão porque, em pleno inverno romano, se devia abrir as janelas.
O Papa respondeu:
- Para que saia o ar viciado e para que entre o ar fresco.

Isto é a explicação do episódio do evangelho de hoje.
Effatá, abre-te, para que possa sair o mal e entrar o bem.
Effatá, abre-te, para que possas manter o teu espirito aberto de modo a que possa libertar-se dos vícios antigos e não te feches à novidade do hoje.
Effatá, abre o teu coração para que possa sair tudo o que é prejudicial e entrar tudo o que precisa para continuar a amar e a servir.

Autófago é aquele que se centra em si mesmo, que não se abre a ninguém e por isso se auto destrói a si mesmo.
É preciso abrir a mente e o coração.























De facto se a nossa mente for demasiado aberta, o nosso cérebro corre o risco de cair...


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Teresa no céu


Hoje celebramos a memória de Santa Teresa de Calcutá.
Recordo um pequeno poema de Manuel Bandeira (Brasil 1885-1968)

IRENE NO CÉU

Irene preta 
Irene boa 
Irene sempre de bom humor. 

Imagino Irene entrando no céu: 
- Licença, meu branco! 
E São Pedro bonachão: 
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Em vez de Irene gostaria de dizer:

TERESA NO CÉU

Teresa Madre
Teresa boa
Teresa sempre de bom humor.

Imagino Teresa entrando no céu:
- Licença, meu velho!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Teresa. Você não precisa pedir licença.























Assinala-se também hoje o Dia Internacional da Caridade instituído pela ONU em memória da Santa do dia.
Caridade não é só saciar a fome…
“Às vezes pensamos que a pobreza é apenas fome, nudez e desabrigo.
A pobreza de não ser desejado, não ser amado e não ser cuidado é a maior pobreza.
É preciso que a solução para este tipo de pobreza comece dentro das nossas próprias famílias.” 
E fome de Deus?!
Que pobreza!
(Santa Teresa de Calcutá)



terça-feira, 4 de setembro de 2018

Autoridade de Jesus


3ª feira – XXII semana comum

Todos se maravilhavam com Jesus, porque falava com autoridade…

- Ensinava com autoridade porque vivia o que ensinava e ensinava o que vivia.
- Ensinava com autoridade porque não imponha nada mas propunha tudo.
- Ensinava com autoridade porque não queria mudar mas converter as pessoas.
- Ensinava com autoridade porque agia com humildade e não com prepotência.
- Ensinava com autoridade porque tinha vindo para servir e não para ser servido.
- Ensinava com autoridade sem sinais de poder, mas apenas com o poder dos sinais.
- Ensinava com autoridade porque mandava como Deus e obedecia como homem.



sábado, 1 de setembro de 2018

Biblioteca ajardinada ou jardim abibliotecado


No dia da oração pelo cuidado com a criação o Arcebispo D. José Tolentino toma posse do seu ofício de responsável pela Biblioteca e Arquivo do Vaticano.
Pura coincidência ou mensagem reforçada:
“Para mim não há diferença entre uma biblioteca e um jardim”, disse ele no dia da sua ordenação episcopal, 27 de julho de 2018.
De facto há muitas FOLHAS num jardim como numa biblioteca.
Há muita criação tanto num lugar como no outro.
Mas cuidado!
Que ninguém regue as folhas que estão na biblioteca e encaderne as do jardim…

“Uma biblioteca é um lugar de cultura, de pensamento, de diálogos, de encontros, é uma fronteira da ciência, onde se guarda a memória mas também onde pulsa o desejo de futuro”, afirmou o novo bibliotecário e arquivista da Santa Sé.
O mesmo podemos dizer de um jardim como lugar de cultura, de pensamento, de diálogos, de encontros…

Numa biblioteca lê-se o mundo e a história.
Num jardim lê-se a criação e a natureza.

A biblioteca é uma obra do homem que necessita de inspiração divina.
O jardim é uma obra de Deus que exige proteção humana.

A biblioteca é sobretudo criação humana.
O jardim é sobretudo criação divina

É preciso fazer do jardim uma biblioteca,
e fazer da biblioteca um jardim.
Ou seja, ajardinar a biblioteca,
e abibliotecar o jardim.

A biblioteca é um jardim de livros.
O jardim é uma biblioteca de flores.