domingo, 19 de outubro de 2025

Necessidade de rezar sempre


Ano C – XXIX domingo comum

Naquele tempo Jesus apelou aos seus discípulos à necessidade de rezar sempre sem desanimar.

Orando sem cessar, de mãos erguidas como Moisés

Há alguns anos li um livro com o título – Relatos de um peregrino russo ao seu pai espiritual – onde se regista vários tratados dispersos transcritos de vários mosteiros, da teologia da espiritualidade e da vida sacramental ortodoxa.

Nesse livro um peregrino faz, em 1782, a descoberta da oração de Jesus quando um monge lhe ensina que a oração interior e permanente de Jesus é a invocação ininterrupta do nome divino de Jesus Cristo, com os lábios, com a cabeça e com o coração

 

A compreensão deste peregrino do versículo de Orai sem cessar, 1 Ts 5, 17 é idêntica à compreensão de Lc 18, 1-8 – Orai sempre sem desanimar do trecho do Evangelho deste domingo. É a escada de 7 degraus da oração contínua até atingir o grau mais elevado, a oração do coração.

 

1º. Entrou numa igreja e ouviu a pregação – orar sem cessar. Que fazer?

2º. Começou a ler a Bíblia.

3º. Onde encontrar alguém que explicasse tudo aquilo? Andou pelas igrejas onde havia pregadores famosos com a esperança de compreender mais e melhor.

4º. Tendo ouvido muito sermão e tendo ficado sem compreender como orar sem cessar deixou de assistir aos sermões e decidiu com a ajuda de Deus procurar um homem sábio e experiente e entendido que lhe explicasse a oração sem cessar.

5º. Um monge ensinou-lhe: Senta-te em silêncio e isolado, baixa a cabeça, fecha os olhos, respira silenciosamente, imagina-te a olhar para dentro do teu coração e faz com que o teu raciocínio, isto é, o teu pensamento passe da cabeça para o coração. Ao respirares diz: Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim. Diz isso sem cessar, em voz baixa sem te apressares, e faz sem falta essas três mil orações por dia. Deus ajudar-te-á assim a alcançares a ação permanente do coração.

6º. Assim foi caminhando, não deixando de fazer a sua oração permanente. Finalmente passado algum tempo, começou a sentir que a oração, por si própria, passava para o coração, isto é, o coração no seu próprio ritmo, lá no seu interior, começou a cadência - Senhor… Jesus… Cristo… e assim por diante - Deixou de dizer a oração com os lábios e começou a escutar com fervor o que dizia o coração. E como isso era agradável. Entretanto começou a sentir uma ligeira dor no coração, mas no espírito um amor tão intenso por Jesus Cristo, que se o visse, prostrar-se-ia a seus pés… Depois serenamente irrompeu um calor agradável no meu coração que se espalhava por todo o peito.

7º. Passou cinco meses completamente com estas orações e estas maravilhosas sensações. Habitou-se de tal modo à oração do coração que a exercitava sem cessar, e acabou por ter a sensação de que ela brotava espontaneamente na sua mente e no meu coração, não só no estado de vigília, mas também quando dormia. A sua alma agradecia a Deus e o coração enchia-se de alegria.

 

Ver também

Rezar é combater

Auxílio de Deus

 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Discípula predileta de Cristo

Memória de Santa Margarida Maria Alacoque

1647-1690

Natural da diocese de Autun (França) foi acolhida entre as Irmãs da Visitação de Paray-le-Monial. Progrediu de modo admirável no caminho da perfeição. Teve revelações místicas, particularmente sobre a devoção ao Coração de Jesus, e contribuiu muito para introduzir o seu culto na Igreja.

A) O que disse Santa Margarida Maria:

- Parece-me que a intenção de Nosso Senhor ao manifestar tão grande desejo de que o seu Sagrado Coração seja especialmente venerado, é renovar nas almas os efeitos da sua redenção. Na verdade, o Sagrado Coração é uma fonte inesgotável que não pretende senão comunicar-se aos corações humildes, para que, mais livres e disponíveis, orientem a sua vida na entrega total à sua vontade.

- Do divino Coração brotam sem cessar três canais de graça:

O 1º é o da misericórdia para com os pecadores, sobre os quais infunde o espírito de contrição e de penitência.

O 2º é o da caridade, para auxílio de quatos padecem tribulações e em especial dos que aspiram à perfeição, a fim de que superem todas as dificuldades.

O 3º é de amor e luz para os seus amigos perfeitos que desejam unir a Si para os tornar participantes inteiramente a promover a sua glória, cada um à sua maneira. (CF Cartas de Santa Margarida Maria)

 

B) o que dizia o Pe. Dehon

O Pe. Dehon cita umas palavras da santa às suas noviças:

- Para nós, a voz de Deus encontra-se nas nossas santas Regras. Alimentai bem com elas os vossos corações. Far-vos-ão entrar na vida interior, a vida escondida em Deus, onde a cruz é o alimento de perfeição. Percorrei, portanto, o vosso caminho, que é o da exata observância dos vossos deveres religiosos, se desejais que o Sagrado Coração de Jesus vos reconheça por suas filhas… Repito estas mesmas palavras aos meus filhos espirituais… (Cf. DSP 240)

 

C) O que digo eu

Jesus apareceu a Margarida Maria durante 17 anos, até ao dia da sua morte, quando a tomou pela mão para a levar consigo. Jesus, que lhe chamava "discípula predileta", comunicou-lhe os segredos do seu Coração e fê-la partilhar da ciência do amor. Não foi Margarida Maria a ir ter com Jesus, foi Jesus que foi ter com a santa.

É sempre assim. Nós procuramos o Senhor, mas é sempre ele quem vem ao nosso encontro.

O seu coração procura-nos, encontra-nos e repousa em nós.

 

Ver também:

Santa Margarida Maria

 

O que trouxeste da feira?


5ª feira – XXVIII semana comum

 


Por duas vezes Jesus diz no trecho do evangelho de hoje que um dia Deus pedirá contas a esta geração.

Também esta advertência é também para nós.

Deus vai pedir contas a cada um de nós.

Isto não é para nos intimidar ou amedrontar.

É apenas uma oportunidade para nós próprios tomarmos consciência do que levamos da vida e da vida que levamos.

Adaptemos a recomendação a uma linguagem mais incentivadora.

Quando volto de uma feira qualquer, os membros da minha comunidade perguntam-me:

- O que é que trouxeste?

De facto, quando se vem de alguma feira é suposto trazer alguma coisa e prestar contas.

Assim também quando abandonar a feira da vida ser-me-á perguntado:

- O que é que trouxeste?

E que poderei eu responder?

 

Ver também:

A quem prestar contas

Prestar contas

 

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

A santa que vivia para rezar


Memória de Santa Teresa de Jesus, 1515-1582

Virgem e Doutora da Igreja

Teresa de Ávila vivia para rezar

E rezava para viver.

Fez da sua vida uma oração

E fez da oração a sua vida.

 

De facto, a oração fez de Santa Teresa de Ávila uma mulher extraordinária, uma mulher de ação, ativa, criativa, inovadora porque contemplativa.

A partir da oração, descobriu o ideal de fraternidade que queria tornar realidade nos conventos por ela fundadas.

 

5 conselhos de Santa Teresa de Ávila para a vida de oração

1º - Oferece-te a Deus cinquenta vezes por dia, e que seja com grande fervor e desejo de Deus (assim Deus será a tua alegria e tu serás a alegria de Deus).

2º - Em tempos de tristeza e de inquietação não abandones nem as obras de oração, nem a penitência a que estás habituado. Antes, intensifica-as, e verás com que prontidão o Senhor te sustentará.

3º - Nunca fales mal de quem quer que seja, nem jamais escutes. A não ser que se trate de ti mesmo. E terás progredido muito no dia em que te alegrares por isso.

4º - Mostra a tua devoção interior só em caso de necessidade urgente. Lembra-te do que diziam São Francisco e São Bernardo: Secretum meum mihi (o meu segredo pertence-me).

5º - Que o teu desejo seja ver a Deus.

O teu temor, perdê-Lo.

A tua dor, não comprazer na Sua presença.

A tua satisfação, o que puder conduzir até Ele.

E viverás numa grande paz.

 

À margem:

Santa Teresa de Ávila chamava aos seus mosteiros PALOMARCICO pequeno pombal, ou pombalinho, pombalico.

Pombal porque as monjas carmelitas deviam ser verdadeiras pombas.

Em todo o caso, Santa Teresa era realista.

De algumas freiras, dizia:

- Puras como anjos, orgulhosas como demónios.

 

Ver também:

Sem oração não há salvação

Vagabunda e mística

As castanholas da santa

Por entre as panelas

A esmola da oração

Pedir para os outros

Grande Teresa

Almas para Jesus

Caçadora de Ávila

Teresa de Ávila

Os nomes de Deus

Pai Nosso Teresiano

Teresa de Ávila

 

domingo, 12 de outubro de 2025

Prémio Nobel da Gratidão


Ano C – XXVIII domingo comum

Em Madagáscar contaram-me que um dia todos os animais quiseram fazer uma competição para descobrir qual deles era a criatura que mais sabia agradecer. Receberia assim o Prémio Nobel da Gratidão.

Desfilaram todos os animais com os seus argumentos ou a demonstração da sua arte de agradecer.

Qual foi a figura escolhida?

Não foi o Louva a Deus, como supostamente o seu nome indiciava.

A escolhida é bastante humilde e conhecida de todos nós, em todas as latitudes.

Que ganhou o prémio da criatura mais agradecida foi a galinha.

Porquê?

Mesmo sem dizer nada, ela mostrou que levanta a cabeça para o céu para agradecer cada gota de água que bebe.

De facto, Jesus no Evangelho de hoje abençoou aquele que veio agradecer a sua cura e assegurou-lhe a recompensa ou o prémio da salvação.

À margem

A parábola do Bom Samaritano e o Episódio do Agradecimento do Samaritano curado mostram experiência complementares:

Numa o samaritano ajuda, noutra o samaritano é ajudado (curado).

Nesta o samaritano é agradecido, naquela o samaritano agradece.

No milagre da cura o samaritano vive a fé.

Na parábola o samaritano vive a caridade.

E a esperança? Vai ser vivenciada pela samaritana à beira do poço.

É preciso ajudar e ser ajudado.

É preciso agradecer e ser agradecido.

 

Ver também

A gratidão nos une a Deus

Como agradecer no Japão

O dever da gratidão

Agradecer é engrandecer

Meio milagre

Ingrato – Indigno

Agradecer

Gratidão

Gostar mais

Ser cambado

Agradecimento

 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Receber, encontrar, entrar


5ª feira – XXVII semana comum

O resultado das ações que Jesus nos manda fazer é receber, encontrar e entrar.

Receber – Quem não pede (quem não pede) não recebe os dons que Deus tem para nós, porque quem pede, recebe.

Encontrar – Quem não procura (quem não reza) não sente a alegria do encontro e da companhia de Deus, porque quem procura encontra.

Entrar – Quem não bate à porta (quem não reza) mantém-se isolado, sozinho e fora da comunidade e do aconchego de Deus, porque a quem bate à porta abrir-se-á.

 

À margem

Se eu não costumo rezar sou como aquele que está fechado em casa e não quer abrir a porta a Deus, seu amigo… Devo ser mais atento.

Se eu rezo sou como aquele que bate à porta de Deus, meu amigo e devo ir até ele com mais frequência. Devo ser mais persistente.

 

Ver também

Pedir o Espírito Santo

Quais são os 3 pães

Rezar é bater à porta

Três degraus da oração

Modelos de oração

Empresta-me 3 pães

Pedi

Fortaleza e fraqueza

Oportunidades

Pedra ou pão

Pedi e recebereis

 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Rosário - Oração e Pregação


Memória da Virgem Santa Maria do Rosário

O que deu ao Rosário a sua maior nitidez foi a sua estrutura, e não me refiro à repetição ou ao agrupamento das orações. Refiro-me à meditação orante sobre os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo. Ao contemplar esses mistérios, somos catequizados por eles. O Rosário não é meramente rezado — ele ensina. Ele forma a mente na verdade e o coração no amor.

E é precisamente por isso que, historicamente, foi eficaz contra os cátaros (os albigenses). Os seus ensinamentos não eram apenas moral ou filosoficamente incorretos — negavam a Encarnação, os sacramentos e a bondade da própria criação. Aniquilavam o casamento e a procriação, e se uma criança nascesse, não poderia ser batizada. O Rosário proposto por São Domingos de Gusmão, mistério por mistério, desmantela esses erros não apenas por meio de argumentos, mas conduzindo a alma à claridade luminosa da revelação divina.

 

Examinemos cada conjunto de mistérios e como eles se opõem diretamente aos ensinamentos dos cátaros.

Os Mistérios Gozosos: Afirmando a Bondade da Criação e da Encarnação

Os cátaros acreditavam que o mundo material era maligno — uma prisão criada por um deus inferior ou espírito maligno. Os corpos humanos deveriam ser objeto de fuga, não de santificação. O casamento, o parto e até mesmo os sacramentos eram vistos como parte dessa ordem física corrupta.

Mas os Mistérios Gozosos declaram algo radicalmente diferente:

A Anunciação – Deus se faz homem. Ele assume a carne. Longe de fugir da criação, Deus entra nela. O anúncio do anjo Gabriel a Maria refuta o próprio cerne da cosmologia cátara.

A Visitação – Maria, grávida do Filho de Deus, traz a nova Arca para Isabel. João salta no ventre materno — uma criança ainda não nascida reagindo à presença do Senhor Encarnado. A vida no ventre materno é sagrada, não uma armadilha.

A Natividade – O Verbo se faz carne e habita entre nós. Cristo não nasce em grandeza celestial, mas em uma família humana real, com sofrimento e alegria humanos reais.

A Apresentação – Jesus é oferecido no Templo segundo a Lei. Ele entra nos rituais e estruturas da Antiga Aliança, afirmando a continuidade entre carne e fé.

A perda e o encontro no Templo – O Verbo encarnado aprende, fala, escuta. Deus encarnado está entre os mestres. O aprendizado e a razão humana não são armadilhas, mas caminhos para a verdade.

Cada mistério afirma a dignidade da matéria, do corpo, das relações humanas, da aliança e da própria ideia de que Deus se torna visível. Estes mistérios atingem o cerne do desprezo cátaro pelo mundo material.

Os Mistérios Dolorosos: Abraçando o Corpo e a Cruz

Os cátaros rejeitavam a crucificação como algo ilusório (já que acreditavam que Cristo não tinha um corpo real) ou moralmente repugnante. O Jesus deles não sofreu, não morreu e certamente não ressuscitou corporalmente.

Mas os Mistérios Dolorosos mostram um Deus que ama até a morte:

A Agonia no Jardim – Cristo sente o peso do sofrimento. Ele transpira sangue. Isso não é ilusão. O Deus Encarnado experimenta pavor e tristeza como qualquer ser humano.

A Flagelação – O corpo não é mau, mas aqui ele é ferido, açoitado, dilacerado para a nossa cura. O sofrimento físico de Cristo redime o reino físico.

A Coroação de Espinhos – Mesmo na humilhação, a Realeza de Cristo brilha. Os cátaros viam o sofrimento mundano como algo sem sentido; mas para os cristãos, ele se torna redentor.

O Carregamento da Cruz – O caminho para o Calvário não é de fuga, mas de abraço. A cruz não é evitada, mas aceita, santificada pelo amor.

A Crucificação – Cristo morre uma morte real em um corpo real. Há sangue, sede, agonia — e, em meio a tudo isso, perdão e misericórdia. A cruz é o ápice da Encarnação, não um erro divino.

Esses mistérios confrontam corajosamente o dualismo dos cátaros. Jesus não apenas parecia humano — Ele era humano. E Seu sofrimento não foi um acidente — foi o meio pelo qual Ele salvou o mundo.

Os Mistérios Gloriosos: Derrotando a Morte e Restaurando a Criação

Se os cátaros desprezavam o material, desprezavam igualmente a ressurreição do corpo. Para eles, a salvação significava a fuga do corpo, não a sua glorificação.

Mas os Mistérios Gloriosos revelam a verdade:

A Ressurreição – Jesus ressuscita corporalmente. O túmulo está vazio. Ele come com Seus discípulos. A ressurreição não é uma metáfora espiritual, mas uma vindicação de toda a humanidade de Cristo.

A Ascensão – O corpo humano de Cristo é levado ao céu. A matéria não é deixada para trás — ela é ressuscitada.

A Descida do Espírito Santo – O Espírito desce sobre apóstolos de carne e osso, fortalecendo a Igreja. A era da Igreja começa com línguas, fogo e proclamação em praça pública.

A Assunção de Maria – O primeiro discípulo é levado ao céu, em corpo e alma. Uma mulher, uma mãe, uma criatura de carne, é glorificada.

A Coroação de Maria – Não como deusa ou abstração, mas como Rainha do Céu — coroada, exaltada e ainda humana.

Este conjunto de mistérios silencia o medo cátaro do corpo e do mundo. Mostra que a redenção não vem pela rejeição da criação, mas pela sua recriação a partir de dentro. O corpo não é uma gaiola, mas um templo destinado à glória.

 

Conclusão: Um Catecismo Vivo em Contas

O Rosário é mais do que uma oração, torna-se uma proclamação ou pregação. Cada Ave-Maria é uma batida de coração que ecoa as verdades do Credo. Cada dezena é uma lição de Encarnação, Redenção e Glória.

Não é de se admirar que São Domingos tenha recorrido ao Rosário para pregar a um povo cujas mentes haviam sido obscurecidas pelo erro espiritual. Onde longos tratados teológicos falharam em tocar os corações, o Rosário permitiu que pessoas comuns vissem Cristo com os olhos da fé.

Vale a pena notar que a estrutura do Rosário espelha a estrutura dos Evangelhos. Não são apenas os ensinamentos de Cristo que são destacados, mas a Sua vida. Os mistérios não são doutrinas abstratas, mas momentos – momentos revelados que confrontam a falsidade ao revelar a realidade.

 

Atualização

Hoje, há também heresias que circulam entre nós: negação da Encarnação, rejeição da dignidade humana, confusão sobre o sofrimento e desdém pelo corpo. E, no entanto, o Rosário ainda funciona – não como magia, mas como meditação, formação e comunhão. Num mundo seduzido por falsas luzes, o Rosário permanece uma tocha de fogo. São Domingos sabia disso. Ele nos deu não apenas palavras para dizer, mas mistérios para viver. (Adaptado de autor não identificado)

 

À margem 1

Quando Santo Afonso de Ligório já estava velho, doente e em uma cadeira de rodas, um irmão leigo costumava levá-lo em sua cadeira de rodas pelo claustro de seu mosteiro à noite para que ele pudesse tomar um pouco de ar fresco. Conversando com o irmão, Santo Afonso perguntou-lhe:

- Já rezaste o seu terço hoje?

- Não me lembro – respondeu o irmão.

- Então, vamos rezá-lo agora – disse o Santo.

- Mas vossa Reverência já está tão cansado. Que diferença faz se não rezarmos o terço por um dia? –  protestou o irmão.

Santo Afonso respondeu:

- Se eu não rezasse o meu terço por um dia sequer, temeria pela minha salvação eterna.

 

À margem 2

A festa de Nossa Senhora do Rosário foi instituída por São Pio V em comemoração à vitória na Batalha de Lepanto, em 7 de outubro de 1571, contra os turcos que ameaçavam a Europa.

Em 1716, a festa foi estendida a toda a Igreja em agradecimento pela derrota do Crescente Muçulmano na Hungria.

Antes do Vaticano II, os hábitos de muitas Ordens religiosas tinham rosários pendurados em seus cíngulos, e os bons católicos costumavam carregar o rosário consigo o dia todo. Era considerado não apenas um item para contar as Ave-Marias, mas um objeto abençoado, o selo de uma ligação especial da pessoa com Nossa Senhora. Muitas vezes, a mera presença física do rosário repelia o Diabo e atraía graças especiais. Tornou-se o objeto religioso clássico para lutar contra o Diabo.

O Rosário é assim uma corrente de oração e de união. Através do Rosário nós estamos presos a Maria e Maria mantém-se unida a nós.

 

Ver também:

O terço de Fernando Pessoa

Cinquenta moedas de ouro

A vitória do Rosário

As contas do mês

Terços do Rosário

A melhor maneira de rezar

O Rosário em Portugal

Escada para o céu

O Rosário do Pe. António Vieira

O Pe. Dehon e o Rosário