quinta-feira, 29 de junho de 2023

Juntos na mesma barca


Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

Reflexões soltas acerca de São Pedro

 

1. A data

A igreja propõe para o mesmo dia a solenidade dos dois apóstolos Pedro e Paulo. Eles foram martirizados em datas diferentes e em lugares diferentes. Então porquê os unimos no mesmo dia. Porque quem dá testemunho junta-se a todos os que como ele deram o mesmo testemunho. Somos uma família de apóstolos, de mártires, de testemunhas. Quando alguém testemunha a sua fé, une-se a Pedro, a Paulo e a todos os que ao longo dos séculos deram o mesmo testemunho. De facto, estamos todos na mesma barca.

 

2. A posição

Segundo a tradição Pedro foi martirizado pregado numa cruz invertida, isto é, com a cabeça para baixo. Também Paulo foi martirizado com a cabeça para baixo, ou seja, decapitado. A sua cabeça ficou no chão, saltando 3 vezes. De facto, o martírio é uma espécie de batismo em nome do Deus uno e trino – em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Em geral nós fazemos questão de viver com os pés bem assentes na terra. Estes dois Apóstolos morreram, não com os pés bem assentes no chão, mas sim com a sua cabeça firme no chão para que a sua alma estivesse bem lá no alto, junto de Deus.

 

3. O nome

Simão, filho de Jonas, mudou o nome para Pedro para que hoje Pedro mude o nome para Francisco, Bento, João Paulo, Paulo, João, Pio, Leão, Gregório, Clemente…

Segundo a Bíblia, sempre que alguém assume uma nova missão, uma condição nova ou uma nova tarefa ou missão muda de nome, precisamente para reforçar a mudança ou a nova condição. É como se nascesse de novo. Assim acontece com os consagrados ou religiosos (monges, frades) e assim acontece com os Papas. Assim Simão mudou de nome para Pedro para que através das gerações Pedro possa mudar de nome em cada geração.

 

4. O amor

É sobre o amor o diálogo que se segue entre Jesus e Pedro: «Pedro, amas-me (verbo agapáô) mais…?», pergunta Jesus por três vezes. E por três vezes Pedro responde que sim, que é seu amigo (verbo philéô) ouvindo de Jesus, também por três vezes a nova missão de «Pastor» que lhe é confiada: «Apascenta as minhas ovelhas» (João 21,15-17). O verbo com que Jesus interroga Pedro acerca do amor é, nas duas primeiras vezes, agapáô, amor puro e gratuito, sem fronteiras, que não cabe em nenhum grupo de amigos. Mas o verbo com que Pedro responde a Jesus é philéô, que qualifica a amizade que é apanágio de um grupo de amigos. Na sua admirável condescendência, quando pergunta pela terceira vez, Jesus desce ao nível de Pedro, usando o verbo philéô, para que Pedro acerte com a resposta. Sim, Jesus desce ao nível de Pedro, não para ficar aí, no patamar de Pedro, mas para elevar Pedro a um novo patamar de amor. Ainda hoje Cristo nos pergunta por três vezes (outra vez referência à santíssima Trindade do Batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo), Ele pergunta se o amamos e nós só conseguimos dizer que sim, que gostamos dele. Na língua portuguesa o verbo amar é plurifacetado, querendo significar amor puro ou sublime (Agape), amor carnal ou sexual (Eros), amor como amizade (Filia), amor como o de gostar de alguém ou de algo. Nós só conseguimos afirmar que gostamos de Cristo, quando ele espera que o amemos de verdade e de maneira sublime.

 

5. O início

Quando é que Pedro se tornou Papa? Só no dia de Pentecostes. Porquê? Porque, como todos sabemos, a Igreja “nasceu” no Pentecostes, no Cenáculo, dez dias depois da Ascensão. Já que a Igreja Militante não existia até o Pentecostes, não havia como Pedro ter sido sua cabeça visível antes de existir.

 

Ver também:

Tripé da igreja de Jesus


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