quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pai Nosso dos Judeus


O Pai Nosso de cada dia (69)


O Pai Nosso tem muitas coisas em comum com as orações judaicas: o desejo de santificação do nome, a vinda do reino e o cumprimento da vontade de Deus lembram o Qaddis. As duas metades da última petição recordam a oração da noite e da manhã dos Judeus. A invocação, as petições do pão e do perdão têm as suas analogias na ‘oração dos dezoito’, rezava diariamente três vezes. Apesar disto tudo, Jesus apresenta uma maneira própria e sintética no Pai Nosso. Quanto ao conteúdo e à forma, não deixa de ser uma poderosa obra de Jesus e leva em si claramente o selo do seu espírito.

Pai Nosso que estais nos Céus.
Também os Judeus chamavam a Deus seu pai, tanto no Antigo Testamento, como, mais frequentemente, no tempo de Jesus e depois dele. Cogitavam no facto de que Deus, pelas usas acções salvíficas em Israel (o filho) e nos seus membros (os filhos), havia mostrado uma e outra vez o seu senso paterno. Mas isto tudo não explica o modo da palavra de Jesus que só se explica por uma revelação e experiência de Deus totalmente novas. Nas orações judaicas, o título de pai é um entre tantas possibilidades de designar a Deus. Para Cristo, pai, não é um nome entre outros, mas designa a relação imediata; como, quando uma criança fala com o seu pai, não o chama pelo nome próprio, mas diz-lhe simplesmente pai!

Santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino.
Seja feita a vossa vontade
assim na terra como no céu.

Na antiga oração aramaica Qaddis, que terminava a reunião da sinagoga, rezava-se assim:
‘Seja glorificado o santificado o seu nome
No mundo que ele criou por sua vontade.
Que ele faça prevalecer o seu reino
Na vossa vida e nos vossos dias
E na vida de toda a casa de Israel,
Agora e no tempo próximo’.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido.
Os Israelitas oravam exclusivamente pelo povo eleito, A partir do ano setenta acrescentaram mesmo um pedido de maldição para os cristãos.

Não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.

Numa oração vespertina judaica rezava-se assim também:
‘Não me leves ao poder do pecado,
Nem ao poder da culpa,
Nem ao poder da tentação,
Nem ao poder do desprezo’.

A originalidade do Pai Nosso encontra-se no conjunto dessa oração, naquilo que Jesus diz, na escolha da matéria e na composição, sequência e concatenação.

(Cf. HEINH SCHURMAN, A oração do Senhor, Ed. Loyola S. Paulo, 1983, página 8).

Sem comentários: