sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pai Nosso Teresiano

Pai Nosso de cada dia (97)

Enquanto repetimos o Pai Nosso, Deus nos livre de não nos lembrarmos frequentemente do Mestre que nos ensinou esta oração com tanto amor e desejo de nos fazer bem. Reparai nas palavras que dizem aqueles lábios divinos, ensinando-nos o Pai Nosso e, logo à primeira, entendereis o amor que vos tem.

Pai Nosso que estais nos Céus.
Ó Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho
E ele como parece Filho de tal Pai!
Bendito sejais para sempre, eternamente!
Ó Filho de Deus e Senhor meu!
Quantos bens nos dais logo à primeira palavra.
Com tão grandes extremos vos humilhais,
A ponto de vos unirdes a nós para pedir connosco,
Fazendo-vos irmão das criaturas tão vis e miseráveis.
Querendo que vosso Pai nos tenha por filhos,
Em nome de vosso Pai dais tudo o que se pode dar.

Santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino.
Considerai que reino é esse que lhe pedimos. Devido ao nosso limitado alcance, a sua majestade viu que nunca chegaríamos a santificar, nem louvar, nem engrandecer, nem glorificar de modo conveniente o nome santo do seu eterno Pai. A fim de nos preparar, deu-nos o seu reino, aqui na terra.

Seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no céu.
Ó bom Jesus, como é deveras pouco
O que nos ofereceis em nosso nome,
Em comparação do muito que pedis para nós.
Pouco da nossa parte, uma insignificância,
Em confronto com o muito que devemos a tão grande soberano.
Entretanto é certo que nunca deixais de dar-nos alguma coisa.
Também vós vos damos tudo o que podemos dar,
Quando a nossa dádiva corresponde às nossas palavras:
Seja feita a vossa vontade.
Cumpra-se em mim, Senhor,
A vossa vontade de todos os modos e maneiras
Que vós, Senhor meu, quiserdes.
Se me quiserdes enviar sofrimentos,
Dá-me forças para suportá-los e venham!
Se perseguições e enfermidades,
Desonras e mínguas, aqui estou!
Não quero que haja falha da minha parte,
Depois que vosso filho em meu nome
Deu esta minha vontade,
Oferecendo a vontade de todos os homens.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Que pai haveria que tendo-nos dado o seu filho, e vendo o estado em que o pusemos, consentiria em deixá-lo entre nós a padecer, de novo, cada dia? Que grande amor o do filho e que grande amor o do pai! Nesta petição as palavras Cada Dia dão a entender uma dádiva que há-de durar para sempre. O Senhor tornou a repetir Nos Dai Hoje, pois o possuímos na terra e também o possuiremos no céu, se nos aproveitarmos da sua companhia nesta vida. Ele não permanece connosco senão com o fim de animar-nos, sustentar-nos e ajudar-nos a fazer a vontade de seu pai.

Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido.
Quem pede uma dádiva tão grande como o pão do céu, quem submeteu a sua vontade ao poder divino, já perdoou tudo. Quem sinceramente tiver dito Faça-se a Vossa Vontade, há-de ter perdoado e, ao menos, estar resolvido a fazê-lo.

Não nos deixeis cair em tentação.
Mediante estas duas coisas – Amor e Temor – podemos ir sossegados por este caminho. Jamais descuidados, porque o temor há-de de tomar a dianteira. Segurança total nunca teremos enquanto estivermos nesta vida. Seria grande perigo.

Mas livrai-nos do mal.
Ó Senhor e meu Deus,
Livrai-me sem demora de todo o mal
E dignai-vos levar-me à mansão de todos os bens.
Ámen.

(Baseado em Santa Teresa de Jesus, Caminho de Perfeição, Ed. Paulinas, Rio de Janeiro, 1979).

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