sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

A coroa do primeiro Mártir


Festa de anto Estêvão, primeiro mártir

O apedrejamento de Santo Estêvão, por Fra Angelico (1395-1455)


À primeira vista, a proximidade com o nascimento do Redentor pode surpreender-nos, pelo impressionante contraste entre a paz e a alegria de Belém e o drama e o martírio de Estêvão. A sua morte não incutia receio nem tristeza, mas entusiasmo espiritual, que suscitava sempre novos cristãos.

Estêvão morreu como Jesus, perdoando e rezando pelos seus algozes.

Cristo nasceu para nos ensinar a renascer e a morrer.

Se Jesus não tivesse nascido na Terra, os homens não teriam podido nascer no Céu. Precisamente porque Cristo nasceu, nós podemos «renascer»!

Estêvão, stephanos em grego, quer dizer coroa.

A dolorida fronte debruçava,

 

A Coroa da Mansidão

Já mal ferido, o mártir para a terra:

Portas ao céu os olhos seus tornava,

Pedindo a Deus, naquela horrível guerra,

Que aos seus perseguidores perdoasse:

Riso piedoso os olhos lhe descerra. (Purgatório, XV)

 

Na Divina Comédia, Dante narra ter assistido a uma cena impressionante: a lapidação de um jovem que, moribundo, invoca o perdão para seus perseguidores. O poeta florentino ficou comovido pela mansidão de Estêvão, que, de facto, emerge com toda a sua força na narração dos Atos dos Apóstolos, onde encontramos este acontecimento. “Senhor, não lhes imputes este pecado”, grita Estêvão, ajoelhando-se um pouco antes de expirar.

O jovem Estêvão, cheio de Espírito Santo, foi um dos primeiros a seguir os Apóstolos. Supõe-se que ele era grego ou judeu, educado na cultura helênica. Mas, com certeza, era muito estimado na Comunidade de Jerusalém, tanto que seu nome aparece nos Atos como o primeiro, entre os sete, que foram eleitos para ajudar na missão dos Apóstolos. “Homem cheio de fé e de Espírito Santo”, fazia prodígios e milagres. Porém, alguns da Sinagoga incitaram o povo, os anciãos e os escribas, dizendo tê-lo ouvido pronunciar expressões blasfemas contra Moisés e contra Deus. Era o período do pós-Pentecostes.

Estêvão foi arrastado para diante do Sinédrio, onde falsas testemunhas o acusaram terem ouvido suas afirmações de que Jesus Nazareno teria destruído aquele lugar e alterado os costumes transmitidos por Moisés.

Estêvão pronunciou o discurso mais longo dos Atos dos Apóstolos, um discurso forte no qual repercorreu a história da salvação. Deus havia preparado a vinda do Justo, mas eles se opuseram ao Espírito Santo, da mesma forma como seus pais perseguiram os profetas. E Estêvão concluiu: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus”. Tais palavras lhe custaram caro. Mas eles gritaram em alta voz e, arremetendo-se contra ele, se puseram a apedrejá-lo. Entre os que aprovaram a sua morte estava Saulo, que, depois se tornou São Paulo, passando de feroz perseguidor dos cristãos a Apóstolo dos gentios. Aos seus pés, depositaram o manto de Estêvão. Enquanto era apedrejado, o jovem pedia a Jesus para acolher o seu espírito e perdoar seus assassinos.

 

Ver também:

Do Natal à cruz

Protomártir Santo Estêvão

Identificações

Ele veio para servir

Derrubar os outros

Mártir = Testemunha

Mártir do dia

Santo Estêvão

Mártir Estêvão

Apedrejar

 

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