Festa de anto Estêvão, primeiro mártir
O apedrejamento de Santo Estêvão, por Fra Angelico (1395-1455)
À primeira vista, a proximidade com o nascimento do Redentor pode
surpreender-nos, pelo impressionante contraste entre a paz e a alegria de Belém
e o drama e o martírio de Estêvão. A sua morte não incutia receio nem tristeza,
mas entusiasmo espiritual, que suscitava sempre novos cristãos.
Estêvão morreu como Jesus, perdoando e rezando pelos seus algozes.
Cristo nasceu para nos ensinar a renascer e a morrer.
Se Jesus não tivesse nascido na Terra, os homens não teriam podido nascer
no Céu. Precisamente porque Cristo nasceu, nós podemos «renascer»!
Estêvão, stephanos em grego, quer dizer coroa.
A dolorida fronte debruçava,
A Coroa da Mansidão
Já mal ferido, o mártir para a terra:
Portas ao céu os olhos seus tornava,
Pedindo a Deus, naquela horrível guerra,
Que aos seus perseguidores perdoasse:
Riso piedoso os olhos lhe descerra. (Purgatório, XV)
Na Divina Comédia, Dante narra ter assistido a uma cena impressionante: a
lapidação de um jovem que, moribundo, invoca o perdão para seus perseguidores.
O poeta florentino ficou comovido pela mansidão de Estêvão, que, de facto,
emerge com toda a sua força na narração dos Atos dos Apóstolos, onde
encontramos este acontecimento. “Senhor, não lhes imputes este pecado”, grita
Estêvão, ajoelhando-se um pouco antes de expirar.
O jovem Estêvão, cheio de Espírito Santo, foi um dos primeiros a seguir os
Apóstolos. Supõe-se que ele era grego ou judeu, educado na cultura helênica.
Mas, com certeza, era muito estimado na Comunidade de Jerusalém, tanto que seu
nome aparece nos Atos como o primeiro, entre os sete, que foram eleitos para
ajudar na missão dos Apóstolos. “Homem cheio de fé e de Espírito Santo”, fazia
prodígios e milagres. Porém, alguns da Sinagoga incitaram o povo, os anciãos e
os escribas, dizendo tê-lo ouvido pronunciar expressões blasfemas contra Moisés
e contra Deus. Era o período do pós-Pentecostes.
Estêvão foi arrastado para diante do Sinédrio, onde falsas testemunhas o
acusaram terem ouvido suas afirmações de que Jesus Nazareno teria destruído
aquele lugar e alterado os costumes transmitidos por Moisés.
Estêvão pronunciou o discurso mais longo dos Atos dos Apóstolos, um
discurso forte no qual repercorreu a história da salvação. Deus havia preparado
a vinda do Justo, mas eles se opuseram ao Espírito Santo, da mesma forma como
seus pais perseguiram os profetas. E Estêvão concluiu: “Eis que vejo os céus
abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus”. Tais
palavras lhe custaram caro. Mas eles gritaram em alta voz e, arremetendo-se
contra ele, se puseram a apedrejá-lo. Entre os que aprovaram a sua morte estava
Saulo, que, depois se tornou São Paulo, passando de feroz perseguidor dos
cristãos a Apóstolo dos gentios. Aos seus pés, depositaram o manto de Estêvão.
Enquanto era apedrejado, o jovem pedia a Jesus para acolher o seu espírito e
perdoar seus assassinos.
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