segunda-feira, 18 de março de 2024

Pe. Dehon em português (3)


Terceiro Capítulo da Primeira Biografia do Pe. Dehon em Português

Os melhores dias


19 de dezembro de 1868. Em S. João de Latrão, 200 levitas de todas as nações do mundo esperavam com a alma em alvoroço, as grandes palavras “como o pai me mandou a mim, assim eu vos mando a vós… Chamo-vos amigos!,,, Sois Sacerdotes por toa da eternidade!”

Entre estes afortunados estava também o nosso querido Padre. E não se achava só. Acompanhavam-no o pai e a mãe; e as lágrimas selavam aquele último dom concedido, o definitivo em que não se onde andar para trás.

Estava também o pai, sim. Não o gentil-homem estranho a todas as formas da vida Cristã; mas vencido, e transformado. “Naquele dia, diz o Pe. Dehon, a emoção foi grande que não pude tomar alimento nenhum” (Diário). Depois de tantas orações, depois de tantas exortações do filho, depois das belas impressões da Roma Cristã e da bênção de Pio IC, a cerimónia augusta desta oração sacerdotal acabava por fazer nova lu

“Levantei-me, já Sacerdote, escreve o Pe. Dehon, “possuído por Jesus, todo cheio d’Ele, do seu amor pelas almas, do seu espírito de oração e de sacrifício. Eu era um louco de amor por Nosso Senhor e sentia-me cheio de desprezo pela minha pobre pessoa” (Diário). São os melhores dias da sua vida. Durante um ano inteiro, no Sacrifício de cada dia, ele não poderá reviver aquelas horas, benditas, sem chorar. Nem quer ouvir falar em remuneração das sua Missas. Desgostava-o imenso associar uma ação tão santa a preocupações materiais. “Era Nosso Senhor que me pedia aquelas Missas, rezando só para Ele, em espírito de Amor e de Reparação” (Diário).

***

Novos horizontes se abrem ao novo Sacerdote. Em Roma, passou “anos inolvidáveis, bem empregados, cujo valor só no Céu poderei compreender” (Diário).

Ganhava ricos tesouros: o Sacerdócio, a ciência eclesiástica (doutor em Filosofia, em Teologia, em Direito Canónico), bons costumes, saudosas recordações, o sentimento católico profundamente enraizado em todo o seu ser, uma inabalável dedicação ao S. Padre, uma admiração cheia de entusiasmo pela Igreja: “Ó Igreja Católica, quanto és admirável! Tu nasceste do Coração de Jesus, meu Salvador. Tu tens a doçura de Cristo que é a tua cabeça, e de todos os santos que são os teus membros” (Diário).

O Pe. Dehon protesta que sempre tivera dois grandes ideais: a verdade e a caridade. A verdade que o iluminara na sua longa preparação, a caridade com que se fortalecera no S. Coração de Jesus: “podemos passar por uma fornalha de amor sem sermos abrasados de amor?” (Diário).

E agora verdade e caridade estavam diante dele como dois caminhos a seguir e duas riquezas para distribuir.

Os anos de 1870-1871 eram anos de guerra, de inquietação, descontentamento. Andavam agitadas as multidões, exacerbado o sentimento nacionalista. Havia necessidade de ordem, era preciso melhorar aquela situação.

O liberalismo económico e político tornava bem difícil o caminho da Igreja. Era preciso esclarecer as ideias com a verdade, pacificar os corações com a caridade. Um campo magnífico de ação!

“Meu Deus! – suplicava então o Pe. Dehon. Meu Deus! Vós que transformastes as paixões de Paulo, de Agostinho e de Girólamo em santos, ardentes afetos, purificai os ardores do meu coração e transformai-os em ardente amor para convosco.

Aqui me tendes, mais uma vez, Senhor! Estou pronto.

Deixai-nos lutar! Queremos salvar a sociedade para reconduzi-la a Cristo, seu Rei, hoje dolorosamente destronado” (Diário).

(Continua)


Ver também:

Pe. Dehon em Português (2)

 

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