segunda-feira, 20 de junho de 2016

Trave e argueiro


2ª feira - XII semana comum

Olhos de lince e de toupeira
Tal quimera ninguém a inventou jamais, com olhos juntamente de lince e de toupeira:
de toupeira para não veres em ti os vícios grandes e enormes;
de lince para notares e descobrires nos outros os átomos e argueiros que não merecem nome de vício;
de um argueiro que não pesa a quarta parte de uma onça, tantos escrúpulos;
de uma trave quadrada de cem pés, que pode ser quilha a uma nau da Índia, nenhum escrúpulo.
Procura ver primeiro o que está dentro de ti e já não terás oportunidade de ver mais além, porque os outros irão copiar o teu exemplo e corrigir-se da mesma maneira...
(Cf. Pe. António Vieira, Lisboa 1649)


Não julgueis e não sereis julgados
Ouvi alguém falar mal do seu próximo e repreendi-o.
Para se defender, esse operário do mal replicou:
- É por caridade e por solicitude que falo assim!
Mas eu respondi-lhe:
- Se amas essa pessoa como afirmas, reza em segredo por ela e não publiques o que ela faz. É essa a maneira de amar que agrada ao Senhor. Obterás assim um duplo proveito: curar-te-ás a ti mesmo e salvarás o teu próximo.
Não julgar é, pois, um atalho que conduz ao perdão dos pecados. Tal como um vindimador colhe as uvas maduras e esquece as verdes, assim também um espírito benevolente valoriza todas as virtudes que vê nos outros, enquanto um insensato perscruta as faltas e deficiências…
(Cf. São João Clímaco, Monte Sinai, +650)

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