sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Santos Inocentes


Instituída pelo Papa São Pio V, a festa dos Santos Inocentes ajuda-nos a viver com profundidade esta quadra de Natal. Tem o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos se retiraram, a Sagrada Família partiu para o Egipto… Então Herodes mandou eliminar todas crianças de Belém numa tentativa de acabar com o Menino Jesus. Quanto ao número das vítimas os Gregos diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo, mas nem que tivesse sido uma só, teríamos motivo para reparar a dor.

É aqui que começa o mistério da paixão… começa e não há maneira de acabar…

Sempre que uma criança é maltratada ou eliminada, a paixão de Cristo continua.

É por isso que podemos ouvir hoje o lamento de Herodes:

- Antes de me acusarem pela matança dos inocentes, lembrem-se do que estão a fazer com os que estão para nascer… abortos, fome, violência, abusos, negligências!

É por isso que esta festa passou a ser o dia da bênção das crianças para reparar o mal que lhes fazem.

Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes passou a ser a festa destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um "bispo", estes pequenos cantores apoderavam-se das estolas dos cónegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Invitatório e o Te Deum que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos.

Esta extravagante cerimónia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.

É que nem sempre os santos são inocentes e nem sempre os inocentes são santos.

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