sábado, 13 de agosto de 2016

Últimos dias do Pe. Dehon (VII)


As honras fúnebres.
Preparativos para o funeral
A notícia do falecimento do Fundador difundiu-se por toda a parte. Ele mesmo, quando ainda estava vivo, falando no recreio, quando se fazia referência à morte, à pergunta “onde queria ser sepultado?” tinha respondido: “Oh, em São Quintino, junto dos nossos Padres!”
Por isso nesse ponto estávamos todos de acordo. Sendo a Assunção de Maria e o Domingo transferido, a Missa solene de defuntos não podia ser celebrada em Bruxelas antes de Terça-feira, dia 17 de Agosto.
Os seus familiares estavam presentes: a sobrinha com o marido e os três filhos, Henrique, João (que era o benjamim do Fundador) e Roberto. Na outra parte da capela ajoelharam-se os membros do conselho geral. No coro estava Sua Excelência D. Clemente Micara, núncio apostólico, o bispo Grison que tinha chegado à pressa e D. Demont, prefeito apostólico de Gariep (África do Sul).













D. Grison, de barbas, nas exéquias do Pe. Dehon

D. Grison junto do féretro
Quando D. Grison regressou de férias, eu tive oportunidade de assistir a uma cena inesquecível.
Antes de se ir embora teve uma última discussão com o Fundador sobre a questão sempre escabrosa do dinheiro para as missões. Depois o Bispo partiu. Todos os dias era informado, como se disse atrás, sobre o estado da doença do Pe. Dehon. Ao chegar, entrando comigo na câmara ardente, e vendo-o no ataúde, caiu de joelhos chorando como uma criança e eu disse-lhe: “Olhe, isto é para si a recordação do Fundador”. Sobre o crucifixo estava gravado: “Fortis ut mors est dilectio” que quer dizer: “O amor é forte como a morte”. Mais tarde o bispo escreveu-me do Congo: “Você sabia muito bem do que eu tinha necessidade quando me deu o crucifixo.”
A Superiora Geral das Servas do Coração de Jesus tinha oferecido a cada Padre um crucifixo igual na primeira profissão perpétua…






















Crucifixo da profissão religiosa de D. Grison

Piedade filial
Posso ainda acrescentar: o Pe. Morel, filho fiel da Congregação e eu tínhamos prestado as últimas honras ao Fundador. Ficámos assombrados: Das suas coxas não restavam mais que pele e osso, nada de musculatura. E assim, naquele homem que, dia a dia, ia e vinha, subia e descia as escadas, se arrastava passeando…, compreendemos o martírio de uma vítima do Sagrado Coração.

A Missa do funeral
A capela encheu-se para os funerais solenes. De todas as partes tinham acudido apressadamente os filhos espirituais do Fundador. O mais ancião e primeiro noviço, Pe. Eugénio Paris presidiu à Missa de Requiem. As orações litúrgicas foram cantadas na perfeição pelos estudantes do Escolasticado. Os noviços de Brugelette estavam todos presentes. Durante a Missa não houve pregação; depois o Assistente reuniu todos os presentes no pátio interno da casa e teve lugar ao ar livre um largo discurso para todos aqueles que estavam de luto pondo em relevo os méritos do Fundador.

(Das Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)



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